14 novembro 2007

A marca do encaixe


Ele tinha a ideia fixa de conseguir uma nova relação estável, para garantir sexo seguro e sempre à disposição como as provisões na arca frigorífica, poupar alguns euros na empregada doméstica e ainda obter uma companhia que lhe permitisse uma troca de meia dúzia de palavras depois do trabalho em vez de construir puzzles de milhares de peças.

Investiu alguns minutos do seu tempo para pesquisar no local de trabalho e nos sítios nocturnos em voga um modelo de linhas atraentes e com baixo custo de manutenção que os tempos não estão para luxos. Insistia na sua especialidade no encaixe de puzzles e na sua meiguice constante para com os gatos o que o distinguia claramente da concorrência. Prometia carinho para sempre a quem juntasse com ele os trapinhos e os genitais.

Estas tentativas de corpo presente não resultaram a contento e realinhou a sua estratégia para os meios virtuais e embora não o admitisse publicamente, incluiu até as agências de encontros. Só não pôs anúncio nos jornais porque se considerava um homem do século XXI.

Mas encontrar mulher que fosse pé de Cinderela para o seu sapatinho foi debalde que todas manifestavam componentes imprevistos como comentarem despudoradamente o seu desempenho na área sexual ou preferirem inequivocamente uma queca ocasional com todos os matadouros à rotina de um lar e resignou-se à certeza das suas peças recortadas.

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