31 maio 2011

«Monólogo do velho sátiro lusitano» - de Eduardo Martins

Já aqui falámos na semana passada da 64ª edição das Noites com Poemas, organizada desde sempre pelo nosso Mestre Dom OrCa. O tema foi: «Sátiras e erotismos de versos despidos» e o OrCa fez uma reportagem bem completa dessa noite memorável.
O Eduardo Martins leu lá este texto de sua autoria, que achei especialmente uma delícia:

"Monólogo do velho sátiro lusitano

Envelhecer é triste! O outro dizia que aos 60 anos se consegue fazer tudo o que se faz aos 20, só que não apetece… Onde é que os meus 60 já vão, cada vez me apetece menos…
Vou sentar-me a descansar… Deixa cá chegar a cauda para o lado com a mão, que ela já não se ajeita sozinha, e ainda lhe ponho o traseiro em cima…
Antigamente tinha tudo em pé! Embora a memória às vezes me pregue partidas, ainda me lembro desse tempo… As orelhas de bode! A cauda de burro! Até a narigueta achatada eu arrebitava! Para já não falar do cabelo… parecia que tinha visto bicho, sempre no ar… Havia outra coisa que eu tinha sempre em pé… mas não é em pé que se diz nas enciclopédias quando se referem aos Sátiros…, como é que era??? era… ere… ção, será??? Esta palavra diz-me qualquer coisa…mas agora não me lembra o quê…o que é estava em erecção???
Eu já sabia que esta falta de memória ia acontecer, mas custa!
E o corpo! Todo empenado! Agora até coxeio, há para aqui qualquer coisa na pata…
A minha vida agora é recordar… coisas antigas, às vezes misturadas, vou lembrando…
Emigrei para aqui há bastante tempo, ainda a Natália Correia não tinha organizado a “Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, e parece-me até, que ainda me convidou para algumas festas nessa altura…
Nós os Sátiros nascemos na Mitologia Grega, mas fomo-nos multiplicando, espalhámo-nos pelo mundo, e andámos para aí metidos em forrobodós e orgias que eu sei lá!
Os meus primos que foram para a Península Itálica,e por lá ficaram, até mudaram de nome, por causa da Mitologia Romana, passaram a ser os “Faunos” e têm-se divertido muito por lá…
Então ultimamente, com aquele primeiro ministro italiano, é cá cada festarola!!!
Tenho sabido disso pelos jornais e pela televisão!
Até houve alguns Faunos que vieram para cá, não sei quanto tempo ficaram, o Aquilino Ribeiro escreveu que “Andam Faunos pelos Bosques”, mas eu ainda não estava cá, e nunca cheguei a encontrar nenhum descendente desses meus primos… aliás com os incêndios florestais, o melhor que eles fizeram se calhar foi ir dar pulos e assustar donzelas para outro lado!
Os Sátiros que ficaram na Grécia, não estão muito satisfeitos com as orgias que há por lá! Aquilo é mais com o governo, ou com o desgoverno, e até falam em falência. “Falo”! “Falo”, ora aí está! Era a tal coisa, em erecção !!! Lá me lembrei!!!
Por aqui, isto também é uma crise, eu já meti os papéis para a reforma, mas descontei muito pouco,
porque andava sempre em orgias, estou para ver quanto é que vou receber…
Já ninguém nos procura para orgias à moda antiga, quando somos chamados é só para umas tretas, coisas sem graça, e os Sátiros sentem que estão a fazer coisas que, como é que se diz, fodem toda a gente, indiscriminadamente… e ninguém goza, nem mesmo os mais masoquistas…
Esta dor na pata, ainda a incomodar-me há já muito tempo, sou capaz de ter o casco encravado.
Tenho de ver se descubro algum Podólogo…


Eduardo Martins
Carcavelos, Maio 2011"
blog «palavras como as cerejas»

Salsicharia

Pretexto

A mesa da esplanada é um pretexto:
está sol, apetece sair,
tomar um café,
uma cerveja,
talvez um gin tónico;
pretextos que são.
Será que vens?
Se não vieres,
eu escrevo o tempo
de uma tarde primaveril.
Se vieres,
contornaremos os pretextos
e ficaremos à conversa
- o resto do dia -
só pelo desejo de estar.

Poesia de Paula Raposo

Obrigada, PostalFree!


A PostalFree é uma empresa que produz e distribui postais publicitários gratuitos.
Há dias, vi um artigo na revista «Visão» sobre uma campanha deles para o vodka Moskovskaya, que achei um mimo. Descobri depois que havia três diferentes postais dessa mesma campanha. Cravei-os (gaja que se preze tem que ser desenrascada) e eles tiveram a gentileza de me mandar esses e outros postais, que a partir de hoje fazem parte da minha colecção. Ora vejam lá se não são um mimo:








30 maio 2011

A prostituta azul (XI) - Tabela de (a)preços

O afecto não se compra; sei, agora, porém, que, se o consigo encontrar genuíno dentro de mim, ele se pode vender. É evidente que é esta a resposta à tua pergunta; só isso me permitiu encarecer a "coisa"; o sexo comigo, por si só, não passa de um banal anel, o afecto foi a pedra que lhe juntei, só comprou quem considerou diamante. A construção da frase não foi à toa: eu encontro, ele vende-se, como uma pedra que devia estar cravada no teu anel recém-comprado.

(O homem olhou para as suas mãos esticadas, o seu anel ao peito não tinha pedra. Deixou todos os papelinhos coloridos de feio e foi-se embora muito depressa porque precisava de comprar uma nova vida para encher o lugar onde se encontrou com os seus vazios.)

Mapa-mundo dos direitos dos gays e lésbicas


(crica para ampliares... o mapa, que tu já não tens solução, pois não deves acreditar em todos os e-mails que recebes)

As gajas também vêem filmes porno

événements inouïs - Évelyne Louvre-Blondeau



le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau

29 maio 2011

Desejângulo

Olhava-te só nos olhos. Mas o olhar é sempre náufrago,
um náufrago desejo que, ao sufocar, eu afogo
contra as ondas da nudez do teu corpo
quando os meus dedos escorrem
e se juntam à tua imagem
dedos, pouco a pouco,
transbordam
nadam
vão
e
vão
nadam
transbordam
dedos, pouco a pouco,
que já não são meus, imagem
das minhas mãos. Eles escorrem
na parede firme da tua pele, são corpo
nas mãos, nos ombros, nas costas, eu afogo
o olhar nos teus olhos, mas o olhar é sempre náufrago.

Força, companheiro!

crica para visitares a página John & John de d!o

28 maio 2011

Cuidado com as crianças sozinhas na internet

Vídeo com a participação de algumas estrelas porno (entre as quais Ron Jeremy), a alertar para os riscos de deixar crianças a navegar sozinhas na Internet.

Cena

Complicados os papéis
que nos destinam
- uma peça engraçada -
e que nós tentamos
interpretar da melhor
maneira.
Tentamos?! Interpretamos?!
Ou somos levados pelo tempo
e desfazemos sonhos,
esperanças,
cumprindo um ritual teatral?
Quero acreditar
- porque não o faria? -
que este é o meu papel
na peça que não escolhi.
mantenho-me em cena,
apesar da saudade.

Poesia de Paula Raposo

A pedido de várias gajas que se queixam dos meus gostos lésbicos



Garm's Kiss

27 maio 2011

Atrevimento

Divagar é ausentar-me do ventre, ventre-eu ou ventre-Mundo. Divagar é ausentar-me do ventre, ventre-espaço ou ventre-tempo. Divagar é viajar sem dimensão, sem tamanho; quando volto, escrevo; quando não volto, deixo as mãos, elas escrevem, intermitentes. E agora, meu amor, agora que me atrevi a divagar por ti, agora que me atrevi a traduzir o Amor - julgo, será este o maior dos atrevimentos humanos - agora, de que tens ainda medo, a que julgarás tu que eu não me consiga atrever?

Como disfarçar a barriguinha com maquilhagem

Movimentos do rato do computador

Não adianta dizer que não, eu sei que com você é assim também.




E provavelmente em visita a uma página de entretenimento adulto.

Capinaremos.com

26 maio 2011

Pink Freud, please!



- Doutor Segismundo, o meu namorado é professor universitário e gosta muito de fazer citações filosóficas enquanto fazemos sexo.
- Concordo que essa situação é desconfortável porque pode ser incompatível manter simultaneamente a actividade intelectual e a actividade hormonal (em linguagem mais abrangente, a menina fica com os neurónios fodidos, certo?).
- Nem mais, ainda ontem, estava eu prestes a …, diz-me ele ao ouvido: "As novas gerações estão dentro dos colhões e o novo Portugal, nasce dum tomatal".
- Deduzo que seja uma citação dum filósofo contemporâneo…
- Ele desculpou-se, dizendo que é uma corrente filosófica pós-socrática mas já na semana passada, fazia citações de enrabadelas legislativas e minetes eleitorais. Arranjo outro namorado ou aguardo pelo fim da campanha eleitoral?
- É sabido que todos os professores universitários fazem citações durante o sexo. Porém, pelo seu relato, adivinho que esteja perante um caso terminal, o próximo estádio trará uma impotência insofismável!
- Conheci um trolha, que me anda a assentar um soalho flutuante, lá em casa ...
- O trolha não me parece boa ideia. Por norma, é o tipo de homem que mais não conhece que a “Alegria da Caverna”. Só querem sexo, sexo, sexo, de preferência em cima do andaime, e quando a mulher dá por si, está dentro de um contentor a protagonizar "A Divisão do Trabalho Sexual" (do Emílio Murcheim) com o grupo da comissão obreira local — haja betoneira que aguente! De mais a mais, não são pessoas que gostem de cimentar relações e, julgo eu, a menina quer mudar para algo sério.
- O que me apetece, sei eu ... apetece-me ser Bárbara e mandá-lo já a Guimarães (que é abaixo de Braga).
- Isso seria uma opção terminal. Pode ainda tentar o seguinte: comece a recitar a tabuada toda, combatendo as estiradas filosóficas com o estigma da apócope dos números. Ou então espanque-o severamente com "O Capital" do Marx durante o acto. Ou exija ter relações apenas durante o concurso "O Preço Certo".Ou declame-lhe poesia do Ruy Belo... não lhe faltam opções, minha querida, para alterar o seu desconforto.
- Concordo Doutor mas, em todo o caso, vou também consultar a "Caras", onde há sempre tantos e tão úteis conselhos para mulheres insatisfeitas com as políticas sectoriais do pirilau.
- Minha querida, há também outra alternativa que seria manter ambos. A sua vida sexual percorre uma grande distância entre estes dois modelos antípodas, ou, no caso em questão, antíphodas... de facto, para uma mulher, ele há alturas em que apetece jantar romântico, bem amesendado com cabernet sauvignon regado por laivos de grandiloquência, mas há outras, para ser agarrada pelos cabelos, cingida sobre o capot de um velho automóvel estacionado junto ao estaleiro da obra e possuída dessa forma frugal e singela, mas muito revigorante.
In extremis, mantenha os dois e vá à procura de mais...

Soft Paris - anúncio «Frutas sensuais»

Bem vindos ao... Campo da Rata!

Se explorando os contornos da Torre de Hércules, n'A Corunha, avistarem uma extensa área de vegetação razoavelmente aparada e relativamente frequentada, então encontram-se no Campo da Rata.

Acrescento ainda que é um local extremamente aprazível, onde vale sem dúvida a pena dar uma voltinha, nem que seja para desenferrujar o corpo ou praticar exercício, em modalidades à escolha de cada um.

Fodida na boca


25 maio 2011

O (eco)ponto final


Ficou a observar à distância que o tempo lhe permitia aquele passado que desconhecia quando estava presente naquilo que acreditava ser o princípio de imensos amanhãs.
Percebeu o que não percebia por entre o breu do que lhe dizia a imagem distorcida pelo calor da sua paixão assolapada, a cegueira que cobria os ângulos menos bons destapada pela poeira que entretanto assentou.
Ficou a ver o quanto lhe passou ao lado naquele tempo falsificado pelas emoções que transcendiam as desilusões no confronto directo, o olhar mais atento sobre os pormenores desconexos que a lógica desarmada pelos sentimentos complexos impedia de descortinar por entre a realidade paralela para lá do véu pintado da cor do céu despido das nuvens que afinal já o cobriam então.
Ficou a olhar, vendado o coração, as imagens que conseguira conservar desse tempo até chegar ao momento em que a mente lhe recomendou a abordagem ecológica, a reciclagem psicológica de todos os detritos acumulados.
Passou, então, a colocar cada imagem, cada emoção, no seu devido lugar. Espaços imaginários pintados nos tons necessários para distinguir o lugar mais indicado para despejar o que apenas atrapalhava a arrecadação atafulhada com caixas de papelão poeirentas.
Despejou no contentor verde os cacos do amor de verdade que afinal apenas sonhou e depois dirigiu-se ao amarelo para lá deixar cada imagem que percebia não passar de uma embalagem para presentes envenenados, para momentos condenados pela sua autenticidade de loja do chinês, plásticos baratos dos quais se desfez com enorme alívio interior, pintados com tintas tão tóxicas que faziam lacrimejar como cebolas aquele olhar de crocodilo que sorria para a objectiva fotográfica da memória que lhe permitia agora entender toda a história como uma fantasia juvenil que rasgava para dentro do espaço azul, o papel secundário, o mesmo que lhe merecia quem achava que podia escolher o elenco a seu bel-prazer e o guião gatafunhado com frases de um amor inventado à medida de um ciúme que dava jeito como um magneto instalado no peito para manter interessado um outro alvo qualquer do seu coração de metal e para manter as aparências que disfarçavam as evidências de uma natureza batoteira, profundamente desleal.

Janela Indiscreta

A lua espreita à janela da sua casa de nuvens feita de Janeiro
a Lua acende a luz do seu candeeiro
e espreita; só quando a Lua é beleza indiscreta
se mostra tão esplêndida, tão perfeita.
Ainda faltam onze dias para o mês de Fevereiro
mas o mistério da Lua já seduz, já despe o mês inteiro,
o que ainda lá vem, já a Lua nos grita
e dita; escuta e vê e sente e escreve, acredita, Poeta!

Um presente que salta



Não sei se há estes PopMate à venda por cá. Encontrei-os no Brasil.

Parabéns, letrinhas do Webcedário!

"A Editorial Bizâncio tem o prazer de o/a convidar a participar na verdadeira sopa de letras que será o lançamento do livro «Webcedário», dia 2 de Junho, pelas 18h30 nas Docas (Espaço Artes & Etc, Doca de Sto Amaro - Lisboa).
Venha passar um bom bocado na companhia das vogais mais sonantes e das consoantes mais famosas das redes sociais.
Descubra o poder das letras e, entre muitos copos, graças e graçolas e alguns desafios divertidos, descubra como afinal não é precisa muita ciência para se pertencer ao mundo das letras!"

24 maio 2011

Sátiras e erotismos de versos despidos - noite com poemas

O nosso Mestre Dom Orca organiza as Noites com Poemas e, para a 64ª edição, juntou dois temas que tanto se atraem como se repelem: sátira e erotismo.
Foi uma bela noite, com a sala bem composta para ouvir o Jorge Castro a declamar poemas, o Capê a apresentar o seu livro «Ó Simpático, Vai Um Tirinho?» e a nossa Miss Joana Well, que se apresentou e ao seu livro «Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos» de forma literalmente brilhante.



Depois de um breve intervalo para autógrafos, os resistentes gramaram com algumas músicas da Tuna Meliches, numa verSão MineTuna (Paulo Moura e Carlos Car(v)alho). A malta alinhou toda no karalhoke, atenuando um pouco os falsetes do Paulo «Cigano» Moura.



O Eduardo Martins leu este poema de sua autoria, dedicado à noite de versos despidos e com bolinha vermelha ao canto superior direito (para quem entrava... embora ali ninguém entravasse ninguém):

"Soneto experimental

Neste mundo em que me meto
De desnudada temática,
Não tendo nenhuma prática,
Atiro-me logo a um soneto!

Escrita de Versos Despidos
Em Sátiras e Erotismos?
Onde estão os moralismos
Em que fomos instruídos?

Versos Despidos, com o frio,
E a neblina matinal!
E o vento que vem do rio!

Eu não lhes desejo mal!
Não os quero fracos, sem pio,
Vistam-se! Ponto final!

Eduardo Martins
Carcavelos, Maio 2011"



No blog Sete Mares, do OrCa, têm uma reportagem bem mais completa.
E a Miss Joana Well pôs por escrito o que lá disse... para quem não pôde estar presente.

Comprida-metragem do Ricardo Esteves

"Bonito, bonito..."

«Um dia no escritório»

Falar de amor

Falar de amor
não me perturba;
é uma simples
esperança
que me leva no vento,
na maré
ao encontro da lua.
Falar de amor
é permanecer
boquiaberta
perante o desconhecido;
é - talvez -
beijar o (in)feliz
prenúncio
do futuro.

Poesia de Paula Raposo

O Alfredo e a Daisy estragam-me com mimos...

... mas acautelam a minha saúde porque bebem o vinho «Pelada» (da região demarcada do Dão, 2003) antes de me oferecerem a garrafa para a colecção.
Quem São os amigos, quem São?

23 maio 2011

Noite de Poemas by Kikas (Repórter Estrábica)

Eram 19:30 e um trânsito caótico na capital do Império. O motorista ligou-me, muito preocupado, porque estava engarrafado, algures entre o Rato e a Gare Oriente. Entretanto, o JF chegou empolgadíssimo porque vai participar no campeonato mundial de Frisbee e então aproveitamos para discutir tácticas de defesa e ataque que são comuns a qualquer desporto com ou sem bola. Em seguida fomos apanhar a Libelita a Santa Apolónia ... esta mulher é unica e com um manancial de histórias divertidíssimas para contar.
Novidade em primeiríssima mão, a Tita tem uma gravidez psicológica, diagnosticada pela ginecologista ... perdão, pela vet, isso quer dizer que , psicologicamente falando, ela vai ser avó, lololol.
Depois, ficamos a saber que a Libelita descobiu uma nova griffe de “alta sapataria” que se chama “Osga Shoes”. Pois é, enquanto se preparava para o evento, descobriu que dentro do sapato, tinha uma estranha sensação de fofura, o que não a impediu de se maquilhar e vestir com uma simpática osga dentro do sapato. Após verificar que, ortopedicamente, o bichinho estava em perfeito estado de conservação e de ter dado uma beijoca à Tita, lá veio ter connosco, feliz e contente porque o zoo ficava muito bem entregue em ... auto gestão.

Em seguida fomos apanhar a Joana e enquanto esperávamos pela caracterização, a Libelita deu-nos uma lição de “cuisine gourmet” digna duma parceria Isabel do Carmo/Filipa Vácondeus (ou pra outro sítio qualquer). Aproveitei para dar umas dentadas num chausson de maça que tinha na mala (porque nem sequer tive tempo de jantar) e levei logo uma reprimenda de não sei quantas kilo calorias que até me ia engasgando.
Finalmente chegou a Joana, absolutamente deslumbrante, um misto de Madame Pompadour e Cinderela ... um trabalho de maquilhagem artística absolutamente fantástico (a Maria João transforma pessoas em arte viva).

Mais umas voltinhas e chegámos finalmente à Biblioteca de S. Domingos de Rana. Beijinhos e abraços, ao Paulo Moura, Carlos Car(v)alho, Orquita e Paulinha Raposo. Finalmente, ei-la que chega a Poesia, às vezes poderosa, interventiva, solidária outra vezes, subtil, erótica, amante mas sempre sequiosa de quem a leie e divulgue.
Chegou o momento dos autógrafos ... muito brilho, luz e emoções. A Joana escreveu-me uma dedicatória linda e diz que sente um grande orgulho em conhecer uma mulher como eu. Pois eu tive o privilégio de conhecer uma grande escritora mas, muito mais importante que isso, conheci uma grande MULHER. Parabéns Joana, que este seja o início de um ciclo em que as palavras soltas combatam as mentalidades banais e (i)morais.

Finalmente, tivemos cantigas e sinceramente... a TunaMeliches ajavardou completamente uma noite em que era suposto dedicarmo-nos exclusivamente à cultura. E o miúdo, coitado, corou até às orelhas e até encravou o powerpoint no toshiba! Num havia nexexidade... até a Sãozinha estava caladinha ao canto da sala, completamente inibida, acho que ninguém deu por ela, nem tugiu nem mugiu, hahahahaha!
Uma coisa é certa, embora beneficiados pela excelente acústica da sala, o Paulo, o Carlos e o Orca deram show, abençoadas vozinhas e manitas ... violaram até ficarem com os deditos dormentes, caragu!!!!!!!!

Adorei, adorei, adorei e estou desejando conhecer o resto da Tuna. Até Julho e façam favor de levar o Ricardo Esteves. Ele diz que tem de tirar os dentes do siso... tretas, quem lhe arranca os dentes sou eu se ele faltar ao Encontrão.

«Ponto Quê?» - o primeiro livro da Vânia Beliz, a nossa sexóloga favorita


"Às vezes tememos não conseguir perseguir os sonhos, porque temos dias em que tudo parece roubar a nossa energia de continuar.
Às vezes achamos que sonhamos de mais e que não é para nós.
Às vezes invade-nos a lucidez, reencontramos a coragem, não desistimos, e é assim que concretizamos o que sonhamos, como hoje!
Finalmente, o meu PONTO QUÊ? está terminado! Que feliz estou em partilhar esta conquista com todos.
Dia 25 de Maio estarei em Lisboa, no Tea Room LA Caffe, na Avenida da Liberdade (junto ao São Jorge) pelas 18:00 horas, a apresentar o meu primeiro livro.
Envio o convite para que possam marcar nas vossas agendas este dia tão especial e para vos desafiar a um encontro, lá.
Porque, às vezes, há dias que a felicidade não nos cabe no peito, e por isso, temos de a repartir.
Obrigada
Vânia Beliz"


sátiras e erotismos de versos despidos

Era o dia 20 de Maio, pelas 21h30, a noite bela e a Lua cheia...


Contra o obsceno da informação que nos assola em cada momento, contra o hipócrita moralismo, contra os canhões, se quiserem, ou contra os barões, contra os bretões e os espertalhões, mas sempre, sempre em favor de uma vida - está bem, está bem, ponham lá Vida com maiúscula -  por todos merecida, juntou-se uma belíssima mão-cheia de interessados concidadãos em torno do desafio lançado na mais recente sessão das Noites com Poemas, na Biblioteca de Tires-São Domingos de Rana: Sátiras e Erotismos de Versos Despidos.

Em cena disputavam-se os seguintes desafios:

- Carlos Pedro (cápê) - autor de Antes Abril Depois e de Ó Simpático, Vai Um Tirinho? (edições de autor)

- Miss Joana Well - com o lançamento do seu livro Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos (edição da Apenas Livros)

- Paulo Moura (que apresentou à comunidade Miss Joana Well... com raro e persistente brilho, aliás - ainda que nas filas mais afastadas alguns se tivessem queixado de que a conversa estava tão íntima que pouco lhes chegava, pelo que tiveram de imaginar parte do enredo - o que não deixou de ser um exercício erótico)

- Uma versão despojada mas nem por isso menos aguerrida da Tuna Meliches, promovendo um descante trauliteiro e desafiador, apelando à participação de todos, que muito engrandeceu os espíritos.

Não pretendendo ser esta mais do que mera referência à efeméride, para memória futura, por ter contado com vários dos participantes nesta excelentíssima Funda e, eventualmente, para suscitar  que este exemplo frutifique e se multiplique através de quem se afoite e invente cumplicidades, aqui fica o registo.

Sei apenas dizer que as presenças chegaram a rondar as cem almas - todas elas puras ou purificadas - e já passava da 1h30 do dia 21 de Maio quando foram encerradas as hostilidades, a contragosto, ainda, de muitos.

E assim foi. E quem não foi, fosse!

Jáfumega

No Brasil, mulher ganha na justiça o direito de se masturbar no trabalho

22 maio 2011

Tradução do Amor

Procuro
no vocabulário do tempo
na pausa breve que te embala as palavras
Pergunto
ao crepitar das vírgulas
onde ardem pequenos silêncios
que folheiam o dicionário do teu olhar
Encontro e ouço,
as tuas raízes perguntam
se há terra no chão da minha casa
Sim, respondo,
há terra no chão da nossa Casa.

«Amor à primeira vista» - por Rui Felício


Desde sempre, ela tinha duvidado do tão propalado amor à primeira vista, mas agora estava certa que esse coup de foudre que incendiava repentinamente os sentidos, não era afinal uma figura de retórica.
Foi por isso que foi à loja da Rua Ferreira Borges onde há tempos tinha visto entrar aquele rapaz bem parecido, atraente, elegante, e perguntou se sabiam onde morava e o que fazia.
Disseram-lhe que era do Calhabé e que andava a estudar. Encheu-se então de coragem, esqueceu a sua congénita timidez, e resolveu ir até ao Café Aquário que ele frequentava, para esvaziar de uma vez, de dentro do seu peito, esse segredo dolorosamente guardado há mais de um mês.
Com ar melancólico, sentada na sala a abarrotar de gente, ela disse-lhe em voz sussurrada quase sem mexer os lábios, que o amava loucamente, desde que há um mês o vira na Baixa. Pedia-lhe apenas que ele lhe desse a oportunidade de se conhecerem, de trocarem impressões...
Desde esse dia, não pensava em mais ninguém senão nele, quase não comia, acordava de noite a pensar nele ao seu lado, continuava ela a dizer-lhe, numa voz baixa, quase imperceptível, para não ser ouvida pelas restantes pessoas que estavam no Café.
Concentrado na leitura do Diário de Coimbra, de onde por vezes levantava os olhos, com ar alheado, parecia que ele, estranhamente, ainda nem tinha dado pela presença daquela bonita rapariga sentada na mesa ao lado.
Foi então que o Feliciano, apressado, entrou de rompante no Aquário, pediu uma bica ao balcão, e, reparando na presença do seu colega a ler o jornal, elevou a voz e berrou-lhe com o seu potente vozeirão:
- Estás bom Pedro? Não vais às aulas hoje?
Como não tivesse resposta, nem sequer um ligeiro aceno, deu a volta, postou-se mesmo em frente dele e repetiu a pergunta gritando ainda mais alto, perante o ar atónito e espantado da rapariga que não percebia a razão de tanta berraria.
- O seu nome é Pedro?, perguntou-lhe ela no mesmo registo de voz sussurrado com que antes lhe tinha estado a confidenciar a sua paixão.
O Feliciano, virou-se para ela e disse-lhe. Chama-se Pedro, é verdade, mas se quer que ele lhe responda tem de lhe gritar. É surdo que nem uma porta!
E tem a mania de só colocar o aparelho quando está nas aulas, concluiu...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Sai! Sai!...

crica para visitares a página John & John de d!o

21 maio 2011

Par a par, qual o melhor?

Brilho

Saboreio todos os segundos da tua presença aqui. Embebedo-me no teu corpo, que me envolve como se me pertencesse.
Alucinada, vagueio sem rumo, volteando como tonta em torno da minha loucura, e chamo-te 'meu amor'. Acaricio com ternura cada contorno do teu rosto, a minha boca vai seguindo a minha mão e deposita beijos em todas as linhas que percorri.

Deixo-me ficar incontida e louca, apoiando-me no teu ombro, durante todas as horas de todos os dias em que nos amámos.
E assim, cansada na exaustão de nos possuirmos, vou desejar que amanhã estejas de novo presente, para me poderes trazer todas as flores que colheste e guardaste no teu coração.

Vou então, poder devolver-te a chama dos teus olhos vivos quando me amavas, naquele silêncio que era só teu....nesta ânsia premente do futuro incondicional.

Texto de Paula Raposo

Pipoca & Nanquim - BD erótica no Brasil

20 maio 2011

10 Coisas que não deves fazer numa Sexshop

Monstrinha

Talvez não nos falte bondade. Talvez não nos falte empatia. Talvez não nos falte amor no coração, piedade nas mãos, vontade de abraçar. Talvez ninguém seja mesmo cego, talvez nem nos falte a vontade de ver. Talvez seja uma questão de paciência; talvez seja o nosso único pecado, a nossa única falha no castanho dourado, liso, quente, na superfície da nossa madeira, a falta dela, da paciência, uma pequena falha, rugosa, pontiaguda, pica, arranha. Só isso. É porque há muitos semáforos, demasiados semáforos, por lá se esticam mãos abertas, engasgamo-nos, constantemente, a cada quinhentos metros de cidade em olhos que pedem e imploram, em batidas insistentes no vidro da janela, para que abra, para que compre, para que dê, para ouvir da fome, da dor, do frio, dos filhos, lavagens forçadas ao pára-brisas, espuma pelos olhos adentro, arde, arde, a cara vira-se, não tenho, não tenho, não tenho, dinheiro, cigarros, não abro, não. São demasiados, muitos, muitos, incontáveis semáforos. Os semáforos, sim, as pessoas nunca são demais, nós somos bons e as pessoas nunca são demais mesmo quando são mendigos ou marginais, os seres humanos são bons, piedosos, caridosos, atentos, calorosos. Os seres humanos são bons, piedosos, caridosos, atentos, calorosos, meu Deus, a culpa não é nossa ou dos outros, a culpa é dos semáforos, meu Deus, por favor, por favor, peço-te, na tua enorme generosidade, no teu imenso Amor, acaba com todos esses semáforos. Deixa-me só um, um apenas, um que me lembre que eu e as palavras somos o pedinte e o semáforo e o marginal e o semáforo para cada dia batermos mais na janela, para cada dia pedirmos mais.

e eis o que encontro no Museu Reina Sofia (Madrid)


coisas perversas. diz que é surrealismo e não sei quê!

e na rua até se encontra o preço a que está... o broche!




Toda a ajuda é válida



Capinaremos.com

19 maio 2011

ARDILmente


« Gosto de sentir cada um dos teus dedos. É única e perene a fluência dos seus movimentos, por detrás da explosão.

Na noite, o sítio nasce e um rio acende-se no meio das palavras.

Nu lugar...!

Estou aqui, enquanto os como. Debruça-se o polegar. A tua pupila a escorrer de olhos em par. Todo vergando fogo. Chamejam movimentos. Paredes em transe. Visões explodem em cada um dos nossos espelhos.

Hipnótica, afunda-se a ostra, no teu olhar, que se ergue sobre mim antes da batalha...»

Amistad



Se a juventude nos faz viver as coisas de um modo leve e descomprometido, à medida que a idade avança, a maturidade permite-nos olhar para a vida sob outro prisma, clarificar aquilo que queremos ou, quanto mais não seja, dá-nos a noção clara, daquilo que não queremos...
Por estranho que pareça, chego a esta provecta idade com um número restrito de amigos. Ao contrário do que pode fazer crer a banalização da palavra "amigo", hoje endeusada indiferentemente para definir toda a espécie de contacto humano, dos meros conhecidos aos magoados ex-amantes, a amizade é a mais exigente das relações humanas. Por outro lado, quando a amizade do amor se esgota, resta-nos a fidelidade dos amigos que supomos à prova de desgaste, porque não é feita do frágil tecido do desejo.
Que o comportamento natural do ser humano é estar aberto à vida e ao amor, já todos sabemos...só que entretanto, a estrutura genética faz-nos acreditar que não é assim, que devemos estar fechados e desconfiados. No entanto, uma parte da personalidade é composta por condutas aprendidas, sobre as quais é possível actuar e, por conseguinte, modificar. Mas também se temos de aprender a viver com as heranças do passado, por muito pesadas que sejam, os pesos do presente, podem sempre ser descartados ou minorados se nos esforçarmos nesse sentido.

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Gatos


18 maio 2011

Sem alma pioneira

Gosto de me acreditar uma pila de bem, cumpridora da lei, atinada.
Porém, existe uma parte de mim que se deixa influenciar pelo coiso que trago agarrado e nem sempre o gajo é boa influência.
Sim, apesar de ser uma pila decente (excelente, segundo dizem) tenho no meu percurso a mácula de crimes que pratiquei de forma involuntária, apanhado de surpresa pela iniciativa do coiso agarrado a mim e sua natureza marginal.
Sei que não há duas passarinhas iguais, são como as impressões digitais e existe sempre um detalhe que as distingue do resto da passarada. Ouvi até contar que as há mais renitentes, inacessíveis, sem contacto conhecido com qualquer piroca!
Claro que julguei tratar-se de um mito urbano. Mas naquele dia o coiso agarrado a mim enfiou-me, desprevenido, numa dessas fortalezas com portão reforçado. Aquilo parecia um mostruário ambulante da Securitas. E eu percebi logo que estava metido onde não era chamado, aquela passarinha tinha o caminho barrado e cabia-me, só o percebi nessa altura, a tarefa de literalmente arrombar a porta e tomar de assalto o espaço que, estando assim vedado, era com certeza proibido e por isso ilegal.
Quase desfaleci quando me percebi metido na boca da loba (a boca em sentido figurado, claro) e sem hipótese de bater em retirada sem me comprometer enquanto cúmplice do coiso que me empurrava contra a muralha defensiva com menos aceleração, é certo, mas com o mesmo vigor a que me habituara.
Fiquei ali sem saber muito bem o que fazer, mas às tantas percebi que já estava mergulhado no esquema até às orelhas (em sentido figurado também, naturalmente) e mais valia tratar do assunto quanto antes, para evitar ao máximo ser apanhado com a boca na botija ou a coisa agarrada à passarinha desatar práli aos gritos como já me tinha acontecido tanta vez.

Bom, lá acabei por consumar o assalto à piroca armada e quebrei as defesas daquele bastião anti-piroca. Mas só eu sei o que me custou, aquela tensão permanente, o medo de ser apanhado por algum sistema electrónico de vigilância (uma piroca às escuras não consegue topar, por exemplo, uma webcam lá instalada) e aquela sensação desconfortável de não se saber se no meio de tanta cabeçada no portão não se deu cabo de alguma dobradiça. Uma nóia, digo-vos eu...

Claro que muitas pirocas não acreditam em mim quando lhes falo desta experiência (não digo que era eu, claro, digo que apenas ia a passar e testemunhei a ocorrência). Dizem que nunca entraram numa dessas passarinhas e acham que não passam de invenções de pilas com pouca rodagem ou com problemas no motor de arranque, desculpas de mau pagador.
Mas eu estive lá e vivi essa aventura marcante, esse momento traumatizante que algumas (muito poucas) pirocas mais batidas diziam ser pintado pelos coisos agarrados a nós como uma espécie de vitória, por serem os primeiros a desbravar esses territórios por explorar.

Mas a mim só apetecia chorar, de remorso.
Pelo menos até ao dia em que a coisa agarrada à tal passarinha telefonou ao meu apêndice a pedir para lá irmos outra vez...

catroguelhos


de Catroga os seus conselhos
neste país de penúria
nem os ouço mas pintei-lhos
num bravo acesso de fúria

de tais pêlos por desvelos
deste mestre em seus espantos
o melhor é assim tê-los
não um nem dois mas sim tantos!

e no recanto sagrado
de purezas tão medonhas
podemos ver sem agrado
que até tapam as «vergonhas»...

Acordar

Dou por mim sentada numa cadeira, as mãos unidas no colo, os olhos fechados e o sono quase me leva; assim acontece quando os pensamentos são quase sonhos; reinvento e acrescento; daqui, nada quereria subtrair.
Ontem não dormi, estou cansada, tenho sono, não faz mal, ouvi-te sonhar acordado a noite inteira, o teu sonho era - sou - eu.
Olho para ti, não sei o que dizer, o laço da ternura na língua e nada chega; tiro a camisola e mostro-te o peito, podes ler-me com o teu corpo, ouvir-me com as tuas mãos sobre mim; faz muito tempo que foste escrito, inscrito, pintado na minha pele, tudo ficou aqui, saberás entender todas estas linhas, elas continuavam a perguntar-se por ti; podes sonhar mais e mais e acordar, todos os dias, sem medo de deixar o sonho no sono, eu acordo também, eu também sonho, eu também acordo aqui.

C******* f**** os asteriscos



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17 maio 2011

História do Carochinho

Era uma vez um homem sessentão, senhor de transcendentes decisões que influenciam o mundo e que se passeava nu (!) pelo seu quarto de hotel, em Nova Iorque.

De súbito e inesperadamente, entra quarto adentro uma inexperiente jovem de trinta e tal anos, presumivelmente guineense, que lhe vinha arrumar o cómodo, sem se ter apercebido que ele ainda estava ocupado pelo tal sessentão, ainda para mais nu (!), que, por mera e fortuita circunstância de enredo, ocorre ser uma das personagens mais importantes do cenário político mundial.

Então, quiçá proporcionada pelos deuses do Olimpo da Alta Finança, o desgovernado e nu (!) sessentão atira-se à inexperiente jovem de trinta e tal anos, guineense, – pode presumir-se que, entretanto, tenha corrido o ferrolho da porta do quarto, por elementar medida de recato e prudência… - e, habituado como está a decisões de peso, logo ali a agarra, lhe rasga a bata do hotel expondo as inexperientes carnes, a domina, a subjuga – que ele é homem dado a subjugações - e não é de modas: sexo oral e sexo anal e sexo etc. e tal, como se não houvesse amanhã…! E, já agora, como se amanhã não tivesse agendadas reuniões daquelas que fazem o mundo girar mais depressa ou, até, em sentido contrário ao costumeiro movimento de rotação da Terra.

Podemos imaginar que a inexperiente jovem de trinta e tal anos, presumivelmente guineense, seria tão perdidamente boa que qualquer homem nu (!) no seu quarto de hotel fosse incapaz de resistir e tresloucadamente, dir-se-ia, num ápice sentisse descontrolados ímpetos de lhe saltar para a espinha.

Depois, coberto de arranhões e de sémen (?), o sessentão ainda nu (!) enverga apressadamente o seu fato e sai a correr, deixando para trás o telemóvel – peça determinante no enredo – deixando também a barba por fazer e sem ter providenciado higiene mínima que o aliviasse do desconforto de ficar com a roupa toda enlangonhada em contacto com a sua curtida e pecaminosa pele.

Ah, deuses das coisas pequenas, valei-nos nestes transes! A jovem inexperiente de trinta e tal anos, presumivelmente guineense, descomposta oral e anal e etc. e talmente, sai cambaleante do quarto, exaurida de forças, mas determinada na atitude, chama a polícia novaiorquina, famosa pela sua operacionalidade em matéria de sexo, cuja vai a tempo de deter o sessentão, agora já mais composto com o seu fato, mas ainda de barba por fazer, em fuga para um qualquer restaurante onde parece que iria ser alegadamente sonegado à longa mão da justiça americana por alguns outros comensais, que já o esperavam para o efeito…

Detido e já presente a juíza competentíssima, o sessentão que, por agora, continua vestido, vê confirmadas as acusações pelo sémen espalhado pelo seu corpo (?) e pelos conspícuos arranhões que a inexperiente jovem de trinta e tal anos lhe terá produzido na cútis, em partes anatómicas até agora não esclarecidas.

Sabem o que é que eu vos digo? Ainda bem que eu não tenho dinheiro nem motivação para ir para um hotel de Nova Iorque… Aquilo é do piorio. Lembram-se da cena do Carlos Castro? Serão coisas que andam no ar e influenciam perniciosa e descontroladamente os europeus que lá caem?

Não, mas desculpem lá, se vocês, leitores machos, estivessem passeando no vosso quarto de hotel novaiorquino, completamente nus, e vos entrasse uma inexperiente jovem de trinta e tal anos, supostamente guineense, quarto adentro, toda ela vassouras e atoalhados, com uma daquelas batas que são um apetecido fétiche… han? Han…?

Em boa verdade vos digo – e é sabido - que um homem não é de pau.

E uma inteira e auspiciosa carreira num ímpeto de carne fraca, derramando sémen com absoluta improvável profusão com uma inexperiente jovem de trinta e tal anos, supostamente guineense… convenhamos, caramba, é de Homem! Estúpido demais para ser verdade, mas de HHHHomem, com tantos H quanta a dimensão da estupidez humana!

Isto, claro, foi tudo quanto respiguei dos extraordinários órgãos de «comunicação social» (ou sexual?) que tão proficuamente nos contam as fábulas das nossas vidas! E, como é evidente, sinto-me esclarecido c’umò caraças.

Possíveis morais da história, sendo verdadeira ou falsa – o que é inteiramente indiferente:

- somos todos feitos da mesma massa;

- no melhor corpo diplomático cai a pior nódoa de sémen;

- é muito arriscado andar nu nos quartos de hotel de Nova Iorque;

- nem sempre uma jovem de trinta e tal anos, supostamente guineense, é atreita a assédios de sessentões todos nus que espalham sémen pela paisagem, como foguetes de lágrimas;

- com tal virilidade inusitada, face à idade, percebe-se porque é o FMI uma potência no concerto das nações;

- enquanto os sessentões choram os seus devaneios de juventude extemporânea, os sarkozys riem antecipando, ainda há pouco improváveis, vitórias eleitorais…

Sic transit gloria mundi.

A tranche



HenriCartoon

10 mulheres Colombianas em campanha pelas mamas sem silicone («naturales»)

Terceira pequena historinha de Ricardo Esteves

"'tão, bebé, tudo bem?..."

«Curta-metragem nº 6»

Que

Que não deixe de correr
Este leito nas minhas margens,
Levado pelo doce emaranhar
Do vento nos meus cabelos
E que não seque a magia
Deste meu doce amor,
Enquanto estiveres perto
Do rio da minha voz.


Poesia de Paula Raposo