24 março 2014

Luís Gaspar lê «Silvia» de Benjamin Neukirch

Porque praguejas, Sílvia, quando esta negra mão
          C’o teu seio quer brincar?
Era alva como tu, e o fogo da paixão
          Assim a fez ficar.
Se com teu fogo vens meu corpo incendiar,
De mármore nem neve pode minha mão ser.
Dizes-lhe que não busque e não faça o que faz.
          Tens razão. Há-de ser.
Mais não busca que a ti, mais não quer do que paz
          E seu jogo jogar.
De que te queixas, pois? E que razões ter julgas,
Já que favores iguais não os negas às pulgas?

Benjamin Neukirch
Poeta natural de Bojanowo, hoje, Polónia (1665-1715)
Tradução de João Barrento


Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa