14 julho 2019

O fundo Baú - 25

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»
Em 08 abril 2004, publiquei um conto do Jorge Costa:

O sexo e a cidade

Passou vagarosamente pelo ponto, que ele sabia ser o dela. Várias vezes tinha passado por ali e sempre a via naquela postura de como quem espera por um novo serviço.
Um dia, saiu à procura de já não sabe o quê e sem querer acabou passando por ela. Naquele dia ainda estava com mais pose, a vendedora de sensações. Um baixar de vidro, uma ou outra pergunta e lá foram os dois a caminho da pensão da Dª Marquinhas. Senhora de avançada idade, mas de grande sagacidade, super prestativa e com arte de fazer com que quem entrasse se sentisse como quem vai mandar fazer um fato.
Encaminhados para um quarto com vista para as traseiras, lá seguiram a Dª Marquinhas, que mais uma vez e muito solicitamente lhes indicou as toalhinhas e o biombo onde por trás se escondia um bidé. Tão querida. Tão prestável, a Dª Marquinhas.
O ritual de sedução começou logo após fecharem a porta...
Ainda não tinha tirado as calças, já a parceira estava nua. Bem nua. E ele ali... deitado com cara de quem não sabia muito bem o que fazer. Olhos postos no tecto e enquanto o pensamento divagava pelas contas de electricidade, a prestação do carro e a ida ao barbeiro, lá se foi entumescendo e arqueando com o trabalho daquela criadora de sonhos.
Agradeço que não me perguntem se sou do interior e se os meus pintos são da costa...Pela janela, via a traseira do prédio. E, enquanto a cabeça da profissional se mexia com um ritmo cadenciado, lá se ia distraindo a ver as telhas de lousa que cobriam os galinheiros que a Dª Marquinhas tinha no quintal. Belos galinheiros aqueles, sim senhor. E que bem cobertos estavam. Tanta telha de lousa!
O cacarejar das galinhas era parte integrante do ambiente que os rodeava. Romance. Puro romance. Sim, senhor... dentro da cidade, ainda se pode ouvir o campo. Como é bom... estar no campo.
Depressa se cansou de ver telhas e concentrou a atenção no candeeiro que tinha por cima da cabeça. Não sem antes ter reparado num cabide daqueles antigos onde se punham os fatos e se pousavam os sapatos. Lindo. Ambiente antigo. Old Fashion.
Algures no suporte do candeeiro vislumbrou os fios de ligação. Velhos e descarnados. Dava até para ver o cobre dos fios. Como é que aquela coisa ainda trabalhava? Como é que aquilo não fazia curto-circuito? E se na hora da verdade ele tivesse uma ejaculação voadora?! Ó, que grande catano! E se o jacto ganhasse uma velocidade anormal e fosse atingir o candeeiro? Ser electrocutado numa hora daquelas! Mas que diabo de problema... e o candeeiro ali a olhar para ele... e ele a olhar para o candeeiro. As mãos bem fincadas naquele rabo profissional... e os olhos no tecto...
O quadro era surrealista. As telhas, o biombo, o cabide, as mãos afincadas no nalguedo da miúda, os gemidos... e o candeeiro. A excitação era demais. As toalhinhas brancas e certinhas a espreitar para ele. Os gemidos mais altos. O frenesim mais intenso. As galinhas a cacarejar em uníssono. O clímax tinha atingido o auge. Já não havia retorno.
Olá. Eu sou o gato da história do Jorge Costa. Adoro pregar partidas aos clientes da minha dona, a Dª MarquinhasMas... pois, o gato! De quem era o gato que apareceu no galinheiro e espantou as galinhas todas, que naquela aflição voaram para tudo quanto foi lugar?! Atrás do gato havia um cão. Galinhas no quarto a esvoaçar e, mais que de repente, a Dª Marquinhas, muito solícita, irrompe pelo quarto pedindo desculpa e que não se preocupassem nem ligassem que já tratava das galinhas.
Tudo se passou em não mais de 10 segundos...
... ele nu...
... a profissional, com ele entalado...
... as galinhas a esvoaçar...
... e a Dª Marquinhas a espantar os galináceos.
Sublime!
Perfeito!
Como era bom estar no campo!...

Jorge Costa

«silêncio das areias» - Susana Duarte

há ondas devassadas
pelo silêncio
das areias-

é onde as vertentes úmbrias
derrotam as névoas
e as mulheres
içam memórias

à altura dos seios
inanimados.

as ondas devassadas
falam de gaivotas
perdidas,

de vôos dispersos,
fendidos
pelas rochas,

salgada a procura, e
longínquas as asas.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook


Ex-voto 28


13 julho 2019

«Depois» - Fernando Gomes

Há muito que a sua vida se ressente da procrastinite crónica de que padece – depois pensa, depois vê, depois faz... Quando encontrou a alma gémea, tudo lhe soou perfeito até ouvir «depois ligo-te». Percebeu nesse momento que, depois, não haveria depois.

Fernando Gomes

Postalinho do Bico Nº 20

"Em Cuba, no Alentejo, por entre ruas e travessas encontramos “O bico”.
Tasca alentejana actualmente fechada mas com nome muito particular."
Luís Queimado


Estampes érotiques révolutionnaires

Livro de Jean-Jacques Pauvert editado em 1989 na colecção "Les plumes du temps" da editora Henry Veyrier, Paris, sobre as gravuras eróticas do período da revolução francesa.
Liberté, égalité, fraternité... et maintenant dans ma collection.


A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

A Pública São

O Podcast das «Histórias de Portugal de Saudade e Outras Coisas», do meu amigo Marco António, sobre a colecção de arte erótica A funda São, foi publicado ontem no jornal Público online.
Vai lá, vai!...




12 julho 2019

São Rosas e a sua cobra cuspideira


Rui Cavaleiro
Mestre Rabiscador

Sabes o que é "Barbicha"?

O DiciOrdinário ilusTarado explica:

Barbicha - bar para gays.

Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.


Tempos difíceis de perceber - Ruim

Estava aqui a acabar de lavar a loiça porque sou o patrão da pia cá de casa e dei comigo a pensar no seguinte: se um homem mudou de sexo recentemente e hoje em dia fala pelos cotovelos, é legítimo que festeje este dia como as restantes mulheres ou isso seria como festejar um campeonato nacional sem nunca ter saído do banco? E se "ela" for casada com um gajo que lhe levanta a luva, é mais um caso de violência doméstica cuja vítima é uma mulher ou são dois manos a resolver um estrilho em que um deles está de saia? E se essa pessoa ainda não tiver feito a operação, mudado o nome e etc, mas identifica-se como mulher lésbica, está junto com outra lésbica, começa uma discussão sobre qual das oito camisas de flanela aos quadrados devem usar para ir amanhã à Max Mat comprar duas folhas de lixa para dar um jeitinho a uma mesa Luis XV e ela (portanto, a que vai mudar de sexo) espetar uma solha na outra (a fonga!), é mais um caso de violência machista sobre uma mulher indefesa ou são duas galinhas à bulha?

Sabem o que é que eu acho? Acho que no tempo em que víamos a Heidi, o Pedro e o avô nos Alpes a comerem sossegados numa cabana, era tudo muito mais simples e fácil de perceber.

Ruim
no facebook