14 abril 2010

Alta fodificação

A generalidade das emissões de televisão que nos entram olhos dentro são ainda de definição comum, o que em Portugal equivale a dizer que as imagens têm 576 linhas horizontais interlaçadas, ao ritmo de 25 imagens por segundo, o que serve para enganar o nosso cérebro fazendo-o pensar estar a ver algo com movimento. Naturalmente, 576 linhas horizontais interlaçadas, com o desenvolvimento da tecnologia são coisa pouca, deixam muita coisa de fora, que não se consegue ver. E aquilo que há para ver, como já antes escrevi, precisa de mais espaço.
O mercado está, agora, inundado por televisores LCD (ou Plasma) que permitem ver televisão com a qualidade a que os nossos olhos já estavam habituados nos monitores de computador. Convém lembrar que mesmo resoluções de computador modestas, como a clássica 1024x768, têm mais qualidade do que aquilo que a televisão nos exibe em formato standard. Na alta definição passámos, então, a encontrar coisas como 720p, 1080i e 1080p. Estes números referem-se ao número de linhas horizontais, o que nas tecnologias mais actuais é, para todos os efeitos, equivalente a dizer o número de linhas de pixeis horizontais, sendo o 720p correspondente a uma resolução de 1280x720 (0,9Mpixel, em aspecto 16:9), e o 1080i/p equivalente a resoluções 1920x1080 (2,1Mpixel, em aspecto 16:10). Embora não seja esse o propósito deste texto (aliás, o propósito só mais abaixo), uma palavra sobre o "i" e o "p": a letra "i" designa um modo de video interlaçado, e é uma herança das televisões antigas, CRT, e tinha como objectivo transmitir melhor qualidade sem consumo adicional de largura de banda. Para esse propósito, uma imagem de 25 frames por segundo era, na verdade, composta por 50 quadros desfasados, de tal modo que o primeiro conjunto de quadros desenhava linhas impares e o segundo, as linhas pares, completando a imagem. Já o "p" denota um modo de video progressivo, em que a imagem é desenhada progressivamente numa única passagem.

Quando passeamos em superfícies comerciais, onde se vendem televisões, é agora rotineiro ver imagens de jardins floridos ou objectos em movimento, e, claro, mulheres bonitas. O objectivo desses videos promocionais é mostrar ao potencial comprador aquilo que se consegue fazer com televisões de alta definição. Um aviso ao mais distraído: não basta a televisão ser de alta definição. É, obviamente, necessário que o conteúdo também tenha qualidade. Arrisco dizer que, em determinadas circunstâncias, uma mesma imagem em definição standard (as tais de 576 linhas, também usadas nos DVD) pode até ter pior aspecto numa televisão de alta definição do que numa mais antiga, porque as televisões 720/1080 tenderão a mostrar mais os defeitos, precisamente por terem maior detalhe. Filtros da própria televisão podem amenizar esses efeitos.

Uma pessoa pode ficar satisfeita por ver futebol com alta definição, pode ficar feliz por conseguir ver melhor todos os grãos de pólen das flores nos jardins, mas aquilo que se deseja, mesmo, é gajas. A tecnologia serve para ver gajas. E ontem tive a oportunidade de ver, pela primeira vez, uma cena de pornografia em esplendoroso 1920x1080p. Não, tem, comparação, com, nada. Digo-vos. Todos os sinais apelativos estão lá, mas também lá estão as estrias, a celulite, as imperfeições. Mas, then again, também lá estão os lábios luzidios (os de cima), e húmidos com detalhe (os outros). E pronto, o propósito deste texto é esse, o de vos dizer que ver pornografia em alta definição (tão alta quanto é possível no momento) é muito, muito à frente. Escolhi uma imagem ilustrativa. Terão de a clicar para ver em todo o tamanho e peço desculpa pela pixelização que fiz em pontos estratégicos, mas é por causa das crianças. ;-) Digamos que a menina deixou cair parte do gelado que estava a comer e... tal. E esta imagem não é uma fotografia, que essas já estamos habituados a ver com muitos megapixeis. Isto é uma frame do filme. E todo ele tem esta nitidez. Isto paga-se, claro. São quase 8GB de ficheiro. Ah pois.

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