08 março 2004

Dia das Mulheres mas muita coisa na mesma...

Comprei um livro de 1916: "O Livro das Cortesãs - Antologia de poetas portugueses e brasileiros", de Albino Forjaz de Sampaio e Bento Mantua.
Constata-se que continua muita coisa na mesma. Veja-se como este senhor personificava - em 1882 - as prostitutas:

Falla das Prostitutas - Alfredo Pimenta (1882)

«Negotiating» - clique na imagem para ver a versão mais completaNós somos as mulheres da vid'airada,
As pallidas famintas,
Que, quando o nosso corpo não dá nada,
Recorremos ao lapis e á pomada,
Aos pós d'arroz e às tintas!

Somos os lyrios da miseria escura,
Os lyrios do can-can...
Nosso corpo é a negra sepultura
Onde mataram nossa Alma pura,
Os risos de Satan!

Somos aquellas cujo amor sagrado
Alguém estrangulou!
Sentimos nosso peito apunhalado...
É p'ra nós um mysterio desgraçado
Quem foi que nos gerou!

Á luz crua do sol, a populaça
Insulta-nos com vaias...
Mas quando é noite, misera e devassa,
Vem comprar-nos o corpo e a desgraça,
Vem beijar-nos as saias!

Filhos-familias, quando acompanhados,
Não nos conhecem, não!
E á hora dos phantasmas evocado,
Vem pedir-nos o leite embriagados,
E pedem-nos perdão!

Jorge Costa, comenta, por "phavor". E claro que o restante pessoal também "phode"... digo, pode.

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