24 abril 2010

Ema: conto de entender

Sim, amor. Eu entendo tudo, amor. Claro que entendo. O que eu não entendo, meu amor, é porque há sempre tanto para entender. As palavras a vaguear? Porque são vagas, essas tuas vagabundas que moram nas ruas de mulher em mulher. E tu moras nelas, nas tuas palavras. E as tuas palavras moram aqui. A pele de aluno só cresce quando reconhece o tecido secreto da palavra de um Mestre. A minha pele é um vestido tecido de tudo o que dizes. O vestido que teces em ruas de perder o tempo. Sim, amor. Eu entendo tudo, amor. Claro que entendo. O que eu não entendo, meu amor, é como é que julgas ter a armadura do tempo a prender-te as mãos e a soltar-te o corpo. Era uma pergunta? Era? Sim, amor.

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