09 setembro 2007

Remédio santo


Como os relógios de pêndulo martelam constantemente as horas assim ele batia a frase de que eu era pouco flexível. Pudera, não era o cu dele! Precisar-lhe a sensação de tortura provocada por esse intruso supositório gigante a forçar músculos acostumados apenas a expelir não o sensibilizava tamanha a ânsia que tinha de ter o seu bichinho esganado como num enforcamento e desfiava o palmarés das anteriores conquistas para me comover. Azarito o dele não ter ainda percebido que eu era pouco adepta de modas.

Mais a mais, não era dispicienda a imagem que imediatamente me afluía ao cérebro, retirada directamente daqueles programas de vida selvagem da BBC, do ritual da dominação do mais fraco pelo forte através do enrabanço. Creio até que era exactamente a mesma imagem que lhe potenciava o desejo da coisa.

Apeteceu-me rotulá-lo de empresário vivaço que para retirar direitos e regalias apregoa a flexibilidade como modernidade mas pareceu-me mais condizente recordar-lhe uns versos doces do Abrunhosa, aqueles do "tudo o que eu te dou, tu me dás a mim" e comprometi-me a disponibilizar o meu sim senhor na contrapartida de estrear o meu vibrador no dele.

Maria Árvore

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OrCa - "Acho que até pode dar preceito filosófico:

se o que se pede ao amar
é tanto quanto se quer
será bom para durar
dar-se ao outro o que ele quer"

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