29 agosto 2010

Corre, Maria Madrugada, corre!

Adeus, o som é breve e o gesto fui eu que te dei. Os cavalos ainda correm, os cavalos gritam pelos cascos a pressa de correr por correr. Maria Madrugada, que mulher és tu? Os cabelos voam, giram, são de vento; não são cabelos, são o vento que te dá pelos ombros e a ventania faz-se amante do furacão; finge que tens cascos, anda correr com os cavalos, Maria Madrugada. A um desses cavalos chamarás Sol e ele há-de levar-te pendurada nas crinas se lhe afagares os raios que te escorrem pelas mãos. Maria Madrugada, tu vais montar o Sol, gritar pelos cascos de palácio em palácio, à procura de água e de coração. Corta mais que o raio, grita mais que o trovão, inunda-te de tempestade, passa pelas montanhas que não passam por ti: elas são a vida. Adeus, o som é breve e o gesto fui eu que te dei. Corre, Maria Madrugada, corre!

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