11 março 2011

Eu sou a única criança que recusei tentar salvar...

Toda eu me adio, indetermino, guardo-me para amanhã ou mais tarde. Deixo-me de lado na gaveta dos pensamentos, digo que ainda falta muito para o futuro e prometo voltar a mim mais tarde. Mas o futuro é amanhã, lá chegarei sem dar por ele e sem dar por mim; lá chegarei nada. O tempo é, no meu mundo, um amante tão fiel quanto uma prostituta, a traição é evidente mas olhamos para o lado e sonhamos que somos os únicos a agradar-lhe. Isto, do tempo, é o que passo a vida a explicar-lhes, que um dia podem descobrir que o preço disto tudo é ter apenas um inequívoco tarde demais à laia de futuro. Mas nada me explico, quando me falo viro a cara para o lado e volto a ser a amante cega do tempo. Deve ser assim que os tolos se descobrem tolos, de repente acordam absurdos. E, de capa nos ombros e mão estendida para tentar salvar o mundo, toda sou absurda: eu sou a única criança que recusei tentar salvar. Há quem se procure no mundo e nos outros. Eu também. Mas, por vezes, acima de tudo, procuro-me aqui; só quando sei o que tenho, sei o que tenho para dar.

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Uma por dia tira a azia