15 setembro 2005

Filosofia barata?

Quando ela me pediu – foi um pedido não chegou a ser uma ordem –, eu tentei ignorar, confesso, estava a gostar e o pedido foi tão educado, que não responder nem parecia mal, mas quando ela se repetiu com um ponto de exclamação, "Pára!", eu senti um frio na barriga, as palmas da mãos ganharam uma pequena camada de suor e perguntei, deve ter parecido mais que implorava, mas era uma pergunta, "Paro?", ela acenou que sim, estávamos frente a frente.
– Mas deixa-te estar – disse ela, esboçando um ligeiro sorriso para me confortar.
– Mas porquê? – Queria eu saber.
– Não digas nada, – ela abriu os olhos no – por favor – e fechou-os em seguida. – Descontrai-te.
Eu olhei para ela, estava especialmente bonita, apetecível, as faces estavam um pouco rosadas, a pele brilhava ligeiramente e todo o rosto transparecia uma calma explosiva (ainda que eu não saiba o que isso possa ser).
– Rebola – ordenou ela, descaindo para a direita. – Devagarinho para não saíres.
Eu decidi manter-me calado e seguir as ordens tácteis que ela me dava. Quando as minhas costas assentaram completamente no chão, ela dobrou as pernas, pôs os pés no chão e ficou de cócoras. As minhas mãos procuraram as nádegas para sentir a pele quente e lisa e a carne firme, mas ela manteve o controlo do ritmo. Lento, muito lento, até que parou. Em baixo, mas sem fazer peso.
– Abre os braços – e eu abri. – Não faças nada – e eu não fiz.
Ela apertou-me, primeiro devagar num aperto ligeiro, depois mais depressa e mais forte e mudava o ritmo e a pressão e subia e descia e apertava mais acima e mais abaixo e apertava e apertava... mais forte, mais fraco e mexia-se e mexia-me e quando eu, entusiasmado, excitado, perdido, me queria mexer, dar ritmo, ela apertava e eu, a custo, mas a gosto, aguentava e ela desapertava e tornava a apertar e a subir e a descer, lentamente, suavemente, sentindo-nos...
E fê-lo enquanto quis e eu, de olhos fechados, não sabia de mim, mas, por outro lado, nunca tive tanta consciência de mim, dela, de nós ou do mundo.

Garfanho, de Garfiar, só me apetece

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