23 março 2004

Gostosamente tenso e grosso

Gostosamente tenso e grosso
é o cilindro cálido e fremente
que ela acaricia e aperta nas finas mãos voluptuosas
como chamas de seda ágeis e vibrantes.
O que era o sonho do seu corpo, o seu ébrio desejo
que em violentas crispações a devastava
ou em lânguidas imagens fulgurantes
os seus olhos febris alucinava,
estava ali verticalmente vivo
na espessura de caule incandescente
e numa vibração de chama sólida.
Não resistiu a beijar suavemente
em sucessivos beijos titilantes
a sua redonda corola com uma fenda
de minúscula nascente.
Como desejaria lambê-lo, sugá-lo, sorver-lhe avidamente
a cálida seiva transbordante!
Mas não, agora não, seria para depois
de se entregar, de pertencer inteira
àquele que lhe pertencia inteiramente.
Mas antes de unir o corpo dela ao seu
sopesou-lhe nas palmas as engelhadas bolsas
que, pendentes e longas,
continham os grandes óvulos melindrosos.
Depois pousou a cabeça no ventre do amante
num abandono de orgulho glorioso.
E por fim, na incandescente urgência do desejo,
enlaçou voluptuosamente o homem que a esperava
e as fontes da energia brotaram turbulentas
em avassaladoras ondas convulsivas
que derrubavam todas as portas interiores.
Na sua pequena gruta ávida e fremente
o que ela desejara em sonhos e acordada
penetrava-a teso e rubro e o mundo flutuava
sob uma abóbada vermelha de veludo.
O insustentável gozo cedia a outro gozo
e o júbilo e a voluptuosa agonia de onda em onda
inundavam as sombras subterrâneas.

(António Ramos Rosa - "Os Volúveis Diademas")
Fotos de Laurence Demaison recolhidas por Xupacabras

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia