26 novembro 2013

A FODA COMO ELA É (VI) - Roliças delícias

Não existe inimigo mais terrível da felicidade que as modas. Milhões vivem subtraídos a incontáveis possibilidades de delícia amorosa, subjugados pelas tirânicas tendências publicitárias, passando fome, solidão, entregues a degradantes paranóias. E assim se enche o planeta de gente infeliz e muito mal fodida.
Não foi o caso de um companheiro esclarecido e feroz combatente dos preconceitos sociais, especialmente em matérias de alcova. Suspeitava existirem alegrias em potência escondidas entre as roscas das gordinhas; ânsia entusiasmada que não escondia dos amigos em sessões de copos. Um dia aconteceu: enrolou-se com uma mulher obesa. Não se tratava de uma senhora forte, larga de ossos, nem rechonchuda - era gorda pata-negra, daquelas que requerem licença profissional de maquinaria industrial pesada. A sua experiência foi esclarecedora, quase religiosa.
Mal se viu rodeado de viandas macias, complacentes com a carícia, e sentindo-se um espeleólogo do refustedo, abandonou-se à irresistível exploração das virtudes sexuais daquelas enxúndias cavernosas. Descreveu-me o certame como "sexo em grupo unipessoal". Despontavam novas vaginas em refegos por trás dos joelhos, suaves punhetas ofereciam-se nas pregas que ornavam as esquinas dos sovacos, renovadas espanholadas debulhavam-se nos múltiplos papos queixosos à disposição. Ao fim da semana inteira que durou este recreio, o rapaz viu a luz do dia ao fundo de uma dobra numa nalga, seguiu o foco luminoso e saiu para o exterior. Encarou com a sua musa roliça e ambos se declararam felizes e apaixonados.