07 outubro 2012

A posta que ela está a olhar para ti

A felicidade é frágil. Essa é a sua única debilidade, o defeito que podemos apontar para a livrar da ameaça da perfeição. As coisas perfeitas são como equipa que ganha e a felicidade precisa ser mexida, cultivada, regada como uma flor no canteiro que é a beleza que podemos e devemos nutrir para que sobreviva, feliz.
A felicidade é um bem raro e precioso porque depende de factores externos, cruzamentos de caminhos, sorte nos destinos, mas também da capacidade intrínseca para alguém a sentir e sobretudo para conseguir preservá-la das permanentes agressões a que se vê submetida, em alguns casos apenas por existir e com isso incomodar quem não a consiga experimentar. E a felicidade é sensível, até a inveja ou o ciúme a beliscam porque uma felicidade a sério não consegue entender essas coisas, más vontades deliberadas ou mesmo as situações azaradas que a afastam do sítio onde gosta de estar, perceptível, omnipresente em cada sopro de vida de quem a possa albergar.
A felicidade precisa de se sentir defendida, reclamada a todo o tempo por quem com ela tenha trocado um olhar. É frágil, desprotegida perante tudo quanto acontece para a perturbar, mais a ignorância ou a distracção de quem nem a consegue distinguir por entre as cortinas de fumo do que mesmo sendo acessório atinge as pessoas como essencial.
A felicidade é possessiva e não gosta de ver a pessoa distraída com as outras, as emoções negativas que são proibidas numa felicidade como deve ser. Ela queria ser a única mas exige mesmo é ser a principal, a rainha plenipotenciária da atenção dos seus súbditos felizardos por inerência, quer que todos aceitem o seu cariz indispensável para uma existência como todos dizem querer, saudável e feliz.
É a própria felicidade quem o diz, quase o grita, quando por entre os medos de uma pessoa aflita, por entre a tristeza temporária, passageira, que tolera apenas por ser um bom termo de comparação consigo mesma, favorece o seu esplendor de fonte de sensações positivas e clareza de raciocínio no aproveitar do melhor que uma vida nos dá, afirma-se indispensável para as coisas correrem melhor.
A felicidade é generosa pela influência do amor na sua forma de estar. O amor gosta imenso de dar e a felicidade respeita essa vontade e até fica satisfeita com o resultado obtido pela sua intervenção, aquilo que recebe de volta quase não conta porque amar já quase basta para se ser completamente feliz.

E a pessoa acredita, por ser a própria felicidade quem o diz.