22 junho 2005

As férias da família - por Charlie

Todos saíram de casa ficando ela mais uma vez sozinha.
Olhou para todos os lados certificando-se que realmente a casa estava deserta. Espreitou pela janela e reparou como todos se tinham instalado no carro que agora ia já na esquina da rua. Fugiu para o telefone:
- Podes vir já - disse. E pousou o telefone, não sem antes ter enviado um beijo. Há anos que mantinha uma relação secreta com ela. Os receios de que a família soubesse mortificavam-na. Esperou ansiosamente vendo os minutos intermináveis parados no relógio. Nisto sentiu bater à porta.
Correu ansiosa.
Como o tempo custa a passar quando se espera que um desejo se concretize.
Abriu a porta e olhou incrédula.
Sentiu de repente uma enorme vontade de morrer.
Eram eles que tinham voltado. E logo agora que a sua namorada deveria estar a chegar de mala aviada para passarem as duas semanas juntas. Sentia-se a pessoa mais desgraçada do mundo e umas lágrimas espreitaram-lhe os olhos.
Mas eles pareciam divertidos.
Olharam para ela e disseram com um sorriso:
- Olha quem vem connosco - e afastaram-se, mostrando a amiga e amante que ela esperava.
Ainda mais incrédula espreitou as faces.
Uma mão pousou sobre a sua cabeça. Era o pai:
- Sabemos de tudo, filha. Há muito tempo!
Beijou-a na face, o que a mãe e o irmão repetiram:
- Só queremos que sejas feliz.
E, dizendo isto, voltaram para o carro, deixando as duas à soleira da porta:
- Que sejas feliz - repetiu.
E o carro abalou finalmente para a viagem de férias...

Charlie

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