21 novembro 2007

Não me digas com flores


Bem hajam os meus paizinhos que não me nomearam Rosa, Margarida ou Dália para me fadarem com uma condição frágil.

E agora, ali estava ele com a puta da flor estendida para mim, toda enlaçarotada naquela mania globalizante que irmanou as floristas e o pronto-a-vestir em fitas e papel de embrulho. Tal e qual como se faz às esposas que se arrecadam em casa para compensar a traição com a amante. Tal e qual como se faz às amantes para compensar o tempo gasto com a família da esposa.

Podia apenas lhe ter dito que bastava ter introduzido o caule pela uretra adentro para me oferecer a flor numa jarra original mas a alergia a flores deu-me uma comichão danada na língua e num jorro enunciei que se não pudera escolher o meu nascimento desde essa data que podia eleger com quem gastava os meus neurónios, os meus fluidos e a epiderme do meu corpinho e quase tão certo como numa conta de somar eram as dádivas pessoais e intransmissíveis que me provocavam adição.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia