Do delírio, escrevo-te em exaltação, numa ida e volta]
«Tu, que eu não vejo e estás dentro de mim, que me rodeias. Pura e salgada. Uma cega Deusa, que te escondes na fluência dos meus maiores movimentos. No plural. Num momento intenso. Num plural. Raiando. Na minha mão viciada e aluada.
És fel em brasa, potente, nas veias corrente. Correndo. Uma loucura. Na substância elementar que enche, preenche e me delira. Diurna, crua no poema. Água profunda. Nua. Inocente, que debaixo da plaina, o meu macho, transfundes. O inspiras. Respiras e me inspiras, tanto de fora como dentro. Tu, tudo sabes. Tudo desejas, através da voz do meu grito que estala e embriaga todos os meus dedos, na ânsia queimados, nessa tua força absoluta. Arguta, que murmuras cegamente, no saltear que se desprende no meu despir, faminto, de botão em botão. No verbo amar. No verbo foder. No verbo comer. No verbo saber.
Tanto tens de imortal como de absoluta. Eu sou, em ti, uma pequena abertura, um continente oculto, onde as tuas labaredas me alcançam nos aromas, na minha carne fria, difícil.
Escrevo-te porque te amo, acima de tudo porque me amo, no toque, no beijo, num desejo.
Escrevo-te da minha inteligência exterior, da minha secretária quadrúpede, onde sou palavra de energia rápida, embora não tão quente como tu, num gozo...
Um beijo
Da tua sempre amiga
Sensualidade
PS. Responde-me um dia destes...»
[Blog Vermelho Canalha]