30 novembro 2011

Vício de boca

Agradeço à tua boca os sorrisos que me oferece quando explode no teu rosto a beleza de uma luz natural como a que apenas o sol é capaz de produzir.
Agradeço-lhe também o som da respiração que escuto quando a noite acalma no nosso leito e adormeces no meu peito com uma expressão de felicidade em que pareces sorrir.

Agradeço à tua boca os lábios com que me toca sem nojos ou fronteiras a pele que não consigo despir, a única que possuo, e te agradece, enquanto te vejo dormir, os mimos generosos e os beijos tão gulosos que me viciam na doçura e me suscitam a ternura que depois convertemos em tentação, trabalho de equipa, e abraçamos a emoção mais intensa, a tua boca na minha e eu dentro de ti com a alma e o coração mais o corpo que te agradece a dádiva de tanto prazer.

Agradeço-lhe também as palavras que não ficam por dizer, essa língua genuína que se mostra tão traquina e se revela de igual modo perfeita em qualquer tipo de utilização.
O amor que se faz, empenhado, o mesmo amor que quando falado não desmente no que diz aquilo que a prática da tua boca teorizou e depois me provou como um apetitoso manjar.

Agradeço à tua boca o degustar do homem que sou, pelo amor próprio que esse teu prazer não disfarçado alimenta. A tua boca que me sustenta capaz de acreditar que vale a pena saber amar o todo e retribui-lo pelas partes de cada pormenor que te distingue da multidão.

Agradeço-lhe a distinção que me concedeu de poder tocar o céu.

Nessa tua boca divina, onde posso voar sem fim quando acolhes qualquer ponto de mim como um anjo numa nuvem envolve com as asas, ao som de uma harpa celestial, o espírito recém-chegado de um corpo abandonado porque entregue sem reservas ao mais supremo prazer.

E a minha boca a agradecer, com beijos e palavras que te dou, este sabor que se instalou em definitivo no palato onde convivo a todo o tempo com o teu gosto que me satisfaz, especiaria.

O picante abrasador dessa boca minha amante no calor de uma fantasia onde o teu sorriso sensual preenche as imagens mais arrojadas e as palavras atrevidas escritas sem cessar na expressão do meu olhar e proferidas pela tua boca que contemplo enquanto te permito dormir.

Até que te toco, irreprimível, e explode outra vez no meu rosto a luz incandescente que produz o teu sorridente despertar.
E eu agradeço nesse instante em que a tua boca dança no meu ventre ao ritmo de um poema beijado que o meu corpo apaixonado já não dispensa recitar.

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