16 dezembro 2016

Coisas da Vida...

Olás...

Ultimamente, têm acontecido casos engraçados comigo. Seriam tristes, considerando as circunstâncias. Mas se dermos intensidade àquilo que nos perturba, certamente iremos criar monstros e fantasmas... e problemas bem maiores.

Em mais uma dessas andanças em médicos - coisa que eu detesto e só faço por obrigação - submeti-me à ultrassonografia pélvica transvaginal, utilizada para serem observados órgãos no interior da pélvis (útero, ovários e trompas, além das artérias da região). É um procedimento constrangedor, como também o Exame Colpocitológico (Preventivo ou Papanicolau). Naquele, o paciente - no caso, eu! - deita-se em uma maca especial e dobra os joelhos para o médico introduzir o transdutor na sua (a minha!) vagina.

Pois bem. Ao chegar à recepção da Clínica, já estava concluindo a ficha quando perguntei à atendente: 

- Moça, o exame será feito por uma médica?
- Não!
- Mas, moça, eu queria com uma médica... hoje faltei ao trabalho para isso...mas eu poderia ter perguntado os dias que médicas realizam esse exame.
- Espere.Parece que tem a Dra. Ângela atendendo hoje...
- Por favor, então verifique...
Passados alguns segundos, ela retorna.
- Sim, Dra. Ângela realizará o exame.
- Graças a Deus! Já é tão constrangedor com mulher, imagine ser feito por um médico. Obrigada.

Naquele mesmo dia e na mesma clínica, também faria outro exame, Ultrassonografia da tireoide. Para ambos os exames, as fichas foram providenciadas na sequência. Para a ultrassonografia da tireoide,  não importava se realizado por médico ou médica. Afinal, era na região do pescoço! 

Pouco tempo depois, fui chamada para o que eu entendia ser o exame da tireoide,  pois, tão logo entrei, percebi que estavam na sala - não muito espaçosa e  com iluminação reduzida para esse tipo de exame - um médico e uma assistente. Ela me entregou um pacote com uma bata dentro, dizendo-me: 

- Entre naquele banheiro, tire sua calcinha e vista esta bata.
- Mas, moça, pra fazer exame da tireoide... preciso tirar a calcinha?
Estava constrangida, porque, pelo espaço minúsculo da sala, o médico a tudo via e ouvia. Ali, sem querer ofender o médico,  falei baixinho ao ouvido dela:

- Eu pedi para ser feito por uma médica, a ultrassonografia vaginal.
E ela:
- Então...nem tire a roupa. Deite-se e vamos  fazer o da tireoide.
E me desculpei em voz alta:
- Doutor, me desculpe. Nada pessoal. É que o exame é tão constrangedor...
- Não se preocupe. Eu entendo.
E vi logo que ele era de poucas palavras.

Realizado o exame, saí para aguardar ser chamada  para o outro (ultrassonografia pélvica, com a médica, Dra. Ângela).

Em outra sala, minúscula, com mesmo tipo de iluminação, estavam a médica e uma assistente, que me deu a mesma recomendação,  agora  acertada:

- Entre naquele banheiro, tire sua calcinha e vista esta bata. 

Mas, antes, contei,  rindo, o episódio anterior. E ambas também riram.

Deitei em uma maca apropriada para o exame. Pernas abertas, em uma posição como se fosse ter um bebê em parto normal.

A assistente saiu da  sala, provavelmente para fazer alguma coisa, e a médica deu início ao exame.
Introduziu na minha vagina uma espécie de "arame". Até aí, tudo  bem ("tudo bem"  uma ova! Vaginas não foram feitas para isso!).

Só não esperava que um exame, comumente realizado em, no máximo, 5 minutos, demorasse intermináveis 20 minutos. 

Eu não contava com a médica ser uma dessas falantes, ao contrário do médico anterior.

Com uma das mãos segurando o transdutor (já dentro da vagina), e a outra gesticulando adoidadamente a cada palavra, ela passou a relatar os casos engraçados de pacientes que tinham vergonha de fazer esse tipo de exame.

Em dados momentos, eu estava rindo sem parar, com "aquilo" dentro de mim, mas a médica pensava, possivelmente, que eu estava achando engraçado os casos que ela contava.

Não! Eu não estava achando nada engraçado.

A cada cena  que ela relatava, ela gesticulava, com ambas as mãos (só que uma estava segurando um treco enfiado em mim!).

Eu ria da ironia do destino!

Não quis realizar o exame com um médico, que por sinal me pareceu centrado, conversando somente o necessário enquanto realizava o exame, e estava ali, com aquela tagarela, a contar casos e casos, esquecendo que a cada "curva" que ela fazia  com a mão errada, eu segurava calada o desconforto que aquele transdutor causava na minha vagina.

Mas tudo tem limite!

- Doutora, está dooooooeeeennnndooooo!
- Já acabamos. Pronto, tudo está bem. A demora é porque precisamos investigar bem essa região.
-Ok.Ok.Ok - disse eu, aliviada.

Para nunca mais  fazer esse exame com uma médica! Se homens gostam de olhar, mulheres gostam de tagarelar. 



 Chama Mamãe