17 março 2024

«Do amanhecer» - António F. de Pina

Amanhece quando nos teus olhos claros
Esvoaçam pássaros pelos prados verdejantes.

Amanhece quando toco a brandura da tua boca
E os olhos se cerram incondicionalmente.

Amanhece quando o ciciar incandescente do sol
Te quer beijar os níveos quadris aquietados.

Amanhece quando cai uma folha fulgente e rubra
Do pensamento florido que há no geminar da alma.

Amanhece quando a dissonância é derrubada
Por um eco paralelo no vértice de uma palavra.

Espontaneamente tudo em mim amanhece
Quando te sinto presente e resplandecente
Nas sílabas doces que o beijo silencia. 

«Na tarde liquefeita dos teus olhos», 2023
© todos os direitos reservados

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia