22 agosto 2014

Mas convém sempre lavar à mão

Uma coisa que nós homens devemos agradecer ao divino é o facto de nenhum dos nossos tecidos de série encolher com a lavagem.

Pontos de vista

Luís Gaspar lê «As mãos e as mãos» de Orlando da Costa


A polpa secreta
Das tuas mãos
Espero-a inteira
Espero-a inteira
Como frutos à beira
Da fome de alguém
Espero-a inteira
Nesta fome que vem
Só das tuas para as minhas mãos
Minhas mãos geladas
Minhas mãos suadas
Em rebentos de cada esforço
Descarnadas mãos
De que já riu a ferrugem das grades
Minhas mãos abertas para que creias
Mãos suadas e novamente suadas
Mãos capazes de enxertar veias
A polpa secreta
Das tuas mãos
Espero-a inteira inteira

Orlando da Costa
Nascido em Lourenço Marques, no seio de uma família goesa. Apoiou a candidatura de Norton de Matos e foi preso três vezes pela Pide (1950-1953). Da última vez, esteve preso por cinco meses, acusado de militar em defesa da paz. Passou pelo ensino particular até ser proibido de ensinar e trabalhou na publicidade.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Postalinho espanhol (2)

"Em Espanha, os dentistas são bem malandrecos.
Este é de Benavente".
Paulo M.




21 agosto 2014

Motosutra - o kamasutra das motos



E para quem precisa que se lhe faça um desenho:

Postalinho espanhol (1)

"Adão, Eva e a serpente num dos capitéis da porta principal da igreja de Santa María del Azogue, em Puebla de Sanabria.
Repare-se no detalhe precioso da serpente a falar ao ouvido do Adão (deduzo que não seja a Eva, mas não é muito claro quem é quem).
No painel explicativo à entrada, referem ainda que a igreja foi iniciada no século XII mas tem, do século XIII, uma «pila bautismal»."
Paulo M.



Casal a fazer 69

Pequena estatueta em barro vermelho com casal a praticar 69, com a mulher em cima do homem.
Peça das Caldas da Rainha, oferecida pela Suzana Redondo.





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Uma definição para o DiciOrdinário


20 agosto 2014

Desafio Banhos púbicos


... É provável que já tenham ouvido falar de “banhos púbicos”, uma tendência que tem dominado as redes sociais.
Em que consiste? A São Rosas desafia quatro amigos/as a fazer o mesmo nas próximas 72 horas. Depois de tomado um banho púbico (queremos fotos M/F enviadas por mensagem ou para o mail...) é publicado o feito no Faceblog. Caso isso não aconteça, não acontece nada! Se o desafio for aceite e concretizado, juntar-me-ei à causa.

«conversa 2094» - bagaço amarelo




Ela - Ouvi dizer que tens gatinhos pequeninos.
Eu - Só durante algum tempo. Sou FAT* duma gata que decidiu parir dois gatitos lá em casa.
Ela - Ao meu ex-marido aconteceu mais ou menos o mesmo.
Eu - Também é FAT de gatos?
Ela - Não. Foi FAT duma gaja logo a seguir a mim e quando deu por ela, ela já estava prenha.

* Família de Acolhimento Temporário


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A Nu



«Desfaz-me» - João

"Contra uma parede estava o teu corpo, de braços cruzados e olhar no vazio. Sinais de inquietude. Distância e um pedido, não te aproximes. Estou bem assim? Estás. Não te aproximes por favor. Não te aproximes de mim, não mais que isso. Parado ficara, numa distância segura, e os olhares cruzaram-se de novo, e o corpo tremia. Não estava frio mas o corpo tremia. Os corpos. Plural. Mas porque não? Porque não? Não te aproximes por favor, porque se me tocares desfaço-me, se me tocares desfaleço, e não posso, agora não posso, e a parede a segurar-te, e o chão a suster-me, o ar a pesar-nos, os olhares a ligar-nos. E as mãos, as quatro, sem saber muito bem onde se esconder, e tu a quereres as minhas mãos nas tuas costas, e o silêncio a ecoar naquele espaço, a pressão tão grande, tão grande, inspirar era um turbilhão, expirar um tornado, e não me toques, insistias que não te tocasse para não desapareceres, para não derreteres, e eu dei um passo atrás e respeitei, e enquanto descruzas os braços e te vejo afastar da parede atirada em direcção a mim já só te consigo ouvir dizer que se foda, desfaz-me."
João
Geografia das Curvas

19 agosto 2014

Temperar a gosto

Gosto de entender a brisa morna que sopra como provinda do céu, da sua boca quente que arrepia a terra no areal desprotegido como uma nuca acabada de destapar.
Gosto de imaginar o som das ondas como a reacção ofegante dessa terra excitada, excitante, arrebatada pela sensação, exacerbada pela emoção que o céu, tão persistente, insiste em estimular.
Gosto de sentir o vento soprar cada vez mais forte, já perto do ocaso que anuncia a noite trazida pelo céu para cobrir como um véu o momento de encanto privado, a troca de carícias clandestina entre a terra feminina e o seu amante celestial, madrugada fora, até ao regresso do sol que ilumina como um sorriso o rosto da terra por instantes adormecida.
E depois a brisa de novo soprada, de forma gentil, para lhe sussurrar um até já porque esta história não tem fim.

É fácil gostar assim.