06 fevereiro 2010

Susana: um simples conto

Não, meu amor, a questão fatal não é se vamos conseguir - a vida é um novelo nosso de sucessos e insucessos; a questão que tudo pode esmagar, bastante mais escondida - os alicerces estão sempre escondidos - é se vamos tentar. E eu aqui, a olhar-te sem te conseguir tocar, presa nesta minha incapacidade de te responder... E eu aqui, atenta a ti sem te conseguir dizer; presa na falta de fé que transpiraste, de passos presos de tanto medir os teus. E chega a apatia, este saber ter-te apenas em momentos e nunca te chamar; e chega o hedonismo, este leve habitar-te num momento de sonho, sem nunca sonhar com os momentos colados, sem saber como sonhar com um amanhã. Inundas-me as horas, sim, mas as horas são estanques e não transbordam dias, nem semanas, nem meses, nem anos, nem vida. Sei abrir a porta do quarto mas não sei abrir a porta de casa e, meu amor, a janela está muito muito alta.

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