28 julho 2006

Qrónica do Nelo

Aiiiiii....que coizas fofos
Melhéres cá dias cuma melhér nam çaguenta.
Comessou logo de manhã com a minha Efigénia e dizer:

- Oh meu esposo, Gonçalo Manuel. Preparai-vos desde já para o sarau, de música de câmara e poesia que vai ter lugar no salão dos nossos aposentos, logo à noite. Irá estar presente o mais fino extracto da nossa sociedade, além daqueles que fazem parte desde há muito do nosso círculo íntimo de amizade e cultura. Não fica bem à anfitriã e senhora de sociedade, receber e estar presente sem consorte.

- Ai conçorte... - fiquei eu pinçando... Melherés, que asar digo eu, que vai çer uma çeca de todó tamanho.
Ai com a muzica de çerrote, e as puezias. Ts ts...
Nam bashta o çobrinho da dona Xexé com ash peuzias dele, deve vir tamém um pentiadinho, que mapalpa çempre o pacoti, mazaquém eu nam ligo pévia, melhéres, e que gostá açim munto de ler osh verços shatos deçe Fernandu Peçoa. E asdepois, deve vir um gordo que paça o tempo a rir a cumer, e que teim um melhér que parece que é lésmica. E um cazal que trabalha no Bancu, eli éi girente, e paça o tempo todo a falari com a Efigénia. Vem tamém um canda na politica e que trash çempre com eli duash ó tresh caras novash çempre que veim aus saraous e hás veses à uns que olhom munto pra mim e açim... Ai questes saraous cão uma çeca tam grande. Inté paresse que já tô a veri, éu a deichar-me durmir, e a Efigínia a dar-mi cutuveladas e açim, a dezer baichinho quei uma vergonha, o antifrião a reçonari no meiu da reprezentassão. Maz entam. Melhéres. Nam intendu nada daquilu. Falom de coizas squezitas. A muzica éi com quatre homes, inda per cima feius, a serrar umas cordas e nunca maiz acabom. Ai melhéres u queu batu de palmash quande acabom... ai finalmenti... nam hera çem tempu... clap clap clap... bravo clap clap... hihihi... ( Inda beim que já acabô, que nam à cu caguente)
Beim mazum dia que comessa mal, nunca acaba beim. Tava eu no cafei da Belinha a falari do mé asar com o saraou logo há note, quande intrô o Lalito que mal me vio saiu logu. Mazeu fui atrash, salvo seija, ter com eli.
- Scuti lá sinhori Luish Lazaru... ôça cá. Intam açim é que o sinhori me trôsse os papeis?
- Papéis, Nelo?! Quais papéis?
- Cais papeis, cais papeis...! Us papeis cu sinhori fico de trazeri pró home dash finansas fazoje uma çemana melhér... Fiqui sperandu-ti uma manhãzita toda e parti da tarde melhér, e tu nada...
- Ah. Esses estão entregues. Fui lá mesmo à repartição entregar, e está tudo em ordem e conforme.
- Ai stá tudo com fome Lalito, e eim orde? Intam splica-me lá perqueim éi que a Efigénia arressebeu uma carta dash finansas pra pagari umas multas lá daquilu du clubi?
Olhem melhéres... foi o boi e o benzido! Diçe-me tudo. Que da parti deli stava tudo beim e que natralmente ash multas heram de otrosh papeis e de coizas que çó éu podria resolveri e que deichei pra trás. Queu era uma parva e malagardessida, quele tinha metidu dinhero dele desentereçadamente pra majudari, e cagora, estava descunfiando deli:
– Isso é muito feio, Nelo - Disse – E já que és assim, passa para cá os 158 €uros que eu gastei na repartição das Finanças. Não quero ser mais o teu sócio.
Mazeu, que çô bisha mas nam çô parva, çó lhi dei 130 €rus. Çim perque disconti as bijekas e o camarãu quele diçe que pagava. Ai mas melheres, vô confeçar uma coiza... Inté me cinto mal... Meti na conta umas bijekas que bubi ha mais inquanto sperava pur eli... hihii... Ai que çô terrível melhéres... hihii Uma vilhaca éi o que çô. Mas inté stranhi o Lalito nam ter feitu estrilhu per caza da despeza nu cafei. Mal lhe di u dinhero saiu porta fora e prontes...
Beim deicha me iri pruparari pró saraou.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia