02 abril 2008

Comédia deitada

O meu calcanhar é o pescoço que não me pode um dedo por lá roçar mesmo que ao de leve que logo um torpor me tremelica toda e me transmuta para gelatina. Ora ele que era useiro e vezeiro em passar os dedos pelos colos femininos pausados junto à máquina do café na praxe do beijinho de cumprimento diário ficou disso sabedor e insistia em gracejar comigo que era um artista a limpar-me o pó.

Quero crer que ele era mais artista de outras limpezas como a de uma apurada contabilidade de escoamento dos testículos em diversas porcelanas e isso instigou-me a ver os moldes desse instinto. Nada que não se resolvesse com mais uns cafés e uns olhares cúmplices focados claramente no seu centro de gravidade que aquele era dos fáceis.

E chegados às vias de facto despimo-nos lentamente como manda a etiqueta, atarraxados como uma tampa à sanita para sentir primeiro a dureza dos meus peitos no seu esterno e do seu pénis nas minhas coxas e das nádegas de ambos nas nossas mãos que é regra do bom consumidor avaliar bem os frescos antes de os consumir. Já completamente nus pedi-lhe que se deitasse de barriga para o ar e avancei felina, de quatro, sobre o seu corpo estendido. Parei sobre o seu pescoço e aí me soergui sobre os joelhos desafiando-o a armar-se em Miguel Ângelo e deitado, pintar a minha capela Sistina.

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