03 fevereiro 2015

Rodar


David Silva - Reel from David Silva on Vimeo.

A posta que é fácil falar de amor

É fácil falar de amor. A palavra é pequena, apesar do alegado tamanho da emoção em causa. Por isso mesmo, toda a gente sabe do que se trata e trata-o por tu.
“Eu amo-te”.
Não custa nada a dizer. E ainda por cima, tal como julgam que o sexo se aprende com filmes pornográficos, acreditam que o amor se aprende nas séries ou nas novelas da televisão. E é fácil de dizer, com expressões tão curtas como as paixões mais assolapadas se revelam quando não evoluem no sentido do compromisso emocional que o amor implica.

É fácil, sim. Falar de amor é possível bastando o recurso aos clichés dos contos de fadas ou dos clássicos do romance (quase a mesma coisa). Violinos em fundo, meia dúzia de adereços e I love you montanhas mesmo que não se faça a mínima ideia de qual a sensação que um amor suscita. A paixão serve de adoçante, o falso açúcar que, mesmo sendo doce, não é exactamente a mesma coisa. E depois a coisa amarga.
O amor implica riscos de que a paixão foge a sete pés. Coisas sérias. Confiança, perspectivas de futuro, cumplicidade, intimidade, respeito, uma carga pesada que a paixão alivia quando até se pode chamá-la de amor para dar o ar.

São afinal coisas parecidas, um bocado como o aglomerado de madeira pode fingir-se mogno. Não dura tanto, o aglomerado de paixão, mas remedeia. E depois de várias paixões, qualquer pessoa sente-se versada nas artes do amor. É paixão, mas até se pode chamar-lhe um assobio desde que produza a ilusão pretendida, o sonho disney de quaisquer candidatos a príncipes ou princesas.
“Amo-te muito”. Mas…
Mas é mais fácil de dizer do que fazer (sentir), por estranho que pareça a quem sente o coração acelerado por alguém sem ter a noção de que até uma queca ansiada pode produzir esse efeito na pessoa.

É fácil falar de amor. Mas também é fácil falar de futebol e achar que o do Brasil, por exemplo, é igual aos outros. E no entanto é de outro campeonato que se trata.

«[ ]» - Susana Duarte


vou escrever-te onde te sei: nas nuvens paridas pelos sonhos brancos.
e no coração de todas as impossibilidades.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

«Mikli habille les yeaux» (Mikli veste os olhos)

Lote de cartaz publicitário e 8 postais de uma campanha publicitária francesa dos óculos Mikki.
Oferta da empresa Alain Mikli para a minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)




02 fevereiro 2015

Carl's Jr - «Au naturel»

«Confia» - João

"Senti que tentavas impedir-me de o fazer. De algum modo o teu jogo de mãos tentava bloquear o meu remate, tentava segurar-me, anda cá, dizias tu, vem cá, quero olhar-te, quero ver-te, e eu a fugir-te. A forçar o meu corpo para fora do teu campo visual, a fugir às tuas mãos, a fugir aos teus braços, a dizer-te sem te falar que confiasses em mim, que nada havia que temer, que não precisavas sentir-te mais exposta nem transformada em nada que não eras, que eras a mulher que estava comigo por dentro e por fora, e que agora era comigo, agora era eu quem ia provar-te os sabores, e rasguei-te as defesas, desci às tuas coxas e deixei o teu cheiro entrar no meu nariz primeiro e a minha boca provar-te a pele depois, e o mundo podia ter tremido que não teria notado, beijando-te, lambendo-te, sentindo um prazer imenso que jamais poderias entender, e eu a pedir-te que te libertasses, que sentisses, que me sentisses falar com o teu corpo através da minha boca, da minha língua, da tua cona. São só dimensões do mesmo sentir, entendes? São só os outros lados da figura, deste jogo nosso, não me prives, mesmo que não me entendas totalmente, a princípio. Mas com o tempo entenderás, aprenderás a apreciar, saberás o prazer que isso me dá, do quanto preciso disto, e faremos tudo, tudo e mais qualquer coisa, e irei a ti, olhar-te-ei, de rosto feliz, excitado, convicto de que não voltarás a pensar impedir-me, que me farás menos bloqueios, que amarás isto tanto quanto eu, ao ponto de suspirares para que to faça. Mas pouco. Só quando quiser provocar-te. Porque sabes que navego entre as tuas coxas a qualquer dia, a qualquer momento, com o mesmo gosto de sempre, sem pedires."
João
Geografia das Curvas

«respostas a perguntas inexistentes (293)» - bagaço amarelo

bifanas

Esta podia ser a história dum homem e duma mulher que foram feitos um para o outro, mas não é. Quando nascemos, nascemos feitos para nós mesmos. Não é egoísmo, é liberdade. Se o Amor não entender isso, acaba. O problema é que normalmente não entende, porque o Amor tem a mania de ser egoísta.
Sobre o que falamos quando falamos de Amor, acaba sempre no mesmo pressuposto, errado, de que quando duas pessoas se Amam passam a dever alguma coisa um ao outro. É a assumpção de que duas pessoas podem nascer uma para a outra quando, de facto, não podem.
A variável do nascimento insere-se no imenso caos probabilístico que nos torna impossíveis para o(s) outro(s). Ainda bem, digo eu. Sabe tão bem sermos feitos para nós mesmos que sabe ainda melhor quando atingimos a impossibilidade do Amor.
Na verdade, o único egoísmo que consegue ser maior do que o nosso é o egoísmo da paixão. Quando nos apaixonamos e passamos a sentir que o chão está dez centímetros abaixo dos nossos pés, assim como quem não quer a coisa, abdicamos um pouco de nós.
Estou a escrever este texto com as mãos a cheirar a bifanas, as melhores do mundo, que como de vez em quando no Icaria, um restaurante perto da estação de São Bento. São dois euros e noventa por uma experiência divinal com carne no pão e uma cerveja. Mais ainda quando se assiste ao que eu assisti hoje. Um homem e uma mulher a discutirem energicamente na rua. Ela a pedir que ele a deixasse em paz, ele a argumentar que foram feitos um para o outro.
É um péssimo argumento, pensei. Depois trinquei a bifana.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Amélie» - por Luis Quiles


01 fevereiro 2015

«Pornografizme» - Porta-Curtas

Diretor: Leo Pyrata
Duração: 9 min
Ano: 2010
Sinopse: Sobre a política dos afetos em tempos de banda larga.

Toilette


PIM


Tirei o dedo da boca e saltei-lhe ao pescoço a fazer da minha língua esfregona para a limpeza de rotina do seu pescoço e orelhas que quero que homem que ande comigo, ande lavadinho. E valha a verdade, também porque sou menina de nestes preparos gostar de me baloiçar no banquinho das suas mãos estiraçando os calcanhares no fundo das suas costas. Ele lá se encostou ao aparador da sala para eu lá fincar os pés que com ambas as mãos nas minhas nádegas faltava-lhe uma para puxar os boxers para baixo que apesar da largueza sempre tinham um elástico em cima que ainda lhe garroteava a glande e lá se ia a brincadeira. Depois lá continuámos os folguedos embora creia que a vizinha do lado tenha pensado que nos magoámos a colocar um quadro quando bati várias vezes com os pés na parede e ele deitou cá para fora uns ais profundos.

Já sentados no chão à roda de um cinzeiro ele começou a desfiar um rol de utilidades muito para além da escova de dentes que contava armazenar cá em casa e foi como se uma pulguita me picasse uma orelha e atalhei logo que para isso ele tinha de ser um PIM que é o mesmo que dizer Projecto de Interesse Mariano. E indagando ele dos detalhes como já estava garantida a sua resistência para desgastar todo e qualquer mobiliário só faltava provar que era homem para me ir comprar uns tampõezitos, com aplicador evidentemente e também a minha marca de pílulas na farmácia mais próxima.

Feirantes


Não há fome que não dê com a minha fartura. Pelo menos foi assim que aprendi.

Patife
@FF_Patife no Twitter