18 abril 2006

Para sempre!

Ele abraçou-a suavemente, afastou a cara para a olhar nos olhos, olhou-a, sorriu embevecido e sussurrou apaixonado:
– Amo-te muito – e tornou a abraçá-la, enleando-a carinhosamente. – És um anjo – murmurou-lhe ao ouvido e beijou-lhe o pescoço amorosamente. – És o meu anjo.
Ela fez um esgar de tédio e, sem levantar os braços que mantinha estendidos junto ao corpo, perguntou:
– É por isso que não me fodes?
Ele fez que não ouviu.
Ela soltou-se do abraço e deu-lhe um murro na boca do estômago, fazendo-o curvar-se à sua frente.
– É por isso que não me fodes?! – Agarrou-lhe nos cabelos, obrigando-o a endireitar-se e a olhá-la nos olhos. – Não ouviste, caralho?!
– Ouvi – disse ele, ainda agarrado à barriga, – mas sabes que não gosto que fales assim.
Ela soltou-lhe o cabelo e, acto contínuo, deu-lhe uma forte estalada com as costas da mão direita na bochecha direita.
– É por isso que não me fodes?!
– Nós fazemos amor... – justificou ele, sem convicção.
– Amor?! – Desdenhou ela, transformando o esgar de tédio em pura náusea. – Mas quem é que se interessa por amor, caralho!? Eu quero é sexo. SEXO! Quero que tu me fodas, não quero fazer amor.
– Mas, quando fazemos amor...
– Lá 'tás tu, foda-se! – Ela rilhava os dentes, cerrava os punhos e abanava a cabeça, contendo-se, com dificuldade. Suspirou e disse – Fazemos amor?! Fazemos amor?! Tu fazes amor e eu vejo-te, em cima de mim, com cara de parvo, ofegando como um galgo em fim de corrida, a revirares esses olhos remelgosos e a repetires, a repetires ad nauseam, amo-te muito, amo-te muito... Vai-te foder, mais o teu amor!
– Mas...
– Nem mas, nem meio mas – ela interrompeu-o, gritando – ou me fodes agora ou está tudo acabado!
– Agora?
Ela abriu o cinto das calças, o botão, os botões da braguilha, descalçou os sapatos, e baixou as calças. Não tinha cuecas.
– Agora!
Ele começou a despir-se lentamente, desapertando os botões da camisa. Ela olhou-o furiosa.
– 'Tás a gozar?!
Ele parou, baixou os braços e disse:
– Acho que não quero fazer amor contigo – respirou fundo, bateu com a mão esquerda na anca e apertou um botão. – Acho que nunca mais quero fazer amor contigo.
– O quê?! – Ela deu uma gargalhada [se não fosse tão vulgar, diria que ela deu uma gargalhada demente] e aproximou-se dele. Ficaram com os narizes quase encostados. Ela fechou a gargalhada, a expressão mais do que séria era dura, sem compaixão, sem nada. – Não me vais foder?
Ele abanou a cabeça e uniu os lábios. "Não"
Ela agarrou-lhe o sexo com força, obrigando-o a contorcer-se.
– Nunca mais?
– Nunca mais!
– Tens a certeza?
Ela apertou-o com mais força. Ele tentou agarrar-lhe a mão. Tentou soltar-se e, por fim, abafando a dor que se acumulava na garganta, dobrou-se, tentando afastá-la com o corpo, ela rodou e ficou ao seu lado, apertando-o cada vez mais. Ele manteve-se em silêncio.
– Tens a certeza?
– Tenho – murmurou ele. – Nunca mais... – Esforçou-se por elevar a voz e concluiu: – E agora, se me puderes largar, gostava de me ir embora.
Ela largou-o.
– Definitivamente?
– Para sempre!

de Garfiar, só me apetece
(sim, sim, o início soa familiar)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia