25 janeiro 2013

Quarenta minutos

– Queres dizer que… já tinham acabado quando fizeram sexo pela primeira vez?
– Foi.
– Acabaram e depois foderam?!
– Sim.
– Que raio de merda… E depois?
– Vestimo-nos.
– Foda-se! Não é isso!... Andaram três meses…
– Quase quatro.
– Ainda pior! E durante esse tempo nunca, nada?
– Algumas coisas, muitas vezes.
– Mas… Mas, sexo com penetração não.
(ri) – Não, sexo com penetração nesses quase quatro meses não.
– E depois, sim.
– Sim.
– Logo depois?
– Não, logo depois não. Já tínhamos acabado aí à meia-hora.
– Ahn?!
– À vontade. Foi mais de meia hora. Para aí uns quarenta minutos.
– Andam quase quatro meses e nada e quarenta minutos depois de acabarem...
– Pois.
– Mas que lógica é essa?!
– Aconteceu. Estávamos mais soltos, mais à vontade. Já não havia constrangimentos, sei lá… Aconteceu.
– E agora?
– Agora, o quê?
– Sei lá… Nunca mais se viram?
(olha em volta e murmura) – Não, vimo-nos… (ri com a expressão involuntária que lhe saiu). Temo-nos visto.
– E não só visto…
– E não só visto, de facto. Na maior parte do tempo estamos nus.
– Desculpa?
– Era um trocadilho com o facto de não ser só visto. Na maior parte do tempo eu não visto nada e ela também não. Não teve graça.
– E porque é que olhaste em volta antes de responder?
– Olhei?
– Olhaste.
– É que (torna a olhar em volta) andamos com outra pessoas.
– Tu e ela?
– Sim. E não há necessidade de alguém saber e não gostar. Entre nós não há qualquer ligação sentimental, nada. É uma coisa física, mais nada. Ambos sabemos o que temos e o que queremos e não queremos.
– Não querem mais.
– De algumas coisas sim, de outras não. (ri)
– Isso é evidente. (ri)