19 agosto 2013

Luís Gaspar lê «Um Campo Batido pela Brisa» de Fernando Assis Pacheco

A tua nudez inquieta-me.

Há dias em que a tua nudez
é como um barco subitamente entrado pela barra.
Como um temporal. Ou como
certas palavras ainda não inventadas,
certas posições na guitarra
que o tocador não conhecia.

A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo
para um lado misterioso e frágil.
Distende o meu corpo. Depois encurta-o e tira-lhe
contorno, peso. Destrói o meu corpo.
A tua nudez é uma violência
suave, um campo batido pela brisa
no mês de Janeiro quando sobem as flores
pelo ventre da terra fecundada.

Eu desgraço-me, escrevo, faço coisas
com o vocabulário da tua nudez.
Tenho «um pensamento despido»;
maturação; altas combustões.
De mão dada contigo entro por mim dentro
como em outros tempos na piscina
os leprosos cheios de esperança.
E às vezes sucede que a tua nudez é um foguete
que lanço com mão tremente desastrada
para rebentar e encher a minha carne
de transparência.

Sete dias ao longo da semana,
trinta dias enquanto dura um mês
eu ando corajoso e sem disfarce,
ilumindo, certo, harmonioso.
E outras vezes sucede que estou: inquieto.
Frágil.
Violentado.

Para que eu me construa de novo
a tua nudez bascula-me os alicerces.

Fernando Assis Pacheco
in “A Musa Irregular”
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Solteiros sempre vencem

Pelo menos uma disputa de queda de braço [braço de ferro, em Brasilês]…



Só os entendedores entenderão essa.

Capinaremos.com

18 agosto 2013

«Mine» - Alvaro de la Herrán


Mine from Alvaro de la Herrán on Vimeo.

Bolacha Torradinha




Cá estou de volta, Senhor Doutor, com esta corezinha de bolacha torrada, tão bem aceite por todos como rótulo de beleza física da região demarcada do bem estar e da felicidade, apesar de me palpitar que as minhas célulazitas mortas, tostadinhas ao sol, não estarão de acordo.

Mas que se lixe!... Gostei de exibir no local de trabalho esta bandeira de descanso como se ainda trouxesse a toalha ao ombro. E de responder que sim, que a praia este ano está cheia de bikinis. Daqueles que copiam os modelos da década de 60 com a caixa de peito armada e o calçãozinho subido. E também com aqueles que revivem os anos 80, com o pedacinho de tecido que tapa os seios enfiado num fiozinho deslizante graças ao qual, se dermos uma corridinha, faz logo saltar uma mama para fora. E mais que sim, que toda a gente usa duas cores no bikini, uma para o soutien e outra para a string enchendo o areal de cores como a arquitectura do Tomás Taveira por esse país fora.

E quais corpos danone, quais quinze dias kellog’s ou quais vinte passos das dietas miraculosas de verão que todas as banhinhas de homens e mulheres se mostravam pela beira-mar para não perder uns dias de bronzeado e improvisando a queima de calorias nas voltas insistentes da língua sobre um gelado.

Nem sei porque não me comove a areia a arranhar-me os interstícios dos dedos dos pés, o sol que começa por lamber-nos suavemente para depois nos dar palmadas nas zonas mais expostas, as ondinhas ordenamente umas atrás das outras em carreirinha, os pôres do sol que anunciam a néon a noite e o voltar para o carro a exalar um bafo quente. Porque é que nem sequer acho erótico tanta carne exposta em fios de cores e flores e prefiro uma profunda troca de bactérias com um gajo, mesmo que seja perto de um contentor de lixo?...

Cãozinho na praia

15 agosto 2013

Angélica Liddell - «Love Exposure: Yoko's Corinthians 13 Speech. Beethoven - Symphony No 7»

Teatro Taborda, Lisboa
35º CITEMOR - Festival de Montemor-o-Velho
Julho de 2013
Vídeo de Hugo Barbosa e Pamela Gallo
Criação: Angélica Liddell
Interpretação: Angélica Liddell, Gumersindo Puche e Lola Jiménez
Produção executiva: Gumersindo Puche
Assistente de produção: Mamen Adeva
Iluminação: Octavio Gomez
Tradução: Maria José Vitorino
Apoios: A Escola da Noite, Escola Superior de Dança, Festival Temps d'Images, Teatro da Garagem.


ESPECTÁCULO I "LOVE EXPOSURE: YOKO'S CORINTHIANS 13 SPEECH. BEETHOVEN - SYMPHONY NO 7 " I ANGÉLICA LIDDELL from CITEMOR on Vimeo.