16 fevereiro 2018

#MeToo - Ruim

Está na altura de eu contar a minha história. Nem foi há muito tempo que uma vizinha me pediu para entrar em casa dela. Normal. Quando se lança um livro, coisas destas acontecem numa base diária. Trintona, divorciada e com pinta de loba da Alsácia. Obviamente que eu percebi logo o que ela queria, mas decidi fazer-me de parvo.
"Gosto muito das coisas que escreves!" - disse ela num tom lascivo, a mexer no cabelo e a morder o lábio.
Sorri, mas fiz-me de desentendido.
"Não estou a perceber, Joana." - respondi, mesmo não sabendo o nome dela.
"Tu sabes porque é que estás aqui, certo? Não te faças de santo." - insistiu.
"Julgava que me ias fazer um bico..." - respondi inocentemente.
"Nada disso. És tão naive. Preciso que me ajudes a arredar uma cómoda, porque vou hoje ao IKEA ver de umas velas aromáticas e... preciso de um homem para me ajudar. A sério, a merda do móvel é mesmo pesado." - disse Carolina sem vergonha.
"Eu... eu não sei o que dizer, Carla!" - respondi sem olhar esta desavergonhada nos olhos.
"É só um móvel. Só um... são dois minutos! VÁ, TU GOSTAS...! - insistiu Ana.
"Desculpa. Isto não está certo. Desculpa. Eu sei onde fica a saída. OBRIGADO!" - disse enquanto me dirigi para a porta.
Todos temos uma história. Esta é a minha.

Ruim
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