03 outubro 2012

poesia visual

V
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M I G R A Ç Õ E S
D
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S



Sodomia



Eis que entras fundo, feroz,
entre nádegas resistentes
e sensíveis,
de brancas carnes, ansiosas
pelo falo erguido
teu!

Eis que m’atormentas
(enlouqueço)
fustigas-me, atiças-me,
e entre o lamento e o rugido
solto o queixume
num gemido…

Eis que (te) vens, contorcido
entre êxtase e exaltado
completas a cópula
e insistes
sodomizas-me
eu gosto, tu resistes,
e ecoa o grito final…


Vera Sousa Silva
poema do livro "Bipolaridades", Lua de Marfim Editora, 2012
(Pedidos do livro para svera.silva@gmail.com)


«red light» - bagaço amarelo

A minha vida, tal como a de mais alguns milhões de portugueses, está a mudar. Estou em vias de perder o meu emprego num processo que se adivinha confuso e demorado. Na verdade, e por agora, nem me apetece muito falar sobre isso. Apetece-me é dizer que acredito que é nos momentos mais difíceis da vida que se encontram as melhores pessoas à nossa volta. Este fim de semana a Raquel, uma dessas pessoas mas que tem a singularidade de ser a minha namorada, pegou em mim e levou-me para a Holanda. O objectivo era desanuviar. Desanuviei.
Por vários motivos conhecidos e mais alguns desconhecidos, a Holanda é provavelmente o país mais diferente que podemos encontrar dentro da União Europeia. É possível fumar brocas em qualquer coffee shop sem ter a polícia a tomar conta da ocorrência, o comércio não aceita as moedas pretas de cêntimos em nenhuma situação, a bicicleta é um meio de transporte realmente popular, a paisagem é praticamente toda plana e,no centro de Amsterdão, as mulheres vendem o corpo em montras de lojas como se fossem carne no talho. E é desta última diferença que me apetece falar.
Em primeiro lugar, não pertenço ao grupo de líricos que acredita que a prostituição pode ter um fim. De resto, acho que é um direito de qualquer pessoa ganhar a vida a vender sexo, se for o que realmente lhe apetece fazer. O meu problema é que não acredito que a maior parte das mulheres que o faz, o faça por opção. Amsterdão, ao contrário do que se ouve de vez em quando, não é excepção.
A Red Light surgiu na cidade como uma barreira física para suster os ímpetos mais violentos dos marinheiros que atracavam no histórico porto da cidade e que, desta forma, não precisavam de entrar muito mais na cidade. As prostitutas de Amsterdão começaram por ser, assim, uma espécie de garantia de manutenção da paz urbana da urbe.
O negócio foi-se desenvolvendo e os interesses à sua volta também. Hoje em dia não é preciso ter muitas conversas com holandeses para perceber que a legalização da coisa não melhorou em muito a vida das prostitutas. É verdade que têm um seguro de saúde e pagam impostos, aspectos com os quais concordo, mas também é verdade que são exploradas por uma longa fila de interesses sem fim. Proxenetas e proprietários dos imóveis em primeiro lugar.
Além disso, e desculpem-me os adeptos da mulher na montra, eu acho que esta maneira de vender sexo é uma forma de humilhação pública, e só por aí não a considero uma alternativa política ao véu que se estende, por exemplo no nosso país sobre o negócio.
Tenho dito.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Não é novidade: o amor existe e aprende-se a fazer-se acontecer

Amor aos primeiros minutos. Logo. Como o amor dum cão. Um cão vai logo ao primeiro que lhe faça uma festa. Vai logo atrás. E logo a seguir, aquele é “o dono” e pronto. Para sempre. Pelo cão será para sempre. Que capacidade de amar! Incrível! Ama logo à primeira. Eu também. Eu também amo logo à primeira (se quiser). Fui assim desde sempre, amo logo à primeira. E sempre amei muito. Tive um excelente mestre: a minha mãe. Especialista em amar. Aprendeu a amar em criança não sendo amada. Uma experiência terrível na origem de uma capacidade incrível de amar com qualidade. A minha mãe sabe mesmo amar. E a mim amou-me sempre muito. Só ela me amou a sério, mas sempre muito e muito bem, sempre o melhor. Ela aprendeu a amar não sendo amada, e eu prossegui com a sua experiência, aprendendo a amar sendo amada. Desde o começo sempre eu me dispus ao amor com toda a gente: pelo gosto que me é espontâneo de amar. E sofri… xi!! Como sofri entregue a este mar de egoísmo cego que por aí afora grassa…
… sucede que “por sorte”… O amor é tudo. É só o que importa. Jesus disse-o. Ninguém entendeu nada. Os Beatles insistiram (All you need is love). Ninguém entendeu nada. E eu, entendi agora (só agora), aos quarenta anos, porque fui catapultada por razões desconhecidas para um nível de entendimento diferente, de onde se avista de muito mais alto, mais longe e mais claro. Alcancei a metamorfose. Outra. Não fosse assim, também eu não entenderia nada apesar de tão simples. 
Sucede que eu sempre pratiquei o amor muito e o melhor que podia. Não o compreendia, mas sempre o pratiquei muito e o melhor que podia. O amor é tudo. A razão de existirmos. O que nos une ao Universo e à sabedoria reunida por todos. Existimos para amar. E é assim e só assim que aprendemos e evoluímos enquanto pessoas (seres) e isso é a única coisa que conta, que importa. E também é só assim que se cria algo de realmente bem feito, belo, intenso, perfeito: arte. Com amor. Grande, intenso, profundo. Só assim. Por amor a alguém ou a algo (um animal, uma planta, uma paisagem…) A amar para fora. Dando atenção, tempo, conhecendo o outro, a sua essência, o que ele é, a sua verdadeira natureza, conhecendo-o e compreendendo-o a fundo, sendo capaz de pensar com ele, pensar como ele através de uma experiência de vida diferente… (Aprende-se muito a fazer isto.) E depois, depois de o conhecer e tentar compreender (porque compreender a sério - ser capaz de pensar como o outro - é muito trabalhoso e demorado), determinar as suas necessidades e tentar ajudá-lo a obter aquilo de que ele precisa, ou mesmo fornecer-lhe aquilo de que ele precisa, uma palavra (às vezes uma só - só uma - faz a diferença), ou seja, agir no sentido da sua máxima felicidade. Amar é isto.
Aconchegar o outro quando ele tem frio, jardinar para ele as flores de que mais gosta, cozinhar para ele saudável, saboroso, bonito, abraçá-lo se está triste, tranquilizá-lo se está nervoso, pensar nele, estar disponível, escrever-lhe, apreciá-lo, dar-lhe o ombro para chorar, partilhar com ele experiências, estar atento aos seus movimentos, aos seus pensamentos, aos seus sentimentos, aos seus sonhos, às suas palavras, às suas necessidades, conhecê-lo, compreendê-lo, respeitá-lo, perceber os seus gostos, ajudá-lo a solucionar os seus problemas, observar as suas coisas com atenção, com olhos de ver a estética e a ética, conversar com ele, comunicar com ele, rir com ele, dar-lhe prazer… proporcionar-lhe uma experiência o mais positiva possível. Isto é que é amar (para fora). Ir além do egoísmo e do puro instinto animal, do “só eu, só meu”. É assim que o amor “acontece”. É assim a inteligência: ser-se capaz de, sem esforço, ir além do puro instinto animal, egoísta, possessivo, materialista, territorial. Ter a força e a vontade e a persistência necessária para abrir a porta a um novo significado para a existência. A sua razão maior: evoluir para a felicidade.
Aprender a fazer acontecer o verdadeiro amor é algo de extraordinário. Quando se faz isto, se intenta neste objectivo com este propósito, mesmo que seja só por cinco minutos, o amor acontece. Plint! Acontece! Em diferentes intensidades, mas acontece. Estava distraído o jovem da caixa de supermercado. Completamente ausente. Enquanto ensacava, aproveitando um momento mais favorável, fitei-o e disse-lhe com doçura: “Que grandes pestanas as suas, hein?” (foi sincero) Ele sorriu. Eu sorri. E os nossos olhos brilharam. Pronto. Aconteceu o amor (cinco segundos, mas aconteceu). Os olhos do outro brilham, os nossos também, é o amor que acontece. De parte a parte há um acréscimo de energia positiva. Em intensidades diferentes. Às vezes é muito forte, outras vezes menos. E daqui, se se quiser, se de parte a parte houver vontade, o resto se constrói com tempo e dedicação. Cada qual que decida a quem entregar a maior parte do seu escasso tempo de existência material…
Por amor fiz eu por tornar as minhas palavras mais claras e simples a respeito do mais profundo do meu ser, do mais essencial da minha experiência. E ao fazê-lo assim, por amor, de forma insistente e persistente e o melhor que podia, intentando sempre na perfeição, tentando sempre o mais essencial pelo menor número de palavras, acabei a fazê-lo melhor que nunca. Aprendi a conhecer-me a mim própria e aos outros melhor que nunca e assim, suponho, me foi dada esta graça de ver aquilo que antes, ainda que defronte aos meus olhos, nunca pude ver. Foi assim: em resultado de um insistente exercício de amor ao meu semelhante. 
A partir daqui já só me apetece amar de perto qualidade humana. 
Só (cozinho com amor para, faço as coisas o melhor que posso para, jardino ao gosto de, dedico palavras doces, mimo, penso na pessoa, penso em ajudá-la, em ser-lhe agradável, em compreendê-la, ouvi-la, nas suas necessidades, na sua saúde, em dar-lhe prazer sexual se for o caso, em dar-lhe o tempo de que necessite, fazê-la rir, apreciar o seu amor, ensinar-lhe coisas importantes para ela, partilhar com ela as melhores experiências, fazê-la sentir que para ela existe “todo o tempo do mundo” sempre, etc., etc., etc.) amo qualidade humana. Homo sapiens sapiens que tenham alcançado a proeza de sair do seu casulo de egoísmo. Que tenham ultrapassado a sua fase larvar. Que sejam capazes de ver (qualquer coisa, ao menos). De amar para fora. Quanto mais qualidade humana, mais intensamente (com mais tempo e dedicação) amarei. A partir daqui é critério único.
Só qualidade humana porque estes (atentos, de bom carácter, virados para fora, inteligentes, dedicados, simples, sinceros, generosos, sábios, entendidos em amor,…) também gostam de amar e sabem amar. Há pessoas a quem é um gosto amar. Gosto dessas. São estas a melhor e mais valiosa experiência de todas. Já fui muito mal amada. Muitas vezes. Quase todas. Sei o que é. Justamente, agora aprecio muito ser bem amada. Se não tiver qualidade humana recuso. Em mim o amor é espontâneo. Gosto de amar. Estou sempre pronta a ajudar, a compreender, a tentar agir no sentido do bem estar do outro (mesmo que o não conheça). Em mim é espontâneo. Comigo o amor acontece (com sexo ou sem sexo). E amando aprendo muito. Amar e ser amada faz-me muito feliz. É de tudo o que mais felicidade me dá. E agora, que sou capaz de reconhecer outros “malucos” como eu, a verdadeira qualidade humana, a maior parte do sofrimento está, desde já, ultrapassada. É fantástico!
Este “salto” na capacidade de ver a luz por entre as trevas foi uma dádiva divina. Dos restantes, dos “larvares”… amarei de perto um ou outro que me pareça mais promissor na aprendizagem de amar (para fora)… O que valer a pena (só). O tempo é escasso. Não se deve desperdiçar. 
Disse-me alguém um dia: “o que conta é a obra (material)”. Mas discordo. O que conta é a experiência. A obra fica (ou não, ou desmorona-se), a experiência prossegue. 
A experiência prossegue além da obra (material), e até, além desta existência corpórea. Quem não ama a sério (como deve ser), não aprende nada de nada que valha a pena. Não aproveita nada de relevante desta experiência de existir nesta forma. Zombies. Quase todos. Zombies cegos com a mania de que são espertos em incessante luta entre si por conta de “tralhas”. É assim que começam e é assim que na maioria dos casos acabam, infelizes e ignorantes e traídos e abandonados e atirados ao lixo pelos outros “larvares”, ao cabo de, por vezes, quase um século de existência inútil (ou por assim dizer inútil). Exércitos de mal amados e de infelizes dedicados à propagação da ignorância, do sofrimento, da imundície e da destruição da beleza. Que tragédia!
Sexo… para mim tanto faz sexo como sopa. Não gosto que me sirvam “uma merda qualquer”. Gosto de qualidade (em tudo). De amor. E qualidade é amor (de qualidade).
… de resto, para quem seja capaz de alcançar daqui, “parar de amar” quem não o mereça é só ir amar para outro lado que assim se estanca o sofrimento. Depois de começar, o amor já não acaba, mas o sofrimento sim, esse é desnecessário. Por mim, acho que atingi a quota. A partir daqui, de sofrimento é só o mínimo. Farei por isso. E amar muito, muito tempo com muita dedicação, só quem valer muito a pena. Só quem tenha muita qualidade. E de resto… a todos.

O amor é assim: horas e horas e horas de sofrimento, anos e anos de esforço, de absoluta entrega, de meditação profunda, de dedicação extrema, de persistência neurótica, para desenhar esta meia dúzia de palavras de amor ao meu semelhante. Nunca desistir de amar.  
A única obra que importa é a da qualidade humana. É esta a experiência que prossegue.
E eis a metamorfose, o princípio de umas novas asas, de uma nova capacidade de voar, o começo de uma nova etapa. A experiência prossegue. Ainda não sei que nome darei à nova Libélula. Talvez Salomé. 

Topa uma pelada no fim de semana?


Alguns levaram ao pé da letra a idéia de fazer uma pelada. Foi numa partida promocional de rúgbi que ocorreu antes de iniciar o jogo entre a Nova Zelândia e a África do Sul.
A marcação homem-a-homem deve ser algo bem complicado. Mas a dúvida que eu tive é se a mão na bunda seria considerada ou não uma falta.

Obscenatório
http://obscenatorio.wordpress.com/

02 outubro 2012

«Escreve-me nas flores da tua alma» - Susana Duarte

Escreve-me nas flores da tua alma,

como escreves o azul
dos espaços
dos meus olhos.

.escreve-me nas janelas que abres,
e nos caminhos-de-ferro
que percorres nas tardes
em que as partidas

se transformam em corvos soturnos.

escreve-me na vida
das vidas que vivemos,
e nas orvalhadas em que acordamos
e nos sabemos sós,

eu em ti, tu em mim.

febre da chegada e do sabor
da flor
e da noz.

.escreve-me.

.serei o mapa dos trilhos que percorres.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Eva portuguesa - «As luzes do Porto»

Estou sentada na varanda, a apreciar uma vista magnífica sobre a Invicta.
Vejo a escuridão varrida por pequenas e brilhantes luzes, que fazem desta uma linda paisagem...
É impressionante como aqui as luzes parecem brilhar mais do que em Lisboa! Talvez porque as de Lisboa já conheça...
O Porto à noite é lindo! Pelo menos visto da varanda do meu mini-apartamento...
Desta vez vim sozinha... é mais solitário mas também tenho mais oportunidade para olhar com olhos de ver e analisar o que vou vendo, sentindo e vai acontecendo....
Estranhamente, as luzes do Porto fazem-me sentir simultaneamente mais só e mais acompanhada... Identifico-me com alguns destes pequenos pontos brilhantes, pois recusam-se a aceitar a escuridão. Por outro lado, alguns estão tão juntos e brilham tanto que me fazem sentir pequenina e deslocada...
Não há dúvida que o ditado "there´s no place like home" faz imenso sentido... sinto falta da minha cama, da minha casa, do meu ninho de amor, das ruas que tão bem conheço, da rotina....
Não ter com quem partilhar o meu dia a dia quando estou longe de casa torna-se penoso... Engraçado o que a distância, uma cidade desconhecida e o sentirmo-nos deslocados nos faz sentir... Parece que tudo tem proporções maiores do que as reais... a nossa casa torna-se mais acolhedora, a solidão torna-se mais devastadora, os medos aumentam...
Da outra vez que cá estive não senti isto... talvez por estar com aquela que na altura era minha colega de apartamento em Lisboa... uma cara familiar, uma voz conhecida, até um feitio já sobejamente reconhecido... E depois, apoiávamo-nos uma à outra. Quando eu estava mais em baixo, ela animava-me e vice versa... Chegávamos ao final de um dia de trabalho e comentávamos as nossas pequenas vitórias e os respectivos fracassos... ríamos do que antes tinha parecido um drama, preocupávamo-nos em conjunto, para em conjunto tentarmos achar uma solução...
É verdade que não reparei nas luzes do Porto...
E agora são elas a minha companhia...
Mas só o seu brilho não chega...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Emoções ao rubro

Vais a conduzir o carro novo e até tens a noção de que vais muito perto do carro da frente mas a mulher no passeio à esquerda é simplesmente fabulosa e não resistes à tentação de te fiares na sorte e virares por segundos a cabeça para o lado mas o da frente trava a fundo e estampas-te à bruta na traseira do infeliz.
No lugar do pendura, ciente do que acaba de acontecer e porquê, está sentada a pessoa que escolheu o carro e que tanto gosto por ele demonstrou: a tua mulher.

«Porno coloring books» - cada um de nós pode ter um pouco de arTesão

Por que motivo os livros para colorir hão-de ser apenas para as crianças?!
Três ilustradores portugueses tiveram a excelente iniciativa de criar os «Porno coloring books», "uma viagem ao mundo da pornografia como forma de combater a crise".
Cada um com a sua visão, criam três universos de fantasias para colorir:
Straight Fun - ilustrado por Rita Piri-Piri, "é um surpreendente livro de colorir por números, onde a normalidade cromática dá lugar ao psicadelismo em devaneios heterossexuais".
Only Girls - ilustrado por Candy Candy, "transporta-nos até ao doce mundo do sexo entre mulheres onde a pornografia é tratada com alegria e sensualidade, num ambiente pop".
"Fairy" Tales - ilustrado por Ricky Nacho, "mostra-nos as histórias de sempre, como nunca ninguém as contou, onde o universo homossexual é levado até ao mundo da fantasia".

Os livrinhos, que (se) vêm acompanhados de 12 pequenos lápis de cor (que me fazem lembrar os lápis das minhas t-shirts «faz-me um bico»), custam € 7 cada um e os portes são de € 2,50.





Já tenho estes miminhos na minha colecção, com dedicatórias dos 3 autores:




Comprem, meninas e meninos, comprem!
Vão ver como é divertido dar cor à malandrice.
Podem contactá-los através do blog
pornocoloringbook.blogspot.com
ou da página no facebook:
pornocoloringbook

01 outubro 2012

A Verdadeira Estátua da Liberdade


Esta estátua ainda não existe, pois as mulheres ainda não são livres…

Quando as pessoas despirem os seus preconceitos ergueram a verdadeira estátua da liberdade.

Obscenatório
http://obscenatorio.wordpress.com/


«respostas a perguntas inexistentes (211)» - bagaço amarelo

dedos

Comecei-lhe pelos dedos. Tem piada, sempre que penso numa mulher qualquer, a primeira parte do corpo que me vem à cabeça é a face. Depois podem ser as pernas, os seios, as mãos ou o rabo, mas a primeira é sempre a face. A face é o bilhete de identidade de cada uma delas. Só na Rita é que são sempre os dedos.
Já não a via há anos, mas quando ouvi inesperadamente a voz dela do outro lado do telefone imaginei-lhe imediatamente os dedos, magros e delicados como quando passávamos todos os fins de tarde na esplanada da praia. Era aí, entre algumas cervejas e refrescos, que eles tocavam em tudo como se tudo fosse frágil, e folheavam o jornal como se as suas folhas fossem de gelatina. Líamos os diários praticamente todos e depois ficávamos à conversa até as palavras se cansarem dentro de nós, normalmente já pela noite dentro.
Tinha conhecido a Rita precisamente por causa dum jornal. Num comboio urbano entre Porto e Aveiro onde viajei ao lado dela. Ela dobrou o Diário de Notícias depois de o ler e pousou-o sobre a saia, eu pedi-lho emprestado. Tinha uma notícia sobre o aumento de divórcios em Portugal que eu queria ler e acabámos os dois a falar sobre o tema. Ficámos a saber que éramos os dois recém-divorciados. Ela tinha saído de Braga sem direcção para desanuviar a cabeça (palavras dela), e agora estávamos ali os dois, tão distantes quanto próximos, a esticar o tempo entre os transeuntes apressados na estação de comboio de Aveiro. Foi o primeiro fim de tarde que passámos na praia.
Lembro-me de a achar forte, tão forte que estranhei ela caber dentro daquele corpo tão pequeno. Por outro lado, à medida que me fui apaixonando por ela comecei a perceber que o meu corpo era demasiado grande para a minha fragilidade. Ela queria distância de tudo o que era homem (palavras dela), e eu nem sequer sabia bem o que queria (palavras dela também).
No último dia ninguém leu jornais. Acho que amuámos os dois, ou melhor, amuei eu e ela retribuiu. Tinha passado a tarde entre banhos no mar e pequenos sonos na toalha. Num desses sonos senti os dedos dela a caminharem pelas minhas costas, como os dedos das Páginas Amarelas.

- Tens que perceber uma coisa. Tu estás triste com a tua separação, eu estou zangada com a minha. - disse.

Acho que foi a primeira vez que me ri por esses tempos. Levantei-me para dar um último mergulho e nesse mesmo fim de tarde fui levá-la ao comboio. Foi há quase seis anos e entretanto nunca mais a vi. Hoje telefonou-me e comecei-lhe pelos dedos.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Na fronteira do perigo

Estás ao volante, parado no semáforo, e atravessa a estrada uma mulher vistosa, com tudo aquilo que gostas de apreciar numa mulher, mas atinges o limite da tua visão periférica e estás quase a virar os olhos para dentro mas a pessoa a teu lado, no lugar do pendura, também deu por ela e está a olhar para ti.
E a pessoa ao teu lado é a tua sogra.

Borboletas no estômago

Uma história de amor.



Belíssimo.

Capinaremos.com