11 agosto 2008

M.


M

Saíram do carro e subiram as escadas, enquanto gracejavam sobre o kitsch da decoração. Como era a primeira vez dela num sítio daqueles, quis vasculhar cada cantinho. As riscas da sua camisola brilhavam de forma estranha sob a negra luz que intoxicava o ambiente de tentação. Quando deu por terminada a busca deitou-se, esperando-o convidativamente. Brincaram e conversaram. Depois conversaram e brincaram mais ainda. A cama, aquele círculo com a medida perfeita do desejo, encheu-se de sons e de fluídos. As unhas dela cravaram-se nas costas dele. Os dentes dele marcaram-lhe o pescoço. Sem parar, o tecto espelhado replicava os dois corpos dançantes, mostrando uma imagem cruamente bela e perturbadora. Ela serviu-se de champagne no peito dele. Ele estremeceu os recantos dela com o gelo do frappé. Apeteceram-se, abusaram-se e cansaram-se. Tanto. Tudo. E no fim descansaram, ainda ligados um no outro.

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