24 novembro 2016

«Sobre a intolerância conquistada» - Cláudia de Marchi

Sabem, tive muitos momentos na vida em que eu pensei: “Caramba, mas eu sou insensível demais!”.
Quando eu tive meu primeiro paquerinha no segundo grau os Titãs cantavam uma música chamada “Insensível”. Eu super me identificava, porque ele meio que me irritava e, ao mesmo tempo, eu sabia que ele era bonzinho, coitado do menino! Mas eu não curtia muito aquele “mel” todo, talvez, porque eu não o amasse, claro, mas, o que é o amor se não aceitar o outro? Eu não aceitava... Risos... muitos risos...
Eu me mudei de Uruguaiana de volta pra Passo Fundo e ele foi me visitar. Caramba, eu não aguentava! Eu nunca transei com ele, afinal eu queria casar virgem e tinha só 17 anos (sim, fui assim até os meus 19, quase 20 anos e já no 4º semestre da faculdade).
Terminei e, adivinhem? “Amor, eu vou me matar!”. E eu? “Se mata, assim eu viro uma Hilda Furacão!”. (Adoro este livro). Bem, que eu saiba ele não se matou e eu terminei me tornando, 17 anos depois, a Simone! Como é a vida não?! E, lhes digo: PELA PRIMEIRA VEZ EU SINTO QUE ESTOU NO CAMINHO CERTO. LECIONAR ERA TUDO QUE EU MAIS AMAVA, MAS, AGORA EU SINTO QUE A SORTE DIVINA ME ABENÇOA. COMO SE A VIDA DISSESSE: “AGORA SIM, CLÁUDIA! AGORA VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO NO QUE NASCEU PARA FAZER E AGORA TUDO SERÁ DOCE!”
Enfim, passados alguns anos o meu romantismo diminuiu e a insensibilidade mostrou-se diferente, menos reprovável, menos temível. Descobri que não se trata de insensibilidade, mas de falta de tolerância.
Eu sempre disse que a intolerância tem que ser conquistada, tá lá em algumas crônicas no www.claudiademarchi.blogspot.com.br. É algo que a gente aprende com a maturidade e ela se liga ao saber dizer “não”: não isso eu não aceito, não isso que você falou me enoja, não essa sua forma de agir não combina comigo, não eu não quero você, sim eu quero a mim, sim eu quero a mim e não, eu não me importo com o que ninguém pensa.
Faz algum tempo que notei em mim essa independência do mundo, do pensar alheio, das regras de uma sociedade cheia de gente infeliz dizendo “sim” por covardia e inercia, para se fazer de “bonitinho”. Aham, pra inglês ver, porque as escuras está tudo uma imensa porcaria suja!
Atualmente, depois que disponibilizei o WhatsApp muitos pretensos clientes, na busca por um tempo para sairmos, acabam usurpando da minha boa vontade. Pedindo fotos que não curto mandar ou me remetendo fotos intimas, como se eu quisesse ver pênis. (Meu amigo do RS de quem sou uma fã inveterada e me mandou uma bela selfie ontem você não entra nessa, porque somos fãs um do outro e eu lhe dei está liberdade, ademais tu és um gentleman e adorável futuro cliente, tão logo eu desça ao sul!).
Sou educada, passa o tempo, eles não marcam nada, mas tornam a vir: “Como você está?”, “Sou seu amigo”, “Trabalhando muito?”, “Cansadinha?” e mimimi.
Lá pelas tantas, vem alguma sacanagem dita de forma infeliz e inoportuna, tipo "queria sua boca no meu pau"... E, o que ocorre? Eu pego nojo. E... Tarararam... Tarararam... Desisto de tê-lo como cliente e bloqueio no aplicativo.
Eu gosto e fico fã dos homens seguros e objetivos. Acreditem, eu admiro alguns em detrimento dos outros e só presto meus serviços de cortesã aos que me cativam respeito e, uma admiração proporcional ao tempo de dialogo ao telefone ou Whats. Eu sinto os homens nos seus contatos e percebo se vai rolar tesão genuíno ou não, se a resposta for negativa é pi... pi... pi... pi (ligação "caiu").
Portanto, por favor, se quiserem os meus serviços, não fiquem puxando papo comigo todos os dias no Whats. Apenas peça a informação que deseja e diga: “Amanhã eu ligo para marcar”. Então ligue e marque. Ou confira a minha agenda e peça se em determinado horário eu posso lhe atender.
Gente, eu não quero ninguém no meu pé, não quero amigo, eu quero respeito, eu quero objetividade e simplicidade, sem dias e dias de mimimi que mais me parece uma vontade de ser “masturbado” via internet. Ora, a masturbação não me gera renda e eu prefiro gozar acompanhada do que me esfregando.
Eu estou aqui no plano piloto, bem localizada, morando em Brasília pra sempre, não vou fugir, mas eu não quero ninguém no meu pé, mensagem de “bom dia”, “boa tarde” ou “como vai”. Isso só faz surgir a hipótese de eu criar simpatia e aversão por você e, então, você perder o melhor sexo da sua vida o que todos que tem a mim, concluem que tiveram.

Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!