21 março 2010

no dia da poesia... um poema inrótico

no dia da Poesia
fui a uma casa de tia
deixar por lá algum verso
que de atrevido ou perverso
nos fizesse algum sentido
ou trouxesse demasia
no concerto do universo

mas fiquei desiludido
por não haver nesse abrigo
as boas putas coitadas
já todas escorraçadas
por morais e bons costumes
e outros tantos estrumes
em que é o mundo pródigo

só lá encontrei uns velhos
rameiros politiqueiros
que a malta já não indulta
mas cheios de bons conselhos
malvados alcoviteiros
de pôr todos de joelhos
a bem dos da face oculta

e por quanto se anuncia
a não louvar velhas putas
por ser indigno e machista
digo eu que há mais poesia
nessas penosas labutas
do que na corja chupista
que nos esmifra a carteira
bem mais que alguma rameira
muito mais que as velhas putas.

Velas

Deixas-me entregue à fatalidade das palavras banais. Mais um lugar-comum e sou apenas mais uma entre tantas que ardeste. Por isso, acendo um cigarro e conto-te as coisas que não sei. Enchem-me as velas apagadas, quase virgens, em toda a vida só arderam os teus dois minutos. Não chores, não chores, não chores, não chores mais. Se nunca é só o meu corpo que te abraça - bem sabes - até quando o corpo se afasta, o abraço fica. Deitas-me na tua cama com a calma solene do amor e com a intensidade dos desordenados pela paixão a vibrar-te a nudez. O meu corpo ganha ordem no teu, o teu no meu; a imagem do querer aos pedaços fica inteira quando encaixamos assim - eu no lugar teu, tu no teu lugar em mim. Olha as palavras, onde vão? Olha, que agora que não te ouço, elas, ainda assim, estão aqui. Porque foi no meu dorso que as soletraste, devagarinho, com os dedos, e esculpiram quem eu sou agora. É assim que acontece com as palavras de um amor, quando se vai as palavras ganham corpo eterno e branco de estátua - nós ficamos petrificados! E fica-se entregue à fatalidade das palavras banais. Saudade. Dor. Lágrima. Vontade.



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Um homem também chora... e o Bartolomeu ode:

"Quando te vens e eu me venho
As palavras ganham corpo...
Eterno e branco de estátua
De ti, tenho sede, tenho míngua
Do teu respirar, do teu sopro
N'alma apaixonada deste velho

Porque foi no teu dorso que soletrei
A mudez de uma paixão sem nome
Encaixado em ti e tu em mim
Que senti a saudade de quem amei
Que senti do seu corpo toda a fome
Que fingi rir mas não. Chorei por fim!"

Tomates


Sabes como a música é importante;
canela, azul, romãs, mãos.
Os meus sentidos, os teus (disfarçados),
os sons e o cheiro bom das especiarias;
as cores lindas que a vida oferece,
o sabor doce (amargo),
o tacto diluído num beijo.

Tu sabes. Claro que sim.
Pensas que é pouco másculo(!)
dizê-lo, parecê-lo ou desejá-lo.

Continuas a ser o mesmo estúpido
mascarado de galã
- que de galã nada tem -
com reacções pouco interessantes.

Reage! Ouve! Cheira! Vê!
Saboreia! Apalpa-me.
Falta-te o quê?!

- Tomates.

Foto e poesia de Paula Raposo

Pamela Anderson para CrazyDomains.com.au

Princípio dos vasos comunicantes


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O Dominador



HenriCartoon

20 março 2010

O Bartolomeu e a lixa nº 20

A Miss Well odeu as enseadas e o Bartolomeu lembrou-se daquele tempo em que...

"Xiiii, já passaram uns bons anos desde que duas amigas decidiram foder-me na praia.
Era uma noite de passagem de ano. Fomos os três para Sesimbra e, de madrugada, sem saber como, já estava no areal da lagoa de albufeira, voltado para o mar, com as duas a «fazerem-me a folha».
Álcool, frio, areia e duas gajas ao mesmo tempo, são uma péssima combinação e... no meu caso, o resultado foi inverso. Em lugar de explosão, aconteceu implosão... se me vim, foi para dentro.
O pior é que fiquei com o sardo cheio de areia que, misturada com a langonha, depois de secar se transformou em lixa nº 20.
Dasss! Na praia, agora, só dentro de água... sem caranguejos por perto."
Bartolomeu

O conto da louca

Ficamos um bocadinho sozinhos na companhia da escuridão. O silêncio é imóvel nos quartos; na alma agita-se e, aliado constante do escuro, atrai os pensamentos que moram debaixo das camas para cima dos lençóis. Lá estão eles, agora, a espreitar. Acendo as velas. Vou ler; fazer nada pode abrir os portões a tudo o que estava de cabeça tapada a dormir o sono agitado e superficial dos esquecidos. Quanto tempo duram estas velas-vassouras de fantasmas? Agora vejo-as no fim. As lágrimas de cera derretida começam a fugir. As lágrimas de sal começam a aproximar-se. Rolam a última lágrima e a primeira lágrima e já aqui transborda o rio negro. A cantilena! A cantilena enche a cabeça e afasta os fantasmas. "A menina das tranças, a menina das tranças, a menina das tranças tinha loiras esperanças, a menina das tranças, a menina das tranças, a menina das tranças tinha loiras esperanças"... Mas a cantilena traz do fundo da memória a música de um piano, a música de um passado alegre sem teclas quebradas. Fantasmas, fantasmas, fantasmas que quebraram as teclas. Retorna a luz pouco tempo depois de terem ardido as velas.Aqueles instantes são o seu momento de gozo, demora-se para se apresentar como pão aos famintos, irrompe plena quando se arrastam de mãos entendidas; a Senhora Misericórdia é cruel. Pode voltar à melancolia, a louca no sanatório.

Schtroumpfs cabeleireiros

Um postalinho enviado pela c&a

Dancemos! Concha Velasco e «Vespa»

Para quando um musical português sobre a FAMEL... ou a SACHS... ou a ZUNDAPP?



O Bartolomeu apoia... e conta:
"Já mereciam, sessenhora!
Teria paí os meus 17 ou 18 quando comprei uma sachs modelo de cross de 6 velocidades.
Nessa altura era maradinho pelo moto-cross, fartei-me de foder motas, guito e o corpinho.
Uma namoradinha da altura, menina queque de Cascais, adorava assapar com o "cromo". Então... para me "armar aos cucos" fazia com ela as curvas do Guincho e as da Pena, sempre a "ripar" com os pousa-pés a roçar no asfalto, o que fazia com que a miúda ficasse toda molhadinha e eu, cheio de vontade para lhe saltar prá cueca.
Uma bela tarde de verão, depois do habitual périplo, enfio por uns carreiros na serra de Sintra, já com a ideia de encontrar um local maneiro para o farfalho, mas levava na ideia um exercício que, se conseguisse concretizar, iria fazer de mim o herói, o mago da modalidade do encavanço.
Depois de um sobe e desce frenético de umas derrapagens e umas rasas aos pinheiros, lá encontrei um local que me pareceu bem e parei o "cavalo".
Treta práqui, treta pracolá, apalpão aqui, apertão acolá, mais beijocas e lambidelas, mais dedos e não sei quê, consegui que a miúda consentisse em lhe sacar as cuecas. Estava a tenda armada, entendi que tinha chegado a hora de realizar a minha projectada fantasia.
Então pego na pita ao colo e afinfo-a em cima da mota, de costas voltadas para o volante.
Deram-se ali uns momentos de equilibrísmo mas, com a minha ajuda e as mãos apoiadas no depósito, a moça lá se segurou. Então o "artolas", de moca em riste, galga pra cima da burra, segura as pernas à equilibrista e... lá entala a carola ao menino. A merda toda era que, como a mota era alta, com os pés no chão, não dava para fazer o vai e vem. Então... plano "B".
Subo para cima dos pousa-pés, aguento-me firme, seguro de novo as pernas da miúda e verifico que, assim, a cona ficava lá muito em baixo. Solução: flectir as pernas e levantar o cu dela. Esta manobra exigiu mais força de braços para ela e maior capacidade de equilíbrio para mim.
Quando olhei para a cara da miúda percebi que o esforço estava a ser demasiado, mas... como me atentava o desejo de realizar aquele número, lá voltei a ensaiar a penetração. E Zummm... o bicho deslizou inteiro para dentro da cova apelativa e hipnótica. Porém, era mister que voltasse até quase à entrada para que voltasse a entrar e por aí adiante até que no céu estalassem estrelas, campaínhas tocassem e anjos harpejassem.
Mas não, na segunda ou terceira encavadela, os braços da miúda falharam e a força muscular traíu a suspensão no preciso momento em que o "nabo" entrava profundamente.
Desequilibro-me, deixo-lhe as pernas e tento segurar-me ao volante, a mota agita-se e tomba e nós os dois junto com ela.
Gera-se uma confusão do caraças, a miúda fica com a perna por baixo da Sachs, eu fodo um joelho numa pedra e... só não parti a mola ao caralho porque caí para o lado contrário. Senão, talvez ainda hoje lá estivessemos os dois, já petrificados.
Sei lá... dizem que aquela serra é mágica!..."

19 março 2010

Momento

Ele deixou-se cair na cama.
Ela esticou-se, lançou a almofada para o chão, pousou a cabeça sobre os braços cruzados, fitou-o e sorriu.
Ele expirou e respondeu-lhe com um sorriso saciado e satisfeito.
Ela piscou-lhe o olho e murmurou:
– Hum… Gosto das tuas palmadas.
Os olhos dele brilharam mais e o sorriso abriu-se:
– E eu das tuas nádegas – respondeu, aproximando-se do rosto dela.
Beijaram-se.

Gula

Os sentidos, qual é o sentido?
Dois são pendentes, e um sentido...

Estava alto e tenso, o órgão vivo,
O estímulo inflecte nas minhas mãos!...

Havia a boca que o tinha... Devastador...
Todo o organismo, neutro vago tremor!

Em ti há chamas em... Num estrídulo duro.
Sucção da boca, que tem na boca, tem, na língua da boca...

Latente, que bate, na fronte, em frente, tua frente louca!
É na boca, é atrás, é na língua, é atrás, voz que suspira, rouca...

Torrente impetuosa, incandescente , extrema tensão!...
Na exausta haste erecta... Numa gula fascinação!...

[Blog Vermelho Canalha]

Quase um poema

Quando me encontrares
deixas-me ser
o teu quase-poema?
Quando me perguntares
deixas-me responder
como quem se declama?
Sabes que os poemas
são tão tímidos
escondidos nos dedos
mas tudo de si dizem
aninhados nas metáforas?
Sabes que os poemas
são tão frágeis
mas tão férteis
quando crescem
na força das palavras?
Quando me beberes
deixa-me escorrer
em versos líquidos de alma.