27 dezembro 2006

Facadinhas


Naquelas pausas aconchegantes junto à máquina do café e dos bolinhos, sandes e quejandos, todos os dias desaguam as últimas do jornal da tribo com as parangonas colocadas na infidelidade.

O carinho com que se narram esses pular da cerca bucólicos em que a relva fresca é um irresístivel apelo aos instintos naturais. A ternura posta na descrição da travessura de mijar fora do penico que é complicado para os meninos tanto treino de dedos para abrir fechos, segurar pilinha, puxar pele e apontar. A meiguice caseira com que se fala da facadinha no matrimónio tão doméstica e habitual como trinchar o perú natalício e o supremo mimo de pôr os palitos como se faz aos croquetes para não sujar as mãos.

Afinal, qualquer um de nós, mais coisa menos coisa, tem família nas berças e se recorda, pelo menos de ouvido, de andarem faunos pelos bosques nas jigajogas que aquela malta fazia à semana pelo arvoredo e palheiros para conseguir alguns momentos de lazer e de medrar da auto-estima no prazer da troca de parceiros, para no domingueiro adro da igreja manter o relacionamento de bons vizinhos.

Tem dias que quase começo a acreditar que se a infidelidade se exportasse, a economia deste rectângulo à babuge de Espanha cresceria desalmadamente.

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Uma por dia tira a azia