03 julho 2016

Luís Gaspar lê «Pagem loiro» de António Botto

Andava a lua nos céus
Com o seu bando de estrelas

Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze

Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho

Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Placidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.

Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.

Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar…

Olhei o céu!

Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombria.

Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento…
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento

Vinha longe a madrugada.

Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinho…, até cair.

António Botto
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português. A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia "Canções" que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«pensamentos catatónicos (335)» - bagaço amarelo

Quando alguém sofre por Amor, explicar-lhe aquilo que ele já sabe não ajuda nada. Só piora. É que de um Amor, tudo o que se sabe é que ele dispensa a sabedoria.
Por mim, fazia já um abaixo-assinado para pedir ao mundo que não dê conselhos sobre desAmores alheios. Os conselhos são apenas mais matéria para o mal estar. Nunca ninguém se apaixonou através do pensamento dedutivo, nem sequer tirou uns dias para decidir se se devia apaixonar ou não. É por isso que o processo inverso também não é inteligente. Ou te apaixonas, ou não. Ou te desapaixonas, ou não.
Dizer a alguém que não devia gostar de alguém é tão inteligente quanto pouco. Vem sempre de quem sabe analisar especificidades mas não consegue perceber o todo. A especificidade é uma batata. O todo é o Amor.
Um abraço, no entanto, muda tudo nem que seja só por um momento. Às vezes, em vez de palavras, deviam surgir abraços.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI do venham mais cinco


Maitena - Condição feminina 34





02 julho 2016

«Inerte» - João

"Lembro-me perfeitamente de estar adormecido. Tinha combatido um sistema de som pouco cooperante para ambientar aquele espaço com algo etéreo, uma banda sonora que elevava ao sagrado o que já o era no silêncio. E tinha adormecido. Despido, enfiado numa cama, à espera que as horas se deitassem também elas, que os minutos tombassem como peças de dominó, enquanto o meu corpo inerte desejava o teu. Não tenho uma imagem perfeita da tua chegada, mas sei que tudo se passou muito depressa. Recordo o barulho na porta, que me resgatou de um sono muito leve e inquieto. A partir desse momento foi tudo demasiado rápido. Não sei se não virias já a despir-te no elevador, não sei se na tua cabeça não vinhas já nua no teu pensamento, mas seguramente procuravas algo, e esse algo era o corpo que aquecia a cama por ti. Tão depressa estou a ouvir-te abrir a porta quanto estou a sentir-te entrar para a cama, praticamente nua, senão mesmo nua, terás de me perdoar por não o saber, o arroubo foi tal que te puxei a mim e sim, acredito que sim, que viesses já nua, que os teus mamilos estivessem prontos ao meu toque, que a tua cona estivesse já livre ao meu caralho, porque da porta aberta ao teu orgasmo foi um ponteiro de segundo. A tal momento a música era só a nossa respiração ofegante, e perfeição. Demasiada. Talvez o problema fosse esse. Demasiada perfeição. A perfeição é como a esmola, e o ditado popular que se aplica às esmolas é o mesmo para a perfeição. Desconfiou-se. E quando se desconfiou, o ponteiro de segundo recuou, a nudez cobriu-se e deste passos de volta à porta, fechada, e o meu corpo, inerte tombou."
João
Geografia das Curvas

Aspirina?

Fica socialmente complicado sempre que uma mulher tosse perto de mim. “Eu já te digo o que é bom para a tosse” nunca é levado a sério.

Patife
@FF_Patife no Twitter

«O cheirinho do amor - crónicas safadas»

Livro de Reinaldo Moraes com vários pequenos contos malandrecos.
Junta-se ao livro »Pornopopeia», do mesmo autor, na minha colecção.


A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
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> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

Quem nunca?...


01 julho 2016

Já estou a ganhar uma forte alergia ao Facebook!

Não se admirem se um dia destes o Facebook bloquear a minha página, por publicar imagens como esta.

Mais uma vez
aonde está a nudez?!



Alice Caetano - «Diálogos de Maria e Miguel - 4»

Maria – Que horas são no mundo, amor?
Miguel – São horas de viver… ou de rebentar com o mundo!
Maria – O nosso mundo?!
Miguel – Sim, o nosso mundo, que é uma amálgama de carne, vento poluído e sonhos que quebram, antes de ir ao forno de cozer faiança.
Maria - E nós?!
Miguel – Nós? Só nos salvaremos se, entretanto, ficarmos suspensos em cordas de utopia.
Maria – Ama-me.
Miguel – Até onde for possível.
Maria - Até ao infinito, se o arco-íris deixar?
Miguel – Sim amor, pousa em mim.
Maria – Vais respirar? Ou fingir que não me sentes? Para depois, num impulso, me abraçares e me levares até à eterna caminhada lunar?
Miguel – Anda.
Maria – Vou chamar a aragem para me levar. Esperas por mim?
Miguel – Claro que espero.


Alice Caetano
in «Maçã de Zinco» - Editora Esfera do Caos

«Buceta» - Rubros Versos


Tiago Silva

«Grandiosidade» - Ruim







E se fosse consigo? Não, SIC, a minha filha não vai ter nenhum namorado preto porque irá ser uma rapariga muito humilde sem mania das grandezas.

‪#‎agorapensa‬

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