07 setembro 2016

«coisas que fascinam (195)» - bagaço amarelo

ser um tolo sem arte

Dizem que quem parte e reparte e não fica com a maior parte ou é tolo ou não tem arte. Isto é verdade no caso dos bancos e das entidades patronais. De resto, espero que não seja relativamente às pessoas, porque me parece que as pessoas que levam este provérbio a sério não podem ser minhas amigas.
Penso nisto numa noite em que me sento com um amigo à minha mesa e parto e reparto uma garrafa de vinho e um queijo de cabra curado. Partimos o que ponho na mesa sem olhar às partes, repartindo a amizade que temos de igual forma.
É assim também que se parte uma vida para repartir um Amor, em partes nunca iguais mas sem perceber qual delas é a maior e, sobretudo, sem perceber qual é a mais pequena, porque o grande problema de um Amor inteiro é que não cabe em parte nenhuma a não ser, às vezes, num abraço despido.
Quem parte e reparte e não fica com a maior parte pode ser tolo ou não ter arte, mas sabe muito melhor do que qualquer calculista manhoso o que é a Amizade e o que é o Amor. Eu sei que sou tolo e não tenho arte. Têm-mo dito quase toda a vida. Ainda assim estou apaixonado e a falar de um Amor sofrido com um Amigo, à minha mesa, com uma garrafa de vinho e um queijo cujas partes não me interessam.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»