27 setembro 2006

Ritual de passagem


Quando estou nos dias sim até tenho paciência para uma cambada de coisas a que noutra altura qualquer daria um piparote certeiro. Já uma vez me havia calhado um assim e eu nem queria acreditar que a história se estava a repetir. Devia ter desconfiado quando pela abertura da sua camisa vi pendente aquele Cristo na selva. Mas estava tão distraída que nem a unha do dedo mindinho conferi.

Aparentemente, ele era igual a outro gajo qualquer de calças de ganga e camisa de riscas, leitor de jornais desportivos e comentador das promoções das gasolineiras. Tentou a aproximação clássica de convite para cafezinhos e após tantas expectativas frustradas no futebol nacional, pareceu-me que seria a oportunidade para a minha boa acção diária e para sacudir os ossos.

Contudo, quando a conversa deixou os tralálás e objectivamente nos confrontou com o na tua casa ou na minha, aquela almita quis conhecer a data do meu próximo período menstrual. Talvez vivesse no pavor dos efeitos secundários da tensão pré-menstrual e julgasse que por obra das hormonas me iria agitar a soltar gritinhos estridentes e barbaramente assegurei que diariamente ingeria protecções redondas e revestidas por serem uns quantos por cento mais eficazes que enfiar garruços. E ele, desprezando tais medidas enalteceu o seu gosto por sangue, em nome da simulação do ritual macho de conquistar virgens.

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Uma por dia tira a azia