08 fevereiro 2011

Ler nas linhas, comboio nas mãos

Não está aqui. Ausente. A cabeça num ombro, o cheiro que há-de saber, o braço pelas costas; quando está no lugar certo é assim que se sente o braço e o corpo, como se estivesse arrumado na gaveta dele. Deve estar feliz e não está aqui. Logo volta, pode ser que conte tudo, pode ser que conte nada e ainda assim em incontáveis pontuações.
Não está aqui. Mas onde está? Talvez em segredo numa mão da história de dedos incertos por escrever, linhas nas palmas, dias na pele. Talvez não saiba onde está mas há-de saber, promete, há-de saber. Eu que nem sei de mim, prometo aqui voltar; sem precisar de descobrir, respiro e não me descubro respirar, é aqui que sei sempre onde estou.
Onde estás? O joelho perdido, o pulso abandonado gagueja e pode ser que até aprenda a cantar, ou não; tudo menos a mudez da indecisão, o comboio passa e até se podia saltar, cada pé fora do chão e pode ser assim, pode ser que seja mesmo assim, sem saber bem como é, mas há-de saber, diz que há-de saber.
Não está aqui. Ausente. Foi procurar um bocadinho de si um bocadinho.

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