07 maio 2014

Embalagens

Quando um homem se levanta à nossa frente, permanecendo nós sentadas, é mais fácil que nos fujam os olhos e se cravem disfarçadamente na braguilha do imprudente. 
Não adianta fingir! Não perdemos uma oportunidade para avaliar os elementos que à nossa frente se nos apresentam incautos. 
Há diversas “embalagens” que, com relativo esforço, poderemos classificar, distribuindo-as por classes e subclasses.
Embalagens plebe
O conteúdo é apertado pelos tecidos que enruga nas virilhas e desenha de forma mais ou menos evidente o pénis do dono. Adivinhamos os contornos com relativo esforço, mas vale sempre a pena quando a “alma” do observado não é pequena. Dentro desta classe, é importante referir aquela que fica presa nos jeans (sobretudo nas Levi’s 501), puídos e gastos onde os nossos olhos adivinham as direcções que a vida toma quando o caminho é longo. Nesta classe, não podemos contabilizar os desengonçados pares de calças, presas nas ancas e de gancho nos joelhos, com que os adolescentes nos brindam e nos dificultam as nossas tentativas de orientação científica.
Embalagens brasão

Presas em tecidos nobres. Geralmente menos interessantes porque mais discretas. São, no entanto, deveras atraentes quando o dono se levanta de repente sem ter tido tempo de fazer descer o tecido das pernas das calças que, ao sentar-se, levantou ligeiramente para não deformar nos joelhos. Aí, a “embalagem” mostra o que vale, desenhando-se completa e brutalmente atractiva, num aglomerado de tecido onde é fácil detectar o que lhe vai na “alma”. Geralmente, e se o vislumbre for certeiro, adivinhamos também outros recantos ou outros assuntos mais pendentes, mais prementes.
Claro que dentro destas duas classes, escolhidas de forma aleatória dentro de muitas outras não menos importantes, há que referir as subclasses, variadas e cheias de interesse. Estas são descriminadas, nomeadas, encaixadas e arquivadas de acordo, por exemplo, com a existência e colocação dos bolsos ou com o modo como apertam. 
Fáceis e sempre susceptíveis de uma avaliação pormenorizada. 
Mas, dentro de todo este Universo fabuloso, destaco, contabilizo, apoio e aplaudo deslumbrada aquela que pertence ao GNR, que me fez parar o carro ontem à noite, com corpo de nadador olímpico, de fato azul-escuro, peça única, apertada por cinto negro donde pendia o bastão e a pistola. Essa “Embalagem” pertence ao imaginário de qualquer uma e ultrapassa qualquer tentativa de espartilho ou de classificação simplista. 
É o sonho embalado, é o paraíso fechado e comprimido em sarja, couro e autoridade.


Todas as mulheres as apreciam, mas são sempre aquelas que fazem com que os homens não lhes sintam a mirada, as que mais percebem deste assunto.

Camille - www.ociodascerejas.blogspot.com