27 janeiro 2008

Ceva


Há doze anos atrás ele era um pau de virar de tripas de tal forma que às primeiras nem sabia bem se era o fémur que se deslocara se era o pénis em funções e até tinha medo de o abraçar não fosse ser apunhalada pelo esterno para além de nem tentar cruzar as pernas nas suas ancas pelo temor de provocar uma chuva de ossos por mim adentro.

Agora o uisquito do final do jantar acumula-se-lhe em dobritas no fundo da barriga para rematar as cervejas pós-laborais e pressiona as pernas de encontro ao sofá como argamassa de tal forma que a bicicleta sem rodas está arrumada na cave e com bolas de praia e canas de pesca por cima para ninguém ter a veleidade de a deslocar.

A minha avó costumava comprar um bácoro e engordá-lo quase um ano inteiro para a matança de Natal e vendo que ele enfileira nessa tradição hesito entre lhe meter uma maçã na boca ou aceitá-lo como animal de estimação.

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