10 setembro 2008

A pecha


Sou um gajo aberto e sem teias de aranha na cabeça que até fui capaz de mostrar o rabo na frente da distinta escadaria da Assembleia da República na época das lutas estudantis. Grandes tempos esses em que até catrapisquei a minha moça entre manifestações e imperiais fresquinhas.

Hoje já a posso laurear como minha esposa por todo o sítio e ela merece que passa os dias a mimar-me com os meus pratos favoritos em cada jantar como fazia a minha mãezinha e nunca se queixa de dores de cabeça naquelas alturas em que queremos dar vazão à folia do nosso animalzinho de estimação. E assim faz sentido gastar o dinheiro que ganho como trabalhador temporário de uma empresa que me coloca noutra para lhe carregar os dados nos computadorezecos.

Apenas uma pequenita coisa me anda a inquietar e nem sequer é a fidelidade dela que nunca me deu motivos para pensar tal nem me parece galar os outros gajos pelo canto do olho, julgo eu. É que ela tem um cuzinho mesmo bem feitinho, tão redondinho e embaloado e com umas nádegas todas rijinhas e tão lisas e macias que quando se apalpam é logo um frenesim no piçaralho que se estica todo como o gajo da gávea quando via terra. Só que ela não se demove da teimosia de que ali nem supositórios entram.

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Uma por dia tira a azia