25 novembro 2009

A posta precoce mas nada prematura

Tinha ouvido um médico referir essa nova expressão e até ouvi a sua explicação num noticiário qualquer acerca da pertinência desta troca.
Dizia ele que basta aplicar o conceito de precoce a uma criança, por exemplo. E visto dessa forma até faria sentido, mas eu preferi interrogar-me porque é que numa língua onde se chamam coisas tão feias a coisas tão bonitas logo haviam de se debruçar sobre esta...

Na interpretação literal, precoce e prematuro implicam algo que chega antes do tempo previsto ou “normal” para esse algo acontecer. Nesse caso querem dizer praticamente a mesma coisa.

Contudo, se deixarmos as crianças de fora de um tema mais para adultos ocorre-nos pensar que o problema em causa não se compadece de correcções na nomenclatura.
Ejaculação precoce seria a de um puto com quatro anos, ainda que só acontecesse duas horas depois de estimulada. E se esse puto tivesse nascido aos seis meses de gestação até seria mais razoável chamar-lhe prematura (à ejaculação, não ao puto). Mas em ambos os casos estaríamos perante um fenómeno digno do 24 Horas ou da TVI e o exemplo em causa volta a meter menores neste debate em torno da cena.
Uma ejaculação prematura será, portanto, aquela que nasce antes do tempo previsto. Até aí tudo bem. Mas então vamos lá falar de rigor científico: que tempo é esse? Vinte minutos? Meia hora? Hora e meia?
Não creio que alguém esteja em condições de me responder a essa pergunta, até porque depende da perspectiva e estou certo de que as minhas em cinco minutos, quando as obtinha a sós e à pressa para não ser caçado, não eram prematuras mas se transportarmos esses mesmos cinco minutos para estes dias podiam chamar-lhe precoce, extemporânea ou outra coisa qualquer que no final iria sempre ter que lhes chamar um grande transtorno ou uma enorme maçada.
Quero com isto dizer que me preocupa que a malta ande à procura de nomes porreiros para dar ao problema em vez de se debruçar sobre a respectiva resolução, num tique bem portuga mas que só resulta em esbanjamento desnecessário de tempo e de cornadura.
Por outro lado, o novo nome não facilita de todo a vida às vítimas do sucedido. Precoce ou prematura vai ser sempre complicada de assumir na condição, de verbalizar essa realidade tão confrangedora que o povo parodia com a célebre é tão bom, não foi?.
Mas basta-nos imaginar um cromo qualquer debruçado sobre o tema: é pá, isto de ejaculação precoce não soa nada bem. Xacávêr se arranjo uma alternativa porreira...
Qual terá sido o processo de raciocínio? E a motivação?
E uma pessoa tentar visualizar tudo isto e ao mesmo tempo pensar que o bacano achou que “ejaculação” estava bem e nessa parte não seria preciso mexer?

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