31 dezembro 2012

Em primeiro plano

Fixei o olhar na gota de água, mas não tardei a perceber que aquilo que prendeu a minha atenção foi o ombro desnudo por onde ela deslizou.

«conversa 1918» - bagaço amarelo

(num hipermercado)

Eu - Então, por aqui?
Ela - Sim, o meu marido pediu-me para comprar lubrificante e não consigo decidir-me por um...
Eu - Há uns da Durex engraçados, mas são um bocado caros. O quente e o frio são fixes. O de Piña Colada cheira um bocado a anos oitenta.
Ela - Lubrificante para o carro... foi o que o meu marido me pediu...
Eu - Ah! Eu ia agora tomar café. Queres vir?
Ela - Acho que estás a mudar de assunto, mas pronto, vamos lá.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

McDonalds é um exemplo de comida obscena


Obscenatório
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Encontro fatal

Alguns casais não foram feitos um para o outro.



O amor nem sempre é lindo.

Capinaremos.com

30 dezembro 2012

Antonio Zambujo - «Flagrante»



Bem te avisei, meu amor,
Que não podia dar certo
E era coisa de evitar.
Como eu, devias supor
Que com gente ali tão perto
Alguém fosse reparar.

Mas não; fizeste beicinho,
E como numa promessa,
Ficaste nua para mim.
Pedaço de mau caminho,
Onde é que eu tinha a cabeça
Quando te disse que sim?

Embora tenhas jurado
Discreta permanecer,
Já que não estávamos sós;
Ouvindo na sala ao lado
Teus gemidos de prazer,
Vieram saber de nós.

Nem dei p'lo que aconteceu,
Mas, mais veloz e mais esperta,
Só te viram de raspão.
A vergonha passei-a eu:
Diante da porta aberta
Estava de calças na mão!

Letra: Maria do Rosário Pedreira
Música: António Zambujo

Sexo cru, sexo cozido


No início do ano um homem foi encontrado desmembrado e parcialmente cozido em um apartamento de Berlin. Acredita-se que a ação ocorreu durante um jogo de sexo entre os participantes e que acabou indo além dos limites.
O prazer sexual em comer o parceiro seguiu as entrelinhas e entranhas.
Há de convir que certas comidas cruas não tem um gosto muito agradável.
Fonte: The Local

Obscenatório - blog eliminado (censurado) pelo Wordpress

Brinquedos sexuais fazem a festa dos 50 anos da Orion (loja erótica da Alemanha)



Para quem interessar, a página da Orion é aqui.

«Flor contente» - postalinho

Foto enviada pelo Nelson S.


29 dezembro 2012

Homens, aprendam a lubrificar as vossas... bicicletas

«pensamentos catatónicos (281)» - bagaço amarelo

expectativas

Ela queria comprar uma carteira e pediu-me para a acompanhar. Suspirei. Se ir às compras já é um seca enorme, ir comprar uma carteira de mulher é o deserto do Saara. Mas fui, apesar do meu descontentamento em que ela fingiu nem reparar.
Namorávamos há um mês, se tanto, e ainda só tínhamos tido uma discussão, por causa duma nódoa de vinho que deixei cair num dos melhores vestidos dela. Naquele dia tivemos a segunda. E a última.
A certa altura ela já tinha umas vinte carteiras espalhadas pelo balcão da loja, para as quais espreitava como um lobo para dentro da toca dum coelho. Abria e fechava os fechos várias vezes, virava algumas do avesso e metia-lhes objectos nos bolsos para ver se cabiam. Em pouco tempo, a loja ficou a parecer o quarto duma criança hiperactiva.
Eu, que tentava desviar o meu olhar daquilo tudo, fui apanhado pela frase: "Ajuda-me aqui a escolher!". Senti-me um peixe fora de água, prestes a ser esmagado pelo olhar impaciente da vendedora. Apontei para uma qualquer, com o objectivo primordial de despachar aquilo tudo, e disse: "Esta!".

- Porquê? - Perguntou ela como se me estivesse a encostar à parede.
- É a mais fixe... - e abanei os ombros.

Deixou aquele monte de cadáveres de carteira em cima do balcão, pegou-me pelo braço e levou-me lá para fora. Caminhámos uns minutos envolvidos por um pesado silêncio até, com um ar greve e sério, me ter dito que queria ter uma conversinha comigo. Entrámos num café onde eu pedi um fino e ela não pediu nada. Aquele sítio era apenas o cenário para me dar um sermão.
Explicou-me tudo o que esperava de mim em todas as situações, como se eu fosse uma máquina programável. Quando pedia ajuda para uma compra, eu tinha que me interessar realmente pela compra; quando alguém lhe passasse à frente na fila do supermercado, eu tinha que a defender; quando me desse a mão na rua, não era para eu a abraçar. Desfiou ali um rol de acontecimentos em que eu já tinha falhado no cumprimento das suas expectativas.

- Não tens nada para dizer? - Perguntou no fim.
- Não.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Licor medieval «Levanta o pau - forte»

Elixir na minha colecção... não vá o diabo tecê-las.


Um sábado qualquer... - «Bastidores de um grande acontecimento 1»



Um sábado qualquer...

28 dezembro 2012

Acta 14: "A assembleia foi suspensa por falta de ar."

Sempre que alguém do contra abria a boca, a mulher tossia como se estivesse para morrer tuberculosa ou estivesse a pontos de expelir um ser qualquer que se lhe alojara no sistema respiratório, e tossia até que a pessoa se calasse ou dissesse algo que lhe agradava.
– A senhora, se não consegue parar, tem de sair – avisou o administrador do condomínio, em tom pausado e cordato, depois de mais um ataque de tosse que fora em crescendo até ao silêncio de quem falava.
– Certas conversas, de certas pessoas, fazem-me alergia, senhor presidente – respondeu a mulher. – Não consigo fazer nada – disse, cândida enquanto olhava em volta provocadoramente. – Peço desculpa.
– Eu sou capaz de compreendê-la – rematou o presidente – mas temos de fazer um esforço, D. Alzira. Há pessoas que parece que não sabem viver em sociedade, quanto mais ser vizinhos num prédio. Temos de ser compreensivos.
– Eu sou, senhor presidente, eu sou – replicou a D. Alzira, sempre sorridente. – O senhor sabe que não há ninguém mais compreensiva do que eu.
– Eu sei – concordou o presidente, piscando-lhe sorrateiramente o olho.
– Mas os meus pulmões é que não têm a mesma compreensão e paciência do que eu, senhor presidente. Não têm a mesma resistência da dona…
– Com isso é que já não posso concordar – interrompeu o presidente, aéreo, lembrando-se do longo e elaborado fellatio que ela lhe tinha feito na piscina do condomínio, nessa tarde, enquanto preparavam a reunião. – A senhora tem uns grandes pulmões, D. Alzira… – O presidente calou-se, ligeiramente corado: a frase, apesar de verdadeira em mais do que um sentido (dois, pelo menos, eram evidentes e pareciam querer saltar da blusa da D. Alzira), soara-lhe mal, demasiado brejeira e dada a más interpretações, o que o seu olhar estarrecido para o recheio da blusa da mulher ainda piorava. O homem tossiu, olhou para o tampo da mesa, sem conseguir compreender porque pensara em fellatio e não em broche, e explicou sem pensar no que estava a dizer: – A senhora tem uns pulmões com grandes capacidades. Grandes capacidades e evidentes qualidades, D. Alzira. Consegue até passar longos períodos debaixo de água e…
A mulher começou a tossir como uma desesperada, mais alto e com mais energia do que alguma vez fizera e com tanta verosimilhança e convicção que acabou por ficar sem ar.

O sexo literário é melhor que o sexo real?


Para a romancista Jennifer St George, conforme o Sydney Morning Herald, o sexo literário é realmente muito melhor que o sexo real. Suas personagens parecem viver intensamente a vida sexual, transando na mesa do chefe, em elevadores ou na piscina, conta a escritora.

No fundo o que parece é que Jennifer não tem uma vida sexual como a de suas heroínas, e escreve suas fantasias, o que ela realmente gostaria de vivenciar, coloca no papel histórias que invadem sua mente e seu corpo, fetiches que a deixam excitada e, por fim, resolve fazer uma história sobre essas fantasias. Mas na verdade ela lamenta não viver esta realidade.

A literatura erótica é fundamental para entreter, informar e fazer sonhar o(a) leitor(a). Foi com esta literatura que muitas reivindicações feministas e homossexuais ganharam força. O poder desta forma literária é justamente o de libertar as pessoas da cultura conservadora. Mas jamais estará na condição de ser substituído pelo real prazer do sexo.

Ao que me parece, Jennifer St George não sabe escrever romances eróticos assim como não sabe fazer sexo.

No final do texto escrito no jornal australiano, a autora diz que geralmente gosta de escrever em um Café, mas que não poderia escrever cenas sexuais neste lugar, pois as pessoas a veriam ruborizadas. Que escritor ou escritora teria vergonha de sua própria escrita erótica? Talvez a E.L. James, dos 50 tons de cinza, o sexo mais apático da literatura contemporânea, feito para senhoras do século XV.

Obscenatório
obscenatorio.wordpress.com - blog eliminado (censurado) pelo Wordpress

Último sopro


Como se me arrancassem este último sopro
que me aquece nas noites frias de Inverno…
Hálito quente que se esvai em fumaça pálida
por entre as nuvens negras da alma
e o gelo cristalizado em estalactites de lágrimas…
Cinjo-me ao teu corpo de pedra e água,
nascente que germina quando o deserto ameaça
espraiar-se até aonde a vista alcança o oceano
e secar o mais ínfimo vestígio de vida humana!



Lua Cósmica
http://luacosmica.blogspot.pt

Elas só pensam nisso

Na verdade isso as faz relevar algumas coisas.



Não tem problema você ser um pouco peludo, amor.

Capinaremos.com

27 dezembro 2012

Lenore Kandel


Poeta visionária e activista da contra-cultura, Lenore Kandel (1932-2009) é associada à "Beat Generation". Jack Kerouac imortalizou-a no seu romance Big Sur (1962) na personagem Romana Swartz. Publicou dois livros de poesia: Word Alchemy (1967) e The Love Book (1966). Kandel denominou os seus versos de erótica sagrada. Quando questionada se era religiosa, respondeu "Yes, and everyone who makes love is religious."
O seu poema "To Fuck with Love", provocou grande polémica e foi censurado. Constitui a sua afirmação mais dramática acerca da ligação entre o amor, o êxtase e a iluminação do espírito.

…the tongue between my legs spreading my thighs to screams
and I burst I burst I burst
…my god the worship that it is to fuck!
(...)
I am the god-animal, the mindless cuntdeity, the he-god animal
is over me, through me we are become one total angel
united in fire united in semen and sweat united in lovescream
sacred are our acts and our actions
sacred are our parts and our persons
(...)
to fuck with love
to love with all the heat and wild of fuck
…leaving me pure burned into oblivion
…SCREAMING DELIGHT over the entire universe
and beyond
…the energy
indescribable
almost unbearable

(excertos de "To Fuck With Love")

“Love-Lust Poem,” (World Alchemy) celebra a expressão extática do amor.

I want to fuck you
I want to fuck you all the parts and places
I want you all of me
…I am not sure where I leave off, where you begin
is there a difference, here in the soft permeable membranes
…and the taste of your mouth is of me
and the taste of my mouth is of you
and moaning mouth to mouth
…I want you to explode that hot spurt of pleasure inside me
and I want to lie there with you
smelling the good smell of fuck that’s all over us
and you kiss me with that aching sweetness
and there is no end to love

blog A Pérola

«Bocapedro Oom» - Patife

Ontem dei uma pinada com a técnica do carrinho de mão. Depois detive-me a pensar que se pode foder de todas as maneiras e feitios e lembrei-me do Pedro Oom, que também achava que se podia escrever de todas as formas. São acções similares e ambas igualmente dignas. O Oom usava a caneta, eu uso o pincel. Mas a finalidade é a mesma: deixar uma marca na História. Apesar de eu também deixar marcas em muitas pachachas. É uma espécie de extra. Por isso, hoje acordei a pensar que se o Bocage e o Pedro Oom fossem um só, haviam de ter escrito poemas de inigualável singularidade ordinário-surrealista. E se o Bocage e o Pedro Oom fossem um só, teriam certamente criado coisinhas poéticas lindas assim:


Pode-se foder

Pode-se foder sem pornografia
Pode-se foder com sintaxe
Pode-se foder em português
Pode-se foder uma língua sem conhecer essa língua
Pode-se foder sem saber foder
Pode-se pegar no falo sem haver foda
Pode-se pegar na foda sem haver falo
Pode-se pegar no falo sem haver falo
Pode-se foder sem falo
Pode-se sem falo foder o falo
Pode-se sem foder foder isto tudo
Pode-se foder sem foder
Pode-se foder sem sabermos nada
Pode-se foder nada sem sabermos
Pode-se foder e saber a nada
Pode-se foder nada
Pode-se foder com nada
Pode-se foder sem nada
Pode-se não foder


Patife
Blog «fode, fode, patife»

Luís Gaspar lê «Pela noite» de Arseny Tarkovsky

"Pela noite concedias-me o favor,
Abriam-se as portas do altar
E a nossa nudez iluminava o escuro
À medida que genuflectia. E ao acordar
Eu diria “abençoada sejas!”
Sabendo como pretensiosa era a bênção:
Dormias, os lilases tombavam da mesa
Para tocar-te as pálpebras num universo de azul,
E tu recebias esse sinal sobre as pálpebras
Imóveis, e imóvel estava a tua mão quente."
Arseny Tarkovsky

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«DeviantART CENSURE» - por Luis Quiles


"Este dibujo me lo acaban de eliminar de la web deviantART. Según sus normas inquisitorias porque lo consideran pornografía, aunque el dibujo no tenga un sentido sexual, ellos deciden cambiar la definición de pornografía y atribuirla a cualquier trabajo artístico que exhiba penes erectos o vaginas abiertas.
Y esto da pábulo a todo tipo de alimañas, eunucos, fanáticos religiosos, fascistas y reprimidos sexuales que actuan como las juventudes hitlerianas siguiendo unas normas fascistas denunciando todo tipo de trabajos que no entran en su concepción de arte para que los administradores de deviantART eliminen estos trabajos y así ellos puedan seguir viviendo en su mundo feliz donde se censura la sexualidad de la gente y se acepta todo tipo de violencia (no la sexual por supuesto)
Que le jodan a las reglas y a los putos fascistas, hipócritas moralistas."


Luis Quiles

26 dezembro 2012

Paleio de ganhador wannabe

O atleta em mim: Adoro preliminares, mesmo. Mas só quando sei que consigo o apuramento para a final.

«conversa 1937» - bagaço amarelo

Ela - Os homens são todos iguais.
Eu - São?
Ela - São. No princípio fingem que não, mas com o tempo passam a vida a dar peidos e já nem se importam...
Eu - Nunca tinha ouvido falar em tal coisa.
Ela - Pergunta às tuas amigas se não é assim.
Eu - Não me apetece perguntar às minhas amigas se os maridos delas são um caso de flatulência crónica.
Ela - Porquê?
Eu - Porque não.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Os mortos têm direitos? Como eles os reivindicam?


Pode alguma legislação conceder direito aos mortos?

Um fato recente, na Suécia, foi a prisão de uma mulher que guardava ossos para fins sexuais. O acontecimento tem sido noticiado como uma violação à paz dos mortos. Não conheço as leis suecas, mas, o que ocorre em muitos países não é bem isso, pois mortos não têm direito. O que há na verdade é a pertubação dos sentimentos para com aqueles que estimam o morto (direito ao respeito póstumo).

No apartamento da mulher foram apreendidos ossos e fotos em que ela tinha feito sexo com o esqueleto. Em depoimento a criminosa disse ter comprado os ossos pela internet, e que vieram de várias partes do mundo. Ela alegou em fóruns da internet o direito de ter um relacionamento com um esqueleto.

"Desejo um homem como ele é, seja vivo ou morto. Permite que eu encontre a felicidade sexual 
paralelamente", foi a afirmação da acusada.

Infelizmente o esqueleto não estava vivo para dizer se estava satisfeito com a relação. Se casassem, ele teria direito ao divórcio e à parte dos bens.

Obscenatório
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Por que as pessoas se casam



Via Testosterona

25 dezembro 2012

«morde os braços» - Susana Duarte

morde os braços,
na ausência das nuvens
onde Eros e Psyché deram as mãos.

no silêncio da altura vislumbrada,
na raiz das virtudes e de todos os embaraços,
eis a noite sonhada dos abraços
e dos corações descobertos
_________________

...
em céus encobertos
onde as nuvens
apenas
iludem.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Eva portuguesa - «O quadro»

Tentei esquecer, passar por cima da desilusão, fingir que nunca nos tínhamos conhecido. Mas não consegui.
Foste um sonho e uma esperança... foste a promessa de uma vida melhor... foste quem disse que, juntos, realizaríamos os meus sonhos, também eles teus.
Mas não tiveste coragem de avançar... recuaste no último instante... desististe do teu sonho...
E, meu anjo imaginário, não te critico nem culpo... apenas choro a morte dos meus sonhos, que enterraste juntamente com o teu...
Mas não esperava que, ao renunciares ao teu grande sonho, desistisses totalmente de mim...
Abandonaste o que mais querias e abandonaste-me a mim...
Pintaste um quadro lindo, onde existíamos nós dois e uma vida perfeita. Mostraste-mo e perguntaste-me: queres? Aceitas?... E eu peguei nesse quadro maravilhoso e juntei-lhe mais detalhes, pedaços de sonhos e esperanças: um casamento descalça na areia, iluminada por um pôr do sol resplandecente, uma vivenda, uma família feliz, um jardim e um cão, um filho...
E perguntei-te: gostas? Aceitas?
E tu disseste que sim...
E quando íamos pendurar esse quadro pintado com os sonhos de ambos, tu saíste apressado, dizendo que não podias, que ias abdicar do teu sonho...
E eu fiquei sozinha, com um quadro esborratado nas mãos, onde antes brilhavam sonhos coloridos. E agora apenas continha farrapos de tinta... farrapos de sonhos, de esperanças e ilusões...
E não sei que fazer com esse quadro, pois não fui capaz de me desfazer dele, mas também não o quero comigo...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«Feliz Na tal» - Lourenço M.

Sou uma piloca às direitas
Cumpro as minhas funções
sem sonhos nem ilusões
mas amo coisas bem feitas

Com orgulho natural
prezo aquilo que faço
e como não sou de aço
giro o meu potencial

Mas tenho pena afinal
de por vezes fraquejar
pois gostaria de estar
sempre, e feliz na tal.

Lourenço Moura

Encontrei o burro que saiu do presépio!

Está na minha colecção, bem contente e entretido, nesta estatueta em bronze do Nepal.


24 dezembro 2012

Bar Rafaeli faz de Pai... digo, Mãe Natal

«maria» - bagaço amarelo

É verdade que o menino Jesus cresceu e fez montes de milagres. Multiplicou pães e vinho, curou cegos e paralíticos. Depois disso, só o Pai Natal é que o conseguiu derrotar. Para além de ter renas voadoras, pôs milhões de pessoas, um pouco por todo o mundo, a gastar dinheiro que não têm para comprar coisas que não precisam, e bate-o aos pontos em popularidade.
Do milagre da Maria, mãe de Jesus, é que pouco se fala. Quer dizer, fala-se, mas ainda assim é um milagre secundário comparado com os do seu filho ou com os do gordo barbudo. A mulher engravidou mantendo-se virgem o que, convenhamos, é ainda mais incrível do que renas a voar, paralíticos a andar ou cegos a ver. Da multiplicação do pão e do vinho já não digo nada, porque quando a coisa mete vinho pelo meio é comum começar a ver a dobrar.
Serve este texto para dizer que eu considero que Maria conseguiu, de facto, um milagre enorme. Não através da acção do Espírito Santo no seu ventre, mas sim através da sua inteligência. Não é preciso muito para ver o que acontece a uma mulher adultera, ainda hoje, em alguns grupos sociais com maior fervor monoteísta. Na melhor das hipóteses, sobrevive depois de levar uma valente sova, mas o mais normal é acabar alguns palmos debaixo da terra.
Foi sempre assim que as coisas acabaram para as mulheres em regimes onde o poder político e a religião se confundem. Olhemos para a Inquisição ou para a recente introdução da Sharia na Nigéria. As mulheres saem sempre a perder, a não ser que se dê um milagre. Com a Maria deu, porque ela o soube criar.
Boas festas!


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Alguém quis passar mensagens com as luzes de Natal em Brighton

Você já montou seu pinheirinho?

Saiba que existe preconceito entre eles.



Enfeite seu pinheiro de uma maneira máscula.

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23 dezembro 2012

«Wanted Melody»

Hipocrisia brasileira critica anúncio da Duloren


A imagem acima foi uma campanha da Duloren para o primeiro semestre de 2012. Contudo, o Conar vetou a veiculação do anúncio alegando machismo, preconceito, racismo entre outras barbaridades. Sim, caro leitor, barbaridades. E deixo para você, leitor, que provavelmente assiste a recente novela da TV Globo, em que há o envolvimento de um soldado com uma moradora da favela, cujo encontro entre ambos foi extremamente ridículo, marcado por uma cena em que o militar, numa discussão com a futura amante, prende-a sem qualquer alegação legal, deixo sim, a reflexão do assunto. Abuso de poder, preconceito e machismo estavam presentes na cena. Mas quem criticou?
Sinceramente, sou muito crítico a diversas campanhas publicitárias, marcadas por estarem cheias de machismo e preconceito, vide as propagandas das marcas de cerveja. Contudo, além de ousada, a campanha da Duloren não apresenta nenhuma mensagem racista, discriminatória ou preconceituosa. Ao contrário, mostra o lado sedutor da mulher, sobretudo, o lado guerreiro e forte, em que a mulher não se rende às vontades dos homens. Negra sim, como é a maioria das mulheres das favelas, acostumadas com o abuso dos homens, e que vem na campanha mostrar a força feminina.
Infelizmente esta é a realidade do brasil, um país hipócrita. Enquanto isso vamos vendo a Xuxa na Globo disseminando um funk machista para os jovens.

Adendo (às 10:31 de 25/10): importante ressaltar que a campanha critica um fato que ocorre nas pacificações: os abusos de policiais, o uso da força e da autoridade para dominar as mulheres e usar da violência.

Obscenatório
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Música no coração


O Senhor Doutor sabe melhor que eu que aos 18 anos as hormonas estão aos saltos e apaixonei-me então pela doce toada de um violoncelista, com ele a tanger o seu corpo contra o meu, a tocar cada poro da minha pele como uma corda vibrátil, num solo molto vivace de cama húmida do suor dos nossos corpos.

Ele era fã de música minimal repetitiva e adorava improvisar no seu violoncelo e vai daí que, em vez de me esfregar a toda hora e em qualquer lugar, como a nossa idade sugeria, levava-me para um estúdio arrendado à hora, com vários instrumentos e equipamento de gravação para o acompanhar ao piano nos seus solos quando eu só sabia tocar a escala e o toca o sino sacristão que são dois dó e quatro ré indefinidamente. 

E nestes ensaios passaram-se meses Senhor Doutor, que eu até já tinha os dedos engelhados de tanto me contentar com eles e sonhava que uma clave de sol me penetrava mas se dissolvia no ar chilreando temas do Música no Coração que, com uma piscadela de olho e um dedo nos lábios da minha boca entreaberta lhe comuniquei que me ia que a minha especialidade são instrumentos de sopro e, percussão.

Por debaixo dos panos...

"É debaixo dos pano
Que a gente esconde tudo
E não se fica mudo
E tudo quer fazer
É debaixo dos pano
Que a gente comete um engano
Sem ninguém saber..."

Ney Matogrosso

22 dezembro 2012

Pornografia das flores... para promover cerveja russa

«conversa 1935» - bagaço amarelo

Ela - Gostas de mulheres mais altas ou mais baixas?
Eu - Nem sei. A altura não é determinante, na minha opinião.
Ela - É que eu estou um bocado farta de ser tão alta.
Eu - Tens o quê? Um metro e oitenta?
Ela - Um metro e setenta e seis.
Eu - Nunca te tinha ouvido a dizer que não gostavas de ser alta...
Ela - Sim, comprei uns sapatos com quinze centímetros de salto e não os consigo usar. Desequilibro-me toda!


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Bonequinhas com vestido que se destaca

Saquetas de plástico que julgo serem dos anos 70 e que me parece serem, pelas instruções, ambientadores para carros.
A bolsa exterior tem o vestido impresso. Destacando o interior da bolsa, a mulher fica nua.
Oferta do Lourencinho para a minha colecção de arte erótica.


Um sábado qualquer... - «Como eu nasci?»



Um sábado qualquer...

21 dezembro 2012

O fim do mundo foi hoje (está aí alguém a ler isto?)




Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)

"Nas tuas mãos"

Quando o viu aproximar lembrou-se de Florentino Ariza. Do Florentino Ariza que imaginou enquanto lia “O Amor nos Tempos de Cólera”. Faltava-lhe o chapéu mas de resto parecia-se com a imagem que fez da personagem enquanto a meio da vida adulta aquele se embriagava em sexo clandestino. Imaginara-o mais novo e mais alto. Mais descontraído e – via-o caminhar na sua direcção abrindo um sorriso tímido, incerto – mais leve. Até o ver nunca tinha pensado em Florentino Ariza mas agora, sabia-o com a certeza dos factos demonstráveis cientificamente, nunca os conseguiria dissociar. Nunca vira o filme mas tinha a certeza que o homem que parara à sua frente era muito mais aquele que o Bardem.
– Olá – cumprimentou-a o homem, abrindo um sorriso radiante que se espalhava pela face e pelos olhos.
– Olá – respondeu ela, aceitando os beijos que ele lhe deu.
– Acho que nem precisava do livro – gracejou ele.
– Para me reconheceres? – Perguntou ela, atabalhoadamente, sem conseguir decidir se lhe falava na parecença que lhe achava com a personagem literária. Havia muitas conotações e variáveis. Havia muitas ou nenhumas explicações para dar. Havia ideias e juízos que ele podia ou não fazer. Calou-se.
– Sim, claro – respondeu ele, sorrindo, enquanto esticava o braço, apontando para a esplanada onde se iriam sentar. – Vamos?
– Sim – disse ela, começando a caminhar. Ele parou para lhe dar passagem. Ela deu dois passos e voltou-se para trás. Não era Fermina Daza. Não era Fermina Daza e não ia ser mais ninguém. Esticou o braço e deu-lhe o livro que lhes servira da senha: – É para ti.

Universidade proíbe alunos do sexo masculino de se vestirem de ‘drag queen’


Matéria reproduzida de O Dia

Usar roupas femininas é tradição nas fraternidades da Bélgica; aluno que voltava para alojamento vestido de mulher é espancado e estuprado

Bélgica - Alunos do sexo masculino do Instituto Superior de Ensino da Universidade de Bruxelas foram proibidos de se vestir com roupas de mulher. A prática, que era comum nos rituais de iniciação, foi proibida depois que um estudante foi espancado e estuprado por uma gangue na capital belga.

Estudantes de fraternidades belgas (espécie de repúblicas) têm uma longa tradição de rituais de iniciação para novos membros, alguns dos quais incluem vestir o calouro com roupas de drag queen.

No mês passado, um estudante voltava para a fraternidade, no início da noite, vestido de mulher, quando foi atacado por um grupo de jovens. O rapaz foi levado para um estacionamento e, depois, roubado e estuprado pela gangue.

Um segundo estupro envolvendo um estudante do sexo masculino também está sendo investigado pelas autoridades da Bélgica.

A universidade emitiu uma nota informando a proibição dos rituais de iniciação, com um aviso controverso de que "certos grupos percebem o aluno vestido como drag queen como algo provocativo".
Bruno De Lille, ministro regional para a igualdade de oportunidades, criticou os chefes da faculdade por obrigar os alunos a abandonar seus rituais. "Eu sinto que a HUB fazendo tudo errado ao agir dessa maneira", ressaltou o ministro.

"E o que dizer de homens transexuais e mulheres, então? Eles também terão que se 'adapatar'? Como sociedade, devemos deixar claro para as vítimas que eles têm nosso apoio e dizer aos autores que seu comportamento é inaceitável e que eles serão severamente punidos", disse o ministro belga. As informações são do Sun.

Obscenatório
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Regresso ao mar



Nesta lama escura,
mergulho a pele cansada
que me veste a alma
como se fosse um fantasma,
de olhos turvos, cerrados,
ombros descaídos,
carregando o peso invisível da gravidade,
e as pernas trémulas, ajoelhando-se,
a cada passo mais lento e fúnebre,
como se não aguentasse mais a respiração da vida...

Mas antes que a terra líquida me engula a cintura e o peito,
agarras-me as mãos e salto para o teu dorso fresco de maresia...
Vens do mar, das ondas azuis de espuma branca,
da areia fina e clara, do horizonte torrado de violeta...
Assim que regresso ao meu castelo de água volto a ser sereia.

Lua Cósmica
http://luacosmica.blogspot.pt/

"As 50 sombras de... Didot" (as primeiras letras eróticas do Webcedario)


Webcedário no Facebook

20 dezembro 2012

Decameron - Os Enganos da Noite


(...) Ainda há pouco tempo, havia no campo arrabáldico do Mugnone um homenzinho em cuja casa os viajantes encontravam de comer e de beber por algum dinheiro. Era um homem pobre e a sua casa pequena. Apesar disso, sendo a necessidade grande, arranjava-se para nela acomodar não direi qualquer pessoa, mas, pelo menos, um cliente conhecido. Tinha uma bonita mulher e dois filhos: uma rapariga de quinze ou dezasseis anos, já boa para casar e muito atraente, e outro muito pequenino, de menos de um ano, ainda de mama.
   A rapariga tinha chamado sobre si a atenção de um gracioso e simpático fidalgo da cidade, que, no entusiasmo do seu desejo, ia com frequência ao Mugnone. Orgulhosa por inspirar uma paixão assim a um tal homem, a jovem esforçava-se por o reter na sua rede com olhares langorosos. A verdade, porém, é que ela própria se deixou prender. Em suma, um mútuo consentimento teria já várias vezes coroado esse amor se Pinuccio - era esse o nome do rapaz - não receasse para ambos a reprovação geral. No entanto, o amor era cada dia maior, e ele desejou vê-la de novo. Mas como conseguir hospedar-se em casa do pai? Pinuccio conhecia a disposição da casa e, uma vez lá dentro, gozaria, apesar da proximidade dos outros, a presença tão desejada da jovem. Logo que arquitectou o seu plano, quis experimentá-lo imediatamente.
   Para esse efeito fez-se acompanhar de um tal Adriano, seu amigo fiel e confidente dos seus amores. Um belo dia, já tarde, os jovens montaram em dois cavalos de tiro, carregaram-nos com duas malas, talvez cheias de palha, e saíram de Florença, seguindo o caminho dos estudantes. Já era noite quando as montadas chegaram ao Mugnone. Então, deram de rédeas aos cavalos, como se viessem da Romagna, dirigiram-se para as casas e bateram à porta do homenzinho. Muito amável com a clientela, este apressou-se a abrir.   - Como vês, tens de nos dar dormida esta noite - disse-lhe Pinuccio. Pensávamos chegar a tempo a Florença, mas calculámos mal as horas e só conseguimos chegar até tua casa.  
   - Bem sabes, Pinuccio - disse-lhe o homem -, que mau alojamento eu tenho para pessoas da vossa qualidade. Mas a verdade é que estão aqui e não têm tempo de ir para outro sítio. Alojo-os pois de boa vontade e como for possível.
   Os dois rapazes apearam-se, entraram no albergue, começaram por cuidar dos cavalos e depois cearam com o hospedeiro, das provisões de que se haviam cuidadosamente munido. O dono da casa só dispunha de um quarto exíguo e de três camas pequenas, que arrumara o melhor que pudera. Mas como estavam encostadas a uma das paredes e a terceira fora colocada ao longo da parede oposta, não havia muito espaço para andar à vontade.
   O homem fez a cama menos má para os dois companheiros e estes deitaram-se. Pouco depois, julgando-os adormecidos, deu uma das camas restantes à filha e deitou-se na outra com a mulher. Esta colocou, junto ao lugar onde ia dormir, o berço da criança. 
   Passado um momento, Pinuccio, que tinha observado tudo, levantou-se, pé ante pé, foi direito à cama onde a sua bela repousava e deitou-se a seu lado. Apesar do receio que sentia, esta fez-lhe um bom acolhimento e ambos ficaram a saborear o prazer que era o seu maior desejo.


Enquanto Pinuccio estava nos braços da sua amada, uma gata fez cair, por acaso, um objecto qualquer. A mãe ouviu o ruído e receando qualquer outra coisa, levantou-se e, às escuras, dirigiu-se à casa de onde lhe parecia ter vindo o som. Inocentemente, Adriano, que uma necessidade natural obrigara precisamente a levantar-se, saiu, tropeçou no berço que a dona da casa ali colocara e, como não podia passar sem o afastar, pegou-lhe, mudou-o de lugar e colocou-o junto à sua cama. Satisfeita a sua necessidade, voltou, e meteu-se na cama sem pensar mais no berço. 
   Após algumas investigações a mulher achou que o objecto caído não tinha grande importância. Não se preocupou com acender a luz para ver melhor, ralhou à gata, voltou ao quarto e dirigiu-se, tacteando, para a cama onde o marido dormia. Mas nada de berço. "Pobre de mim, que bonita coisa eu ia fazer! Deus do céu, ia direita à cama dos hóspedes!" Avançou alguns passos, encontrou o berço e, encontrando a cama que estava junta dele, deitou-se ao lado de Adriano que tomou pelo marido. Adriano, que ainda não voltara a ter sono, foi sensível à sua chegada. Sem dizer palavra, e com grande prazer da dona da casa, soube por mais de uma vez, provar-lhe o seu ardor. 

  
   Assim iam as coisas, quando Pinuccio receou que o sono o surpreendesse ao lado da amante. Como já tinha tido o prazer que tão avidamente desejava, soltou-se dos braços da jovem para voltar à sua cama. Chegou lá, mas, encontrando o berço, julgou tratar-se da cama do dono da casa. Avançou pois alguns passos e deitou-se ao lado do homem que acordou nesse momento. Pinuccio, que se julgava ao lado de Adriano, disse-lhe: 
   - Juro-te que nunca tive nos braços nada tão bom como a Niccolosa. Por Deus! Deu-me o maior prazer que um homem jamais teve de uma mulher. E sabes, desde que te deixei, estive mais de seis vezes no paraíso! 
   Ao ouvir tais palavras, tão pouco a seu gosto, o dono do albergue pensou: "Que diabo veio aqui fazer este imbecil?" Depois, a emoção fê-lo perder toda a prudência. 
   - Pinuccio - disse - o que me fizeste não tem classificação. E nem quero saber por que razão assim me ridicularizaste. Mas, com seiscentos diabos, hás-de pagar-mas! 
   Pinuccio não era um modelo de paciência. Ao reparar no engano, em vez de procurar remediar as coisas com elegância, respondeu: 
   - Que queres tu fazer-me pagar? Que poderias tu fazer-me? 
Entretanto, a senhora, que se julgava ao lado do marido, disse a Adriano: 
   - Deus do céu! Ouve os viajantes, estão ambos a discutir. Adriano pôs-se a rir: 
   - Deixa lá. Diabos os levem. Beberam demais ontem à noite. 
   A mulher, que esperava ouvir os clamores do marido, reconheceu a voz de Adriano. Compreendeu imediatamente o que lhe acontecera e com quem estava. Prudentemente e sem dizer palavra, levantou-se logo, pegou no berço da criança, e, apesar da profunda escuridão que reinava no quarto, teve o sangue frio suficiente de o levar para junto da cama da filha, onde se deitou. Então, como se o barulho que o marido fazia tivesse acabado de a acordar, interpelou-o e perguntou-lhe qual a razão da sua disputa com Pinuccio. Respondeu o homem: 
   - Não ouves o que ele pretende ter feito com a Niccolosa? 
   - Mente, juro-te - disse a mulher. - Ele não esteve deitado com a Niccolosa. Eu é que me deitei aqui e não tenho podido pregar olho. E tu és parvo, acreditando no que esse diz. Beberam tanto antes de se deitar que sonham a noite inteira com coisas dessas. Andam por todo o lado, perdem o controlo de si próprios e julgam ter realizado proezas. É pena que não tenham quebrado o pescoço. Mas o que está aí a fazer o Pinuccio? Porque não está na cama dele? 
   Adriano compreendeu que a mulher tinha a sabedoria de dissimular a sua vergonha e a da filha. 
   - Pinuccio - disse-lhe ele então - tenho-te dito centenas de vezes que não corras de cá para lá. Esse maldito costume de te levantares enquanto sonhas, depois de contar como se fossem verdadeiras todas as patranhas com que sonhaste, ainda acaba um dia por te sair caro. Volta para aqui. E que Deus não te dê uma boa noite! 
   Ao ouvir o que a mulher e Adriano diziam, o dono do albergue começou a acreditar que Pinuccio era na verdade sonâmbulo. Pegou-lhe então pelos ombros, sacudiu-o e gritou-lhe: 
   - Acorda, Pinuccio, volta para a tua cama. Mas Pinuccio, que compreendera o jogo de Adriano e da mãe de Niccolasa, pôs-se a fazer de sonâmbulo e a dizer parvoíces, que faziam o homem rir à gargalhada. Por fim, fingiu acordar e dirigiu-se a Adriano: 
   - Já é dia, para me estares a acordar? 
   Representando sempre, Pinuccio abriu os olhos pesados de sono, mas acabou por sair da cama e ir deitar-se junto de Adriano. 
   Quando amanheceu, o homem levantou-se e começou a rir de Pinuccio, troçando dele e dos seus sonhos. Brincadeira para aqui, brincadeira para ali, os dois jovens arranjaram-se assim como às suas montadas. Carregaram as bagagens, beberam com o dono do albergue, e a cavalo! 
   Voltaram a Florença tão divertidos com as peripécias da aventura como alegres com o seu desfecho. Daí a algum tempo, Pinuccio descobriu melhor maneira de se encontrar com Niccolosa. Esta última jurara à mãe, por todos os seus deuses, que Pinuccio tinha sonhado. E a boa senhora, ao recordar as suas justas com Adriano, acabava por pensar que fora ela a única pessoa a estar acordada.

"Decameron" (Oitava Jornada - Quarta Novela)"- tradução de Urbano Tavares Rodrigues


Desenhos de Giacinto Gaudenzi


blog A Pérola

«Amo-te» - Patife

Amo-te! Ousou soltar ela a meia foda, deixando-me o nabo à beira de um enfarte do miocárdio fálico. A pausa originada por esta transgressão verbal, seguida da minha cara de enfado, fê-la entrar em justificações atabalhoadas enquanto corava: Não estou a dizer por dizer... amo-te mesmo. Foi o que aquela alminha conseguiu dizer para tentar salvar a face. Aí, serenei. Adoro brincar com pachachinhas, bicos tesos e pandeiretas arrebitadas, mas se há coisa com a qual não gosto de brincar é com sentimentos. E se uma coisa é saborear a ilusão, conhecendo os limites da realidade, outra profundamente diferente na sua essência é viver na ilusão. Por isso, expliquei-lhe que eu não estava ali para o amor, da mesma forma que o amor não estava no mundo para mim. Disse-lhe ainda que o primor dos seus contornos pachachais totalmente rapadinhos me faz arrebitar o pirilau e que o seu rabo empinado me dá vontade de lhe dar tau-tau. Mas que só lhe queria foder a chona e não o coração. Ela, meio assustada, como quem ousa virar a cara à realidade, riu-se e disse: Tu também tens sentimentos. Isso é o medo a falar. Mas não era. Era apenas a sinceridade do meu nabo a falar.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Luís Gaspar lê «Os amantes com casa» de Joaquim Pessoa

"Andavam pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra
de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados
até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se
para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte
voltavam a andar pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Então era a música, como se
cada corpo atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença, agora
serena e mais pobre mas avidamente rica
por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne
era a carne do amor,
era o fogo do amor,
o fogo de arder amando-se e por toda a casa,
contra as paredes, no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos
por amor de olhar,
por olhar o amor.
E no chão
contra as paredes se amaram e
pela casa andavam como
se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um
no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até ficarem magoados.
E uma presença rica,
agora nova e mais serena,
avidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo
chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo,
incarnando o amor,
incarnando o fogo,
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que
andando pela casa bastaria tocarem-se
para ficarem dormindo
como acordam as aves.

(in ‘Inéditos’)"

Joaquim Pessoa

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«Monstruación» - por Luis Quiles


"Este dibujo trata sobre la menstruación. Cuando la naturaleza anuncia el cambio de niña a mujer. He utilizado el muñeco como metáfora de que durante ese cambio las chicas dejan de jugar con muñecos para empezar a jugar con hombres reales en la vida real."

Luis Quiles

19 dezembro 2012

Bordas e bordados

Na minha página no Facebook (que tem já 465 gostos), foi publicada esta imagem:


Uma amiga minha relembrou-se de uma história real deliciosa, que me enviou:
"Eu e a minha irmã, trabalhávamos no escritório de uma pequena empresa de confecções.Havia em Coimbra uma fábrica que produzia em exclusivo para nós e, quando as peças eram feitas, as mocinhas da nossa firma serviam de modelos...
Um dia, estávamos todos a apreciar um macacão de malha com bordados, quando um dos sócios achou que o preço saía demasiado elevado.A senhora argumentou que tinha de contratar bordadeiras, que elas levavam caro, etc...quando um outro sócio diz, com a cara mais séria do mundo:
-É verdade é, que eu tenho uma prima que, quando era nova, com essa coisa das bordas fartou-se de ganhar dinheiro!
Ficamos todos sem saber o que fazer, quando, atrás de mim e da minha irmã, um dos rapazes que não dizia os 'q', nos sussurra:
-Ó 'um 'aralho! Olha se fosse 'om a 'ona toda!"
Teresa B.

«carro de gaja» - bagaço amarelo

Talvez eu seja um dos poucos homens à Face da Terra que não gosta de conduzir. Aliás, abomino o automóvel como produto tecnológico e como solução de mobilidade. Acho que é um dos grande erros da humanidade, com consequências desastrosas a nível social, ambiental e económico, centrar a mobilidade de oitenta quilos de gente numa máquina de duas toneladas.
Infelizmente, e porque o nosso modelo político não deixa grandes alternativas a quem precisa e gosta de se deslocar frequentemente, também tenho um carrito. Está quase sempre parado e, em média, só o uso aí uma vez de quinze em quinze dias. De resto ando de bicicleta, a pé e nos transportes públicos que ainda existem.
Para além de ser um erro, esta utilização massiva do automóvel por tudo e por nada, é também uma demonstração das diferenças de género. Os homens, na generalidade, adoram carros. As mulheres nem adoram nem deixam de adorar. Estão-se nas tintas para eles e só os usam quando precisam. Nesse aspecto sou mesmo muito parecido com elas e, para confirmar esta minha tese, a última vez que peguei no meu pequeno Fiat houve um gajo que me mandou ir para casa com o meu "carro de gaja".
O que mais me confunde e entristece nesta ligação do género masculino ao automóvel, é o exibicionismo. Eu disse que não gosto de conduzir, não disse que conduzir é difícil. Conduzir é, aliás, uma coisa tão banal e fácil que não tem piada absolutamente nenhuma, e quem se exibe demonstrando as suas capacidades ao volante, é tão atado que parece que ainda não se deu conta que há milhões e milhões de pessoas a fazer exactamente o mesmo ao lado dele.
É claro que este gajo que me disse que eu tenho "carro de gaja", logo a seguir carregou no acelerador a fundo e desapareceu na estrada. A exibição dele foi essa, carregar num pedal. Puff! Eu, que estava a estacionar junto à estação de Aveiro, e que o tinha enervado por causa disso, desliguei o motor e pus-me a pensar naquela frase. O mundo era melhor se não existissem "carros de gajo", ou seja, montes de palermas a fazer asneiras na estrada porque descobriram um dia que sabem conduzir.
Aliás, talvez um dos problemas deste mundo seja as mulheres não mandarem mais. O modelo de desenvolvimento que seguimos, e que nos levou a esta coisa tão estúpida que é termos que gastar uma pipa de massa num automóvel para nos podermos deslocar, é capitalista mas também é masculino. Se as mulheres mandassem mais, talvez a mobilidade em transportes públicos fosse um direito de todos. Aí, teríamos todos "carros de gaja", só para andar de vez em quando.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

O blog Obscenatório foi eliminado pelo Wordpress...

... por "violação das condições de serviço".
Nada erótico!


Força, Vinni. Estamos contigo. O blog «a funda São» já passou várias vezes por isso.
Hás-de conseguir reconstruir o blog.

Terapia de casal



Via Testosterona

18 dezembro 2012

«Tempo desfolhado» - Susana Duarte

______o tempo traz as flores acomodadas no peito_________

desfolha-as, no impulso firme de ser vento,

desacomoda-as de si, do caule, da voz das águias,
no movimento forte de ser vento,

e volta a deixá-las ser flores,
...
apenas por um segundo,
quando os olhos se movem ao encontro das mãos

e o tempo volta a ser tempo

e o tempo acomoda o peito

e as flores

e o vento

e os caules
de ser ave
levada nas ondas sonoras

do dia em que as mãos partiram

e deixaram as flores desfolhadas no peito
do imenso desalento

da tua ausência

_________até que o Tempo volte a ser tempo

de me desfolhares o peito______________

e de escreveres as pétalas das flores

____________________________________________em mim.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Eva portuguesa - «Tarde»

É tarde... 
Tarde para começar a ganhar dinheiro num dia de trabalho que já começou há muito...
Tarde para tentar outra profissão que não esta...
Tarde para iniciar uma carreira...
É tarde, demasiado tarde, para conseguir continuar a sonhar, para acreditar na inocência, para viver outra vida... até para viver esta...
É tarde para começar, para recomeçar, para fugir e para desistir...

É tarde até para amar...
Fugi do que não queria, indo ao encontro do que não devia.
Subi vários degraus, apenas para escorregar por eles abaixo.
Ri apenas para não chorar, nadei para me salvar sem que isso me permitisse evitar a corrente.
Sigo, como todos os outros, rio abaixo, levada por uma corrente que não me permite lutar ou resistir...

Resta-me a rendição a esse caminho que não escolhi tentando manter-me à tona, tentando manter-me viva...
E, quando quis tudo isto contrariar, quando quis o meu destino mudar... já era tarde... tarde para mudar, tarde para me rebelar, tarde para lutar... tarde para viver, tarde para morrer...
É tarde... muito tarde...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Querem lá ver...

... que agora as palmeiras...


... vão começar...


... a dar caralhos?!


O tarot mais recente da minha colecção

Recebido de fresco dos E.U.A., «Le Tarot des Femmes Erotiques» (o tarot das mulheres eróticas), que se junta agora aos mais de 10 tarots que já estavam na minha colecção de arte erótica.