31 janeiro 2013

«Toucinho-do-céu» - Patife

Ontem tentei uma coisa diferente. O meu terapeuta tem andado a semana toda a chatear-me e a dizer que eu continuo a comportar-me como um puto reguila desmiolado que pensa que não existem consequências para os seus actos e que julga que vai encontrar alguma sabedoria depois de pinar o maior número de pachachas sem sentido. Tentei explicar-lhe que todas as pachachas que comi tiveram algum sentido para mim. Mais não fosse o sentido crescente do meu pincel. Por isso, ele desafiou-me a convidar uma mulher para jantar e depois para a levar a casa sem tentar nenhuma artimanha para a aviar. Gastar um jantar com conversa que depois não leva a lado nenhum pareceu-me parvo, mas aceitei o desafio. Ele dizia que podia levar a um outro lado qualquer, mas não percebi bem qual. E lá fui. Estava tudo a correr bem até à altura da sobremesa. É que ela pega no cardápio e pede de sobremesa um dos muitos cognomes do Pacheco: Toucinho-do-céu. E continuou, claramente a atiçar-me: Ai, está tanto a apetecer-me um toucinho-do-céu. Ai o toucinho-do-céu deixa-me de água na boca. Eu ia apertando a toalha da mesa para me conter mas entretanto chega o doce à mesa. Ela ia metendo o toucinho à boca enquanto soltava onomatopeias de prazer, numa clara provocação a que nenhum homem de sardão rijo conseguiria resistir. Podem dizer que isto é loucura mas um homem vê uma mulher a gemer com um toucinho-do-céu na boca e o seu primeiro instinto é o de a levar ao céu com o seu próprio toucinho. A natureza é mesmo assim. E não me critiquem. Não fui eu que criei as leis da natureza humana. Por isso não descansei enquanto não meti o toucinho-ao-léu. E logo de seguida foi o meu toucinho-no-céu. Da boca da piquena.

Patife
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