29 maio 2010

Tradução dos nossos lobos

Tenho que te dizer. Tenho que te explicar. Com que queres afogar as minhas certezas se elas bebem de ti? Sufoca antes as minhas angústias, elas respiram de ti. Eu saberei o que estou aqui a fazer até não estar. E quando não estiver é apenas porque já não sei. Nada mais simples. Se ainda estava quando fui é porque, na verdade, fiquei, sempre fiquei e ainda sabia. E agora que voltei, voltei e sei o que sei. E é isso que tenho que te dizer. Tenho que te explicar. Tenho que te explicar que, dos lobos famintos que se deitam aos teus pés, só posso enfrentar os que vejo. Não os escondas, mordem-me com mais força quando não os vejo. Atirei-me a eles. Para que me comam. Para que saciem de mim as tuas dúvidas. Para que alimentem de mim as tuas respostas. Tirei a pele. Senta-te aqui, tenho que te dizer, tenho que te explicar.


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