20 novembro 2010

O Repique do Amor

Abrupto é o repique do sino na cabeça. Quando um certo número de badaladas ecoa pela vila, mais de 14, o prenúncio de uma morte anunciada ressalta e arranca mais um pouco do que é uno.
A estaca espetada no coração onde antes era ventre, é retirada não tarda. Para deixar apenas uma pequena cicatriz.
- É só mais uma morte... não faz diferença no universo,
Não! Todas as mortes são importante e preferíveis se não o fossem. Cada esventrado tem a sua memória. Assalta o espírito e esmaga a vontade. Adultera a consciência de Ser.
Creio num mar salgado ao longe. Não se alcança daqui. Caminha!
O repique fica mais forte. A cabeça dói.
A árvore está inclinada, com as suas raízes a desprenderem-se enraivecidas porque a Terra não segura.
Segura!
Os raios de Sol, por momentos, não alcançam o solo de folhas que vão caindo da Acácia a cada badalada do sino.
O repique do sino é abrupto. Ecoa por todos os lados. Como um precipício que sabemos voltar a subir. Como uma ravina de ponte frágil.
É abrupto o repique do Verdadeiro Amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia