14 janeiro 2015

«Safei-me da pensão de alimentos!» - Bartolomeu

"Morder os mamilos e pisar o conão...
Será possível que a ordem dos factores seja alterada? Não sei mas, para mim, uma vindima deve começar pela limpeza do lagar, antes de lhe meter dentro o bago. Este post lembra-me uma burra que tínhamos lá em casa, enquanto vivi na aldeia antes de ter iniciado os estudos superiores e ter de mudar a residência para Braga. Como era o último a acordar, estava encarregue de aparelhar a burra, de a atrelar à carroça e de a levar até à vinha para carregar os cestos de uva já vindimada e levá-los para o lagar.
A distância desde a minha casa até à vinha ainda era longa e pelo meio, para atalhar caminho, atravessava um pinhal com mato muito alto.
Aí chegados, porque a visão da cona da burra, mesmo à frente dos meus olhos, provocava em mim uma erecção impossível de conter e porque o local era solitário, parava a carroça, soltava o nabo já a babar-se e colocando os pés nos varais da carroça e apoiando as mãos na garupa da «Ruça», enterrava-lhe o tronco até ao fundo.
De início, assaltava-me a sensação de estar a proceder a um ato moralmente condenável mas, como a burra não se queixava, antes pelo contrário, semicerrava os olhos e parecia até pedir que aquele momento fosse eterno, passavam-me os pruridos éticos e desatava a malhar na conaça da burra, como se o mundo não fosse durar mais de uma hora ou duas.
No fim, descia da carroça, limpava o mangalho a umas folhas de arbusto e seguia caminho.
Tive a sorte de a «Ruça» nunca ter emprenhado e, por conseguinte, não me vir a exigir o pagamento de pensões de alimentos."


Bartolomeu