15 agosto 2010

Páginas soltas

Dizer adeus só demora palavras, meu amor,
mas as palavras demoram anos
marcadas nos corpos e o seu odor
cravado nas pernas que são memórias,
assim, desenhadas nas costas
e acetinadas pelo tédio;
a espera pesa nos braços da dor.
Depois? Já nem há remédio
que o tempo não passa
quando a hora nos amordaça
até se esgotar; meu amor,
quando um vazio espera por nada
a noite desiste da madrugada,
uma vida inteira e os dias
escreveram-me em folhas
que nos engavetaram por dó, por favor,
como versos imperfeitos,
como livros e brinquedos incompletos.

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Uma por dia tira a azia