01 abril 2008

A aula de Filosofia

por Charlie

... perfeita, até nos seus pujantes vinte anos de peitos perdidos por entre os cabelos...

- Assim falou Zaratrustra...- Avançou e olhou para o fim da sala de olhar fixo num ponto indefinido algures na parede oposta.
Aprendera, sob a capa austera de docente, a ver para além do olhar, a prender a atenção num ponto periférico da sua visão, desta feita numa quase tangente às pernas lindíssimas daquela aluna.
Em silêncio, de ponteiro na mão dilatou um pouco a pausa enquanto deixou percorrer o pensamento todo em mãos pela saia curta de cor clara onde o bronzeado leve das pernas morreu de repente no fechar de olhos e no retomar do discurso:
- Deus está morto! - Disse de voz bem entoada, certo do impacte que a sua forma de exprimir-se tinha sobre quem a sua voz escutava. - Antes de avançarmos, pergunto se sabeis, se incorporastes o significado do nihilismo, ou niilismo, tanto faz ...-
Poisou o giz com que acabara de escrever as duas palavras e rodando o corpo que passeava muito devagar pelo estrado, desceu-o, avançou um passo por entre as carteiras, parou e fixou desta fez o olhar na dobradiça inferior da porta da sala de aulas numa linha de visão que passava novamente a poucos centímetros dos joelhos de Carla. Como era linda! Perfeita até, nos seus pujantes vinte anos de peitos perdidos por entre os cabelos, que descendo sobre os ombros, mais ainda realçavam o seu volume.
- O nihilismo, do Latim nihil, que significa nada, é uma corrente de pensamento que....- Esperou um pouco na mira de que do murmúrio da sala saísse a resposta esperada e continuou: - .... o niilismo, entendido vulgarmente quase como sinónimo de Friedrich Nietzsche, faz do existir Humano algo que resulta do aleatório na evolução da vida e totalmente desprovida de sentido, de plano Divino, ou de valores transcendentais resultantes do pensamento, tal como a beleza, os valores imateriais ou até, mesmo sendo uma corrente filosófica, a própria filosofia.
Não é verdade, menina Carla? - Disse de repente estacando o seu passeio em frente às carteiras ao mesmo tempo que rodava o corpo de forma a ficar bem em frente a ela, engolindo dum só sorvo todo o seu olhar. Do plano superior de onde os seus olhares se cruzavam, surgia engrandecido. Duas luas enormes a olhar para cima onde por sua vez o seu olhar, a descer sobre ela, se perdia por entre estrelas.
-... Sim... concordo. - respondeu a aluna...
Sim o quê?! - Disse num avanço mas voltando-se de subitamente num breve e quase imperceptível sorriso.
Sem esperar pela resposta continuou e pediu para abrirem na página que tinha escrito no quadro. – Abram o livro e sublinhem estas palavras que vêem indicadas a seguir ao número da página.
Assim falou Zaratustra! Quero que me tragam na próxima aula uma explanação sobre os conceitos que sublinharam. Claro que não é preciso dizer que têm que ler o texto e os apontamentos que lhes ditei desde o princípio da aula.
A campaínha tocou.
- Podem arrumar os livros e sair.
Ah... menina Carla, precisava de falar consigo...-
Sorriu e mirou uma vez mais para as suas pernas enquanto, a morder ao de leve os lábios, anteviu o prazer que iriam sentir juntas as duas mulheres...

Charlie

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