27 dezembro 2009

Tintas @MissJoanaWell


Tintas: não passes por cima do castanho, o cinzento desaparece.
Tintas: de que cor é perto?
Tintas: a que cheira a tinta da cor de ti?
Tintas: pintei uma ponte da cor dos teus joelhos. Escondi-me debaixo dela.
Tintas: agora, é a tua vez. Pinta-me a roupa, para a poder tirar.
Estás a escolher as tintas, como palavras, cauteloso. Escolhi-te porque consegues jorrar, livre.
Mergulhei as pernas no teu tinteiro. Carimbei as tuas ancas, as tuas costas.
Entinteci.
O tinteiro do tempo. Branco. Mergulhei as mãos. Agarrei o teu cabelo. Envelheci-te.
Mistura bem as nossas tintas. Mas deixa linhas dos nossos tons.
Carimbei as asas no teu lençol. Mas não me deitei.
Não vês as minhas asas marcadas na tua janela. Porque ainda estou aqui. A pintar estrelas de amarelo e branco. A tingir-te.
Sou de leite, sou de água, sobre o papel; sou do leito, sou de tábua, sob o teu pincel.
Silêncio é bom quando não seca a tinta.
Sou tinta a escorrer-te em palavras. Contas as cores?

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